quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O MEDO EM SEUS DOMÍNIOS

 
Tive tanto medo ao longo da minha vida,
Um medo tão constante, onipresente, insano
Que achava normal ele estar sempre ali
A me cercar, submergir como a uma ilha o oceano.
 
Um medo invisível, do infinito matéria escura,
Impalpável, mas denso, angustiante
Buraco negro a me atrair, a me sugar e destruir
Doentio, epidêmico, virótico, mutante
 
Adaptado e adaptável a todo e a cada instante
A cada fase, a cada etapa da minha vida
A me deixar convulsionado
Colado em mim, taser gun paralizante
 
Peur, paura, miedo, fear, todas as formas
Em todas as línguas, a todo momento
Da infância à velhice, um universo
De permanente, torturante sofrimento.

publicação original: 02/02/2021


14 comentários:

  1. E eu estou acordada a essa hora justamente por sentir tanto dele também.
    Ótimo texto, Jotabê.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado! Mas eu te digo que o pior medo não é o que te faz cometer desatinos, mas o que te congela ao ponto de impedir que você deixe de fazer o que deseja.

      Excluir
    2. E é esse tipo que foi predominante em minha vida.

      Excluir
    3. Na minha também. Eu te entendo completamente.
      Sofro com o medo e por antecedência - em pensar sobre as consequências do que pode acontecer se eu enfrentar o meu medo ou se continuar vivendo com ele. E as duas opções, geralmente, me causam medo. É um looping!!!!

      Excluir
    4. @Jotabê
      Isso mesmo. E o pior é que às vezes eu não assumo que é medo e acho que foi decisão própria.

      @Maju
      Tem momentos que eu idealizo um problema, tento resolvê-lo e fico ansioso com isso. Detalhe. Tudo por antecipação também. A coisa nem aconteceu ou pode nem acontecer. Vai entender. :)

      Excluir
  2. Muito bom. O medo parece se adaptar a gente mesmo. Quase que se moldando para se manter ali, presente e ativo. E não falo do medo biológico. Aquele que a gente sente e reage por instinto. Eu falo do mesmo medo (imagino) que seu texto expõe. O medo que vive dentro de nós.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na mosca, meu caro Giovani. Como dizem por aí, tamo junto!

      Excluir
    2. Também gostei da comparação, um medo meio que simbionte.

      Excluir
    3. Lá vem você com palavras "erúditas"! Mas, falando sério, o meu Medo sempre foi tão denso, tão intenso, tão palpável, que quase poderia mesmo ser considerado um organismo em simbiose comigo mesmo. E este texto talvez esteja entre os dez melhores textos que já escrevi.

      Excluir
    4. Concordo com sua modesta opinião : ele é mesmo top 10.
      Ah, e também trago aqui o meu simbionte.

      Excluir
    5. Como diria o Tiririca, siamo tutti fottuti

      Excluir
  3. Talvez seja a poesia que mais gostei de ter lido aqui no blog. Irretocável.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quanta honra! Elogio vindo de um mestre na arte de transformar emoções em versos é realmente muito bom. Aproveitando a oportunidade, o que às vezes acontece com seu blog? Tento comentar alguma coisa, mas não aparece o "publicar" ou equivalente.

      Excluir
    2. Tem um erro na conexão com o Disqus que estou tentando resolver, mas não consegui ainda. Quando for assim, aperta para atualizar/recarregar a página, aí voltará ao normal (espero).

      E isso de contra-elogio é proibido! Vai que eu aceito..

      Excluir

ESTRELA, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...