Você já parou para pensar qual foi a maior
conquista da humanidade? Talvez você diga “não”, por ter mais o que fazer, por
estar focado no trabalho ou no desenvolvimento pessoal, por ser avalista de um
cunhado desmiolado, por aí. Por ser aposentado “raiz”, daqueles que não fazem
porra nenhuma, eu dei-me ao luxo de pensar nesse assunto.
Para começar, tentei identificar as maiores
conquistas para depois decidir qual delas – na minha opinião! – seria a maior
de todas. E a lista que fiz foi esta: a conquista do fogo, a invenção da roda,
a domesticação de animais e a invenção da escrita. Só pesos pesados, concordam?
Entendo ser difícil determinar uma única
"maior conquista" da humanidade, mas eu não estou aqui para escrever
um tratado de antropologia ou coisa semelhante. Meu negócio é só exercitar o
cérebro e – com muita sorte – divertir as cinco ou seis pessoas que acessam
este blog. Vamos lá.
A conquista do fogo pode ter sido crucial
para a evolução do sapiens, ao permitir o cozimento de raízes e alimentos de
difícil digestão. Permitiu também uma maior proteção contra predadores, aqueceu
e iluminou as cavernas utilizadas pelos primeiros humanos. Mas fico pensando
que mesmo sendo uma conquista fundamental, foi mais fruto do acaso, foi mais um
insight que um processo refletido, pensado, criado. Até hoje nossos primos
primatas não utilizam o fogo e estão muito bem, obrigado.
A domesticação de animais colocou o filé à
parmegiana ao alcance da mão e facilitou o transporte de cargas mais pesadas
que os escravos conseguiam suportar, além de agilizar o contato de um ponto a
outro. Se o Pheiddipedes tivesse um cavalo ele não precisaria correr 42,195 quilômetros
nem ter caído duro depois de correr a mesma distância de volta entre Esparta e
Atenas. Claro, nem teria inspirado a criação da prova mais longa do atletismo
moderno.
Mesmo que a invenção da roda tenha revolucionado
o transporte e permitido a construção de veículos cada vez mais sofisticados e
especializados, nunca é demais lembrar que os povos andinos não utilizavam a
roda a não ser quando escorregavam e desciam rolando por aquelas pirambeiras.
E chegamos à invenção da escrita pelos
sumérios, um povo que criou há 6.000 anos a mais antiga das civilizações, uma
civilização que além da escrita cuneiforme, desenvolveu métodos eficientes de
irrigação, de construção e sistemas numéricos e de medição. A divisão da hora em
sessenta minutos e do minuto em sessenta segundos veio de lá.
Mas o que realmente me encanta e fascina é a
invenção da escrita, por ser um “luxo” teoricamente dispensável. Para mim, o
criador desse “luxo” de 6.000 anos está seguramente entre os
maiores inventores da história da humanidade, pois a escrita não é um produto
de primeira necessidade (como atestam as redes sociais de hoje). É uma invenção
sofisticada que deve ter merecido muita dedicação e inteligência para ser
imaginada e desenvolvida. Quem a desenvolveu elevou-se acima da vulgar
realidade cotidiana para criar uma forma de registrar genealogias, operações
comerciais, preces e lendas.
E é para esse gênio do passado que
eu – que escrevo cada vez pior, que cada vez mais agrido a gramática, esqueço
palavras e atropelo a concordância – que eu respeitosa e carinhosamente rendo
minha homenagem por ter sido o primeiro (outros, em outras línguas fizeram depois o mesmo) a criar a maior conquista da humanidade.
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