domingo, 17 de março de 2024

VIAGEM

 
Já vejo meus setenta e quatro anos se aproximando, prontos para substituir ou aniquilar os desgastantes setenta e três, vividos com dor, perplexidade e medo. Espero que a nova idade seja mais gentil comigo.
 
Mas não preciso dela para perceber que o tempo passou. E nem me iludo que ele volte apoiado em plásticas que não farei e em cabelos que não tingirei. Amores passados, amigos falecidos, oportunidades desprezadas, nada disso retornará. Não adianta nem é saudável sentir saudade do que passou.
 
Hoje eu me vejo como se estivesse dentro de um veículo em movimento, um avião, um carro, um metrô. O veículo se move, mas eu estou imóvel dentro dele. Não estático, mas parado, quieto. Ele se move, mas eu não. Para mim o tempo em que vivo é o que está dentro do veículo e o nome desse veículo é Presente.

4 comentários:

  1. Falou igual a meu avó, gente! Mas ele diz tbem que a idade chega para todos. Mas num é? Bju

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    1. Pois é, Rô, o tempo passa e não adianta tentar disfarçar. Conheço um sujeito que fazia mechas pretas em seu cabelo todo branco só para parecer grisalho. A isso ele dava o nome de "trevas", o contrário de "luzes". Obrigado pela visita.

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  2. Tô fuçando o blogson...comentarei em alguns textos e em outros, vou só ler. Mesmo já tendo baixado suas coletâneas. Como eu já disse, adoro fuçar coisas antigas em blogues. Acho que entrei na profissa errada, eu tinha que ser arqueólogo.

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    1. Creio que você realiza assim o sonho de todo blogueiro!

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