Promessa feita, promessa paga. Como sabem algumas pessoas, estou relendo um livro de crônicas do meu ídolo máximo Rubem Braga. Muitas delas viraram posts do Blogson pelo puro encantamento que provocaram em mim. Hoje, continuando com a releitura, descobri um trecho que se encaixou como peça de Lego no que penso há muito tempo.
Quando amigos ou amores
se separam, jamais conseguirão continuar como já foram um com o outro; não
fazem mais parte do mesmo tronco, cresceram como galhos de uma mesma árvore, cada um apontando para sua própria direção.
Esse é o motivo por jamais ter tido vontade
de participar de encontros de ex-colegas de faculdade. Para mim, além de lembranças de sacanagens e micos antigos, são encontros transformados
apenas em desfiles de egos e exibição de prosperidade e sucesso profissional ou contabilidade dos que já morreram. E
o Rubem Braga fala disso com muito mais elegância e sensibilidade. Por isso resolvi transformar
em post apenas o trecho com que me identifiquei.
“Antigamente
era fácil pensar que a vida era algo de muito móvel, e oferecia uma perspectiva
infinita e nos sentíamos contentes achando que um belo dia estaríamos todos
reunidos em volta de uma farta mesa e nos abraçaríamos e muitos se poriam a
cantar e a beber e então tudo seria bom. Agora começamos a aprender o que há de
irremissível nas separações.
Agora
sabemos que jamais voltaremos a estar juntos; pois quando estivermos juntos
perceberemos que já somos outros e estamos separados pelo tempo perdido na
distância. Cada um de nós terá incorporado a si mesmo o tempo da ausência.
Poderemos falar, falar, para nos correspondermos por cima dessa muralha dupla;
mas não estaremos juntos; seremos duas outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas;
talvez nem isso”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário