quarta-feira, 31 de agosto de 2022

VITRAIS, JANELAS E ESCOTILHAS

Como sabem os amigos e amigas virtuais deste blog, sou um idoso que se diverte falando idiotices e fazendo trocadilhos infames e piadas de quinta série. Ou melhor, fazia, pois hoje mais pareço um bagaço de cana (inclusive fisicamente) passado e repassado na moenda e de onde não sai mais nenhuma gota de garapa, de caldo de cana.
 
Talvez por isso, por não estar mais imaginando besteiras “engraçadinhas”, fico propenso a dizer besteiras sisudas, como se fossem reflexões e lições de vida de um sábio monge tibetano. Tenho feito isso tantas vezes que todo mundo que acessa o blog já deve estar de saco cheio dessas lamúrias (esse “todo mundo” representa uns três acessos por post). Mas hoje pensei em uma imagem simpática que quis compartilhar com os leitores desta bagaceira.
 
Meu ídolo George Harrison morreu em 2001. O também ídolo Richie Havens em 2013; o velho e bom Joe Cocker em 2014; B. B. King em 2015 e em 2021 foi a vez de Charlie Watts, baterista dos Stones. Sem falar em Janis Joplin e Jimi Hendrix, falecidos em 1970 e John Lennon, assassinado em 1980. Mas há outros, muitos outros artistas e músicos já falecidos, não tão importantes para mim, mas também intérpretes de músicas que fazem parte da trilha sonora da minha vida.
 
O que têm em comum esses astros do rock e do blues além do fato de serem meus ídolos? Este é o pensamento que me ocorreu hoje: os artistas e as músicas que fizeram minha cabeça ao longo dos anos são como escotilhas ou vitrais por onde espreito uma parte de mim e do que já fui; são como janelas por onde eu me conecto sentimentalmente com minha juventude, com algum momento vivido, com algum período da minha vida.

E cada vez que um desses músicos morre (porque a maioria tem a minha idade ou é ainda mais velho) sua janela ou escotilha se fecha ou embaça e eu não posso mais usá-la como antes para espreitar uma parte de meu passado nem voltar a sentir as emoções ligadas à sua música. E assim meu campo de “visão” vai diminuindo, diminuindo também os links e as “sinapses” entre as diferentes épocas.
 
Pode ser um pensamento melancólico, mas não me senti nem mais triste nem deprimido. Na verdade, gostei demais dessa ideia. 
 

 

7 comentários:

  1. Uma pergunta que não tem nada a ver com a postagem. Como andam as estatísticas do blogson? As do Marreta, faz dois dias, travaram. Mesmo que eu entre no blog por outros computadores ou tablets, mesmo que eu comente e meus comentários apareçam para eu autorizar, as estatísticas não saem do lugar, nem o número total nem o individual de cada postagem.
    Será mais uma censura do Google?

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    1. Boa pergunta! tenho me sentido um lixo digital, um mimeógrafo, uma máquina de escrever, tão estranhas têm sido as visualizações das postagens. Na semana passada e início desta parece ter havido uma invasão de robôs, pois as visualizações diárias chegaram a mais de 400, número irreal para a insignificância do Blogson. Além do mais, essa quantidade absurda não se refletiu em nenhum post isoladamente. Pelo contrário! Os posts mais recentes estão registrando duas, três visualizações apenas, fazendo-me pensar que o velho Blogson não tem mais nenhum atrativo para ninguém. Em dias "bons" a quantidade de visualiz. ficava entre 20 e 30 no geral. 400, só com os robozinhos do Google. E agora você vem me perguntar sobre as estatísticas do blog! Sei lá, mas, no meu caso, duvido que esteja rolando censura (só se fosse pela minha postura antibolsonarista).

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    2. até agora (19h26min) este post registrou apenas UMA visualização (que deve ser a sua). El foi publicado às 13h21. Em seis horas, apenas uma visualização.

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  2. São textos espirituosos assim que reforçam a minha indicação ao senhor, leia esse livro do Joel Silveira, há anos bato nessa tecla, a identificação será imediata:
    https://www.amazon.com.br/Guerrilha-Noturna-Joel-Silveira/dp/8501042129

    Fora outros dele que tem na própria Amazon, dê esse presente a si e me diga depois como foi:
    https://www.amazon.com.br/s?k=joel+silveira&crid=3OVKD46D6U8EI&sprefix=Joel+Sil%2Caps%2C252&ref=nb_sb_ss_ts-doa-p_1_8

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    1. "Xacomigo"! Vou conferir. Obrigado pela dica.

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    2. Confira mesmo, Jotabê, vai lhe dar uma dose boa de adrenalina, sobre as visualizações, vou caçar alguns textos seus que casam bem lá no blog, em geral algumas crônicas suas, para republicar e linkar o seu blog, para chegar em mais pessoas, é um trabalho que merece ser lido, queria eu manter uma constância na escrita como o senhor consegue.

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    3. Meu caro Ozy , agradeço as palavras amigas, mas não precisa fazer esse esforço. Como diz o ditado popular, "não se gasta vela boa com defunto ruim". Abraços.

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FOLHA DE PAPEL

  De repente, sem aviso nenhum, nenhum indício, nenhum sinal, você se sente prensado, achatado, bidimensional como uma folha de papel. E aí....