Há uma frase que já vi utilizada algumas vezes e é muito boa para refletir sobre a vida que se leva (ou que se levou): Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao caminhar”.
Lembrando-me dela, resolvi descobrir quem seria seu autor e descobri
tratar-se de Antonio Machado, poeta espanhol nascido em 1875 e tratado na intimidade por Antonio
Cipriano José María y Francisco de Santa Ana Machado Ruiz. Descobri
também que a frase famosa é um verso de um poema. Aí resolvi publicar a
tradução desses versos feita por Maria Teresa Pina.
Tentei encontrar o texto original tal como
foi escrito pelo poeta, mas não tenho certeza do tamanho dos versos ou se foram
assim dispostos originalmente. Em todo caso, se alguém não gostar, vá reclamar
com o bispo. Olhaí:
Tudo passa e tudo fica,
Porém o nosso é passar,
Passar fazendo caminhos,
Caminhos sobre o mar.
Nunca persegui a glória,
nem deixar na memória
dos homens minha canção.
Eu amo os mundos sutis
Leves e gentis
Como bolhas de sabão.
Gosto de vê-los pintar-se de sol e
grená
Voar debaixo do céu azul,
Tremer subitamente e quebrar-se
Nunca persegui a glória.
Caminhante, são tuas pegadas o caminho
e nada mais;
Caminhante, não há caminho, faz-se
caminho ao andar
Ao andar faz-se caminho,
E ao voltar a vista atrás,
vê-se a senda que nunca
se voltará a pisar.
Caminhantes não há caminho, simplesmente
marcas no mar
Faz algum tempo neste lugar
Onde hoje os bosques se vestem de
espinhos
Se ouviu a voz de um poeta a gritar
Caminhante não há caminho, faz-se
caminho ao andar
Golpe a golpe, verso a verso...
Morreu o poeta longe do lar
Cobre-lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar-se lhe viram chorar
“Caminhante não há caminho, faz-se
caminho ao andar
Golpe a golpe, verso a verso...
Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
Caminhante não há caminho, faz-se
caminho ao andar
Golpe a golpe, verso a verso.
Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar
Pasar haciendo caminos
Caminos sobre la mar
Nunca perseguí la
gloria
Ni dejar en la memoria
De los hombres mi canción
Yo amo los mundos sutiles
Ingrávidos y gentiles
Como pompas de jabón
Me gusta verlos pintarse de sol y grana
Volar bajo el cielo azul
Temblar súbitamente y quebrarse
Nunca perseguí la gloria
Caminante, son tus huellas el camino y
nada más
Caminante, no hay camino, se hace
camino al andar
Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino sino estelas en
la mar
Hace algún tiempo en ese lugar
Donde hoy los bosques se visten de
espinos
Se oyó la voz de un poeta gritar
Caminante no hay camino, se hace camino
al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Murió el poeta lejos del hogar
Le cubre el polvo de un país vecino
Al alejarse, le vieron llorar
“Caminante, no hay camino, se hace
camino al andar”
Golpe a golpe, verso a verso
Cuando el jilguero no puede cantar
Cuando el poeta es un peregrino
Cuando de nada nos sirve rezar
Caminante, no hay camino, se hace
camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
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