Minha mulher tem um parente tranquilo, casado, bem resolvido financeiramente e que gosta de escrever mensagens longas no Facebook. A mais recente faz alusão às próximas eleições para presidente. Por ser tranquilo e moderado, nunca declarou explicitamente com qual dos dois principais candidatos se identifica, embora eu desconfie quem será merecedor do seu voto.
“Não importa qual é o candidato de sua preferência, não estou aqui para discutir e muito menos doutrinar”.
“A imprensa mais nos confunde do que elucida, na internet os veículos viraram torcida”.
“Tanta
mentira, tanto Photoshop, tanta edição, que a ética foi pro polo norte e só
volta depois do segundo turno. E não há lado melhor que o outro, todos jogam
sujo”.
“Um supremo que excede em seu poder e lamentavelmente não é bússola de mais nada”.
“Estamos precisando de alguém, enquanto não temos o futuro líder, que será eleito com gosto, pois de desgosto já estamos cheios”.
Depois de ler essas frases serenas e
sensatas, resolvi enfiar o pé na jaca e saiu isto:
O escritor e historiador Capistrano de Abreu
defendia uma reforma na Constituição, que teria apenas dois artigos:
Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Artigo 2º – Revoguem-se as disposições em contrário.
Já Rui Barbosa, o “Cabeção de Haia”, escreveu este manjado e primoroso texto: “De tanto ver triunfar as nulidades, de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Impossível
contestar.
Por isso, precisamos ter esperança, até mesmo
para não nos desesperarmos pelo futuro que nossos filhos e netos enfrentarão.
Mas, no momento atual, só posso dizer como os italianos: “Siamo tutti fotuti”. Abração.
“Um supremo que excede em seu poder e lamentavelmente não é bússola de mais nada”.
“Estamos precisando de alguém, enquanto não temos o futuro líder, que será eleito com gosto, pois de desgosto já estamos cheios”.
Prezado amigo “Afonsinho” (lembrou uma música
do Gilberto Gil),
A “imprensa”, nenhuma imprensa, nunca foi, é ou será totalmente isenta, pois sua linha editorial sempre refletirá a visão de quem a escolheu e definiu. Para ser isenta ela precisaria ser apenas um relatório, uma lista, um check list de fatos e datas. Mesmo assim, os fatos poderiam ser ordenados de acordo com a preferência de quem os publica. Se você retroagir um pouco no tempo verá que o magnata das comunicações Assis Chateaubriand (33 jornais, 18 revistas, 24 emissoras de rádio, 18 emissoras de televisão e 2 agências de notícias e publicidade) publicava e autorizava a publicação em seus jornais apenas o que ele aprovasse. Um dia chamou um de seus excelentes profissionais e deu aquela “escamada”: “Se quiser ter opinião, monta um jornal só para você; na minha revista você defende a minha opinião”.
Quanto aos ministros do STF ou de qualquer
outro tribunal sua “isenção” só será melhorada (mas nunca totalmente alcançada, pois são humanos) no dia em
que o presidente da república não puder mais indicá-los, no dia em que os novos
magistrados sejam escolhidos apenas pelo voto de seus pares, sem sabatina no
Congresso, sem QI.A “imprensa”, nenhuma imprensa, nunca foi, é ou será totalmente isenta, pois sua linha editorial sempre refletirá a visão de quem a escolheu e definiu. Para ser isenta ela precisaria ser apenas um relatório, uma lista, um check list de fatos e datas. Mesmo assim, os fatos poderiam ser ordenados de acordo com a preferência de quem os publica. Se você retroagir um pouco no tempo verá que o magnata das comunicações Assis Chateaubriand (33 jornais, 18 revistas, 24 emissoras de rádio, 18 emissoras de televisão e 2 agências de notícias e publicidade) publicava e autorizava a publicação em seus jornais apenas o que ele aprovasse. Um dia chamou um de seus excelentes profissionais e deu aquela “escamada”: “Se quiser ter opinião, monta um jornal só para você; na minha revista você defende a minha opinião”.
Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Artigo 2º – Revoguem-se as disposições em contrário.
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