sexta-feira, 25 de outubro de 2019

"UM TEXTO TÃO BOM"...


Comecei hoje a rascunhar algumas ideias sobre a meritocracia, mas achei um texto tão bom sobre isso que resolvi transcrevê-lo. Mas duas coisas precisam ser ditas: não abandonei a ideia de revisitar o tema “meritocracia”. Em segundo lugar, o texto que achei “tão bom” é de minha autoria, tendo sido publicado em 28 de setembro de 2014, lá no início do blog. E não se trata de falta de assunto, falta de caráter (talvez só um pouquinho) ou picaretagem (idem), pois iria (irei) citá-lo no próximo post. Sua republicação poupa o tempo que gastaria em explicações futuras. Dito isso, bora lá com a republicação do texto cujo título original é CITIUS, ALTIUS, FORTIUS.


Antes de começar a divagar, preciso deixar bem claro que sou contra qualquer tipo de segregação ou exclusão. Eu desejo exatamente o contrário! Meu sonho e desejo é que as crianças e os jovens brasileiros tenham acesso a um ensino de qualidade, a uma educação de morador de Cingapura. Meu sonho é que toda a população tenha acesso a uma saúde de sueco, que não tenha que ficar deitado em macas deixadas nos corredores de hospitais e unidades de saúde. Esse é o meu sonho. Mas, fora disso, é cada um por si, de acordo com suas próprias ambições, limitações, inteligência e capacidade. Paternalismo estatal, nem pensar.

Repetindo o que já disse antes em outro post (perdoem-me pela auto-citação), “Somos pessoas singulares, não somos iguais (embora devamos ter oportunidades básicas iguais). (...) É lógico que devemos tentar corrigir as injustiças, mas devemos sempre nos lembrar de que os resultados não serão iguais para pessoas que são diferentes entre si". Dito isso, vamos ao assunto deste post.

Sou um ignorante, um caipira. Eu ignoro tantas coisas, tantos assuntos, que me atrevo a dizer que sou um ignorante completo, pleno, uma verdadeira toupeira. Apesar disso, tenho a mania de dar palpite em tudo, com especial ênfase nos assuntos de que não entendo porra nenhuma. Por isso, hoje eu vou fazer uma viagem que irritará todos os tipos de cristãos, os ateus e, principalmente simpatizantes do socialismo e/ ou comunismo. Se este blog fosse conhecido, eu receberia um caminhão de críticas e xingamentos. Como – desde sua criação – recebeu pouco mais de mil acessos, é provável que ninguém chie. Vamos lá.

Alguém já parou para pensar que Jesus provavelmente desaprovaria o socialismo? (relaxe, não atire a primeira pedra!) Basta reler algumas de suas belíssimas parábolas. Para exemplificar o que acabei de dizer, transcrevo a “Parábola dos talentos” (Mateus 25: 14-30):

Pois é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos, foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só, foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor. Chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo: Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes”.

Que eu posso dizer? Meritocracia pura, para Jorge Lehmann nenhum botar defeito (sou fã desse cara!). Afinal, Jesus conhecia a humanidade e sabia que as pessoas são singulares, não são iguais, razão pela qual não devem ser tratadas de forma igual (“a cada qual segundo a sua capacidade”). Mesmo que a esquerda insista em não aceitar essa verdade e reaja com "choro e ranger de dentes", para dizer o mínimo.

Em entrevista à revista Veja, o poeta Ferreira Gullar disse isso: “O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível.
A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento”.

Que posso eu fazer senão concordar com essa afirmação, feita por um ex-militante do PCB? Alguém já disse que a resistência de uma corrente é determinada pelo elo mais fraco. Corretíssimo. Por isso, não dá para acorrentar toda uma sociedade à crença de uma igualdade que não existe nem na natureza.

Quando eu vejo partidos políticos e pessoas defendendo o socialismo, a “social democracia”, é fácil eu me lembrar de minha infância pobre. Mas não me identifico de forma nenhuma com essas ideias. Desde que nasci, mesmo trabalhando a vida toda como assalariado, sempre fui a favor da democracia, da democracia capitalista. Mas abomino o “capitalismo selvagem”. Para mim, as conquistas pessoais devem ser coerentes com a capacidade, jamais com a rapacidade (boa essa!). 

Continuando nessa linha, que tal lembrar os Jogos Olímpicos? Quer coisa mais “meritocrática”? Com aquele papo de “citius, altius, fortius”, só “os” fodões ganham medalha. A prova de 100 metros rasos para homens é a mais badalada de todas as disputas; devem participar mais de cinquenta atletas de altíssimo nível. O que significa isso? Que todos tiveram a mesma oportunidade, o mesmo ponto de partida (a participação na prova), mas os resultados foram alcançados de acordo com a competência individual. O mesmo acontece nos concursos públicos, em entrevistas de empregos, em desempenho escolar. As pessoas não são iguais, os filhos de um mesmo casal não são iguais; nem os gêmeos univitelinos têm comportamentos iguais.

Finalizando esse lero-lero, só mais um comentário: para um não ateu, Deus está na origem da Natureza (relaxe, continue a ler!). Como sou darwinista, acredito piamente na evolução das espécies e, lógico na evolução da espécie humana. Acontece que essa evolução aconteceu pela seleção natural, processo onde os melhor adaptados, os mais fortes, os mais inteligentes tiveram êxito em deixar descendentes igualmente aptos. E assim, sucessivamente. Por um motivo ou por outro, até as espécies menos adaptadas ou incapazes de se adaptar rapidamente, dançaram, foram extintas (caso dos Neandertais, por exemplo).

Então, na Natureza, pode-se dizer que cada um recebe de acordo com sua capacidade, não tem essa de “irmãozinho”, de "companheiro", não existe igualdade boazinha. Pelo contrário, o pau come o tempo todo. Assim, se Deus está na origem da Natureza e se na Natureza o que rola é a seleção natural e o sucesso do mais capacitado, então Deus não é a favor do socialismo nem do comunismo (bom sofisma esse!), ainda que o Leonardo Boff bufe.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...