Hoje, pela manhã, bem cedo, ao ir à padaria, o rapaz do caixa disse que o Jô Soares tinha acabado de morrer. Fiquei triste, sinceramente triste com a notícia, como imagino que muitos brasileiros ficarão. Para mim, ele e o Chico Anísio fazem parte da "santíssima trindade" do melhor, mais inteligente e refinado humor já exibido na televisão.
Não sou antropólogo, sociólogo nem psicólogo.
Parafraseando Eça de Queiroz e Pedro Nava, sou apenas um pobre homem da área de
Exatas. Mesmo assim, permito-me expor o meu credo, dizer o que penso do humor, no que acredito. Ao contrário do maravilhoso personagem "Alvarenga" interpretado pelo Jô, que dizia "Eu acreditei!" para demonstrar seu desalento e decepção com as várias promessas não cumpridas e os vários desmentidos das autoridades da época, eu sempre acreditei e continuarei a acreditar no humor como a melhor forma de apontar a nudez do rei, os modismos idiotas, os costumes ultrapassados, as mazelas, os desmandos, os desvarios e as mentiras de quem está no poder. Por isso, pelo menos para mim não existe humor a favor.
Para mim, o humor é uma prova inequívoca da
inteligência de quem o cria ou consome. Não o humor lastreado apenas em
palavrões e palavras chulas. O humor que admiro é crítico, aquele que deforma e
faz releituras inesperadas do cotidiano, do que se considera normal e,
principalmente, do que as autoridades de plantão querem que seja normal.
Esse humor seria a versão falada ou escrita
de uma Casa de Espelhos de parque de diversões. Justamente por isso pode
desagradar ou escandalizar os moralistas, os caretas, os carolas, os radicais e
autoritários (especialmente as “autoridades”).
Eu sempre admirei e
venerei os grandes nomes desse humor refinado, sarcástico e cheio de non sense – dentre eles, Charles Chaplin, Mel Brooks, Monty Python, Chico Anísio e Jô Soares. Está claro
que nem sempre “agiram” sozinhos, pois tiveram redatores tão ou mais geniais
que eles. No Brasil, Arnaud Rodrigues e Max Nunes estiveram por trás de alguns
dos personagens mais brilhantes e engraçados da TV, criados pelo Chico e pelo Jô.
Este texto é minha homenagem e agradecimento a Jô Soares e à sua galeria de personagens geniais e a seu humor sempre refinado e inteligente.
Tomei um choque lendo isso aqui, querendo acreditar que fosse só uma piada. Já anunciaram tantas vezes que o Jô morreu, que eu achei que era mais uma dessas. Gostava muito do Jô, vou tentar escrever algo.
ResponderExcluirManda ver!
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