Como já disse algumas vezes, eu gosto de
contar histórias e “causos”, mas sou péssimo para imaginar enredos. Por isso
minhas histórias são relatos do que vi, ouvi ou protagonizei. E este é mais um
caso do tipo.
Talvez os seis leitores mais ou menos
frequentes deste blog saibam que tenho andado muito cansado e mentalmente
esgotado por impossibilidade de ter um sono contínuo, reparador. Ao contrário, meu sono tem sido fatiado em períodos de três, duas e até uma hora.
Por isso, para relaxar, pensei em pedir ao ChatGPT para
escrever uma história mirabolante, sem pé nem cabeça. Mas o resultado foi um
desastre, pois era uma história bobinha falando de uma cidade no meio do deserto onde os pássaros tinham asas de prata e as
árvores cresciam de cabeça para baixo. Havia ainda chuvas de pirulitos, nuvens
de algodão doce, unicórnios malvados e todo tipo de idiotices mais adequadas a
uma história para crianças de seis anos.
Decepcionado e puto com o
resultado, resolvi escrever minha própria história com alguns dos personagens da
bobagem original. E aí fui desconstruindo algumas situações. Cidade no meio do
deserto é quase um clichê; por que não um deserto no meio da cidade?
O anel de edificações foi
uma consequência óbvia que me levou ao nome dado à cidade - “As-ovdeuolde” (ou “ass of the world”) e cu do mundo, seu apelido carinhoso. O nome
oficial do Mineirão é Estádio Magalhães Pinto, do Maracanã é Mario Filho, mas
alguém se lembra dos nomes oficiais?
E continuei inventando
idiotices trocadilhos de quinta série e quinta categoria, que é o tipo de humor
que mais gosto de ler e de tentar fazer. Mas eu precisava definir como tinha chegado
àquela cidade esquisita.
Foi aí que surgiu a
pregabalina, medicamento que minha mulher tomou para combater a dor intensa que
sentia. Mas começou a delirar tanto que, deitada na cama, ficava tentando pegar
alguma coisa no ar. Acreditando que estava falando com nosso filho mais novo,
perguntou-me onde estava o Zé (eu). Todos achamos graça dessas pirações, mas logo
abandonamos esse remédio com várias indicações, mas totalmente do capeta.
E foi delirando que visitei
aquela cidade alternativa. Precisando também de alguma coisa menos “insensata”
para fechar a história e sair da alucinação, resolvi transcrever um pequeno
trecho do Livro do Apocalipse, escrito por quem estava bêbado ou drogado, e finalizei com os versos da música Alucinação, do do Belchior. Por isso não há como criar outras histórias delirantes.
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