Em 1973 a hoje esquecida cantora Márcia gravou e
lançou a música “Viagem”, com uma letra linda, meio onírica, escrita por Paulo
Cesar Pinheiro. Essa música fez um puta sucesso, muita gente gravou e é boa
para tocar (mal) no violão (toquei muito). Pois bem, lembrei-me dela depois de
ter publicado um texto no blog que teve "imensa" aceitação (UMA visualização).
Vou mentir dizendo que fiquei alegre com isso? Claro que não! (eu passo recibo). O desejo de quem escreve alguma bobagem, compõe uma melodia ou pinta um quadro é ser visto, lido, examinado, curtido ou condenado e até execrado ou cuspido. O que vale é a reação, qualquer que seja ela, pois o silêncio é sempre mortal.
Por isso, excluí o post, reescrevi, revisei e resolvi republicar. Foi aí que eu me lembrei da música. Nem preciso dizer que comparar um "textículo" de merda escrito por mim com os versos de um dos grandes letristas da MPB é a coisa mais grotesca que eu poderia desejar. E não desejo, pois perder de sete a um só a seleção brasileira de futebol pode. A música é linda, a letra é linda e trata também de uma viagem. Só que enquanto a letra do Paulo Cesar Pinheiro é uma autobahn alemã, meu texto é uma trilhazinha perdida no meio do cerrado. Lê aí.
Eu sei que muitos gostam de comparar a vida de cada pessoa como se fosse uma viagem ou caminho a ser percorrido pela Terra, um pensamento que permite a construção de várias imagens e cenários; tipos de pavimento, de traçado, largura, relevo e regiões atravessadas são parâmetros que merecem ser utilizados. Pensando nisso, resolvi descrever minha jornada pelo planeta, tal como a vejo agora. Apertem os cintos e boa viagem!
Minha infância foi como um caminhar por uma estrada escura e amedrontadora construída dentro de uma floresta sombria, assustadora. O cenário mudou ao atingir a adolescência: minha estrada atravessava um deserto árido e sem fim, sem nenhuma companheira ou namorada para amenizar ou curar a solidão. Dos vinte aos trinta anos me vi andando em uma rua estreita e calçada com paralelepípedos irregulares e mal assentados.
Dos quarenta aos cinquenta fui forçado a andar por uma estradinha de terra poeirenta, irregular e cheia de buracos, que me deixava aprensivo, amedrontado por não saber o que encontraria pela frente. Entre os cinquenta e os sessenta anos precisei seguir por um caminho cada vez mais íngreme e com precipícios ameaçadores nas laterais. Hoje, apesar das limitações que tenho para caminhar, vejo-me descendo, escorregando por uma ladeira de forma cada vez mais acelerada e sem controle.
Se você notou que eu não falei da fase dos trinta aos quarenta anos, parabéns, sinal de ter prestado atenção ao que leu. A fase dos trinta ao quarenta anos foi como percorrer uma avenida plana, limpa, asfaltada e bem arborizada. Foi a melhor fase da minha vida. Mas isso foi há muito tempo!
Como disse o poeta espanhol Antonio Machado Ruiz, "Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar".
Imagino que os eventuais e jovens leitores do Blogson talvez não conheçam a música de que falei. Por isso, escolhi a gravação do Emílio Santiago por já trazer a letra e por ser ele uma das vozes mais fantásticas que o Brasil já teve. Escuta aí.
Vou mentir dizendo que fiquei alegre com isso? Claro que não! (eu passo recibo). O desejo de quem escreve alguma bobagem, compõe uma melodia ou pinta um quadro é ser visto, lido, examinado, curtido ou condenado e até execrado ou cuspido. O que vale é a reação, qualquer que seja ela, pois o silêncio é sempre mortal.
Por isso, excluí o post, reescrevi, revisei e resolvi republicar. Foi aí que eu me lembrei da música. Nem preciso dizer que comparar um "textículo" de merda escrito por mim com os versos de um dos grandes letristas da MPB é a coisa mais grotesca que eu poderia desejar. E não desejo, pois perder de sete a um só a seleção brasileira de futebol pode. A música é linda, a letra é linda e trata também de uma viagem. Só que enquanto a letra do Paulo Cesar Pinheiro é uma autobahn alemã, meu texto é uma trilhazinha perdida no meio do cerrado. Lê aí.
Eu sei que muitos gostam de comparar a vida de cada pessoa como se fosse uma viagem ou caminho a ser percorrido pela Terra, um pensamento que permite a construção de várias imagens e cenários; tipos de pavimento, de traçado, largura, relevo e regiões atravessadas são parâmetros que merecem ser utilizados. Pensando nisso, resolvi descrever minha jornada pelo planeta, tal como a vejo agora. Apertem os cintos e boa viagem!
Minha infância foi como um caminhar por uma estrada escura e amedrontadora construída dentro de uma floresta sombria, assustadora. O cenário mudou ao atingir a adolescência: minha estrada atravessava um deserto árido e sem fim, sem nenhuma companheira ou namorada para amenizar ou curar a solidão. Dos vinte aos trinta anos me vi andando em uma rua estreita e calçada com paralelepípedos irregulares e mal assentados.
Dos quarenta aos cinquenta fui forçado a andar por uma estradinha de terra poeirenta, irregular e cheia de buracos, que me deixava aprensivo, amedrontado por não saber o que encontraria pela frente. Entre os cinquenta e os sessenta anos precisei seguir por um caminho cada vez mais íngreme e com precipícios ameaçadores nas laterais. Hoje, apesar das limitações que tenho para caminhar, vejo-me descendo, escorregando por uma ladeira de forma cada vez mais acelerada e sem controle.
Se você notou que eu não falei da fase dos trinta aos quarenta anos, parabéns, sinal de ter prestado atenção ao que leu. A fase dos trinta ao quarenta anos foi como percorrer uma avenida plana, limpa, asfaltada e bem arborizada. Foi a melhor fase da minha vida. Mas isso foi há muito tempo!
Como disse o poeta espanhol Antonio Machado Ruiz, "Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar".
Imagino que os eventuais e jovens leitores do Blogson talvez não conheçam a música de que falei. Por isso, escolhi a gravação do Emílio Santiago por já trazer a letra e por ser ele uma das vozes mais fantásticas que o Brasil já teve. Escuta aí.
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