domingo, 6 de outubro de 2019

A ARTE DA POESIA: ENSAIOS ESCOLHIDOS - EZRA POUND


Estava buscando algum poema de algum grande poeta para publicar aqui no Blogson (eu gosto de poesia, embora seja um boçal nato nesse quesito, pois sou um bronco, um ignorantão no assunto), quando esbarrei na poesia de Ezra Pound publicada no site "Revista Prosa Verso E Arte". Fiquei meio cabreiro de encarar poemas longos e cheios de referências desconhecidas. Mas encontrei um texto altamente instrutivo (para mim, é claro) sobre a arte da poesia, na verdade um excerto do livro “A ARTE DA POESIA”. Não poderia deixar de divulgá-lo aqui no velho Blogson. A parte sublinhada (por mim) foi um soco na minha cara! Olhaí.


Não use palavras supérfluas, nem adjetivos que nada revelam. Não use expressões como dim lands of peace (brumosas terras de paz). Isso obscurece a imagem. Mistura o abstrato com o concreto. Provém do fato de não compreender o escritor que o objeto natural constitui sempre o símbolo adequado.

Receie as abstrações. Não reproduza em versos medíocres o que já foi dito em boa prosa. Não imagine que uma pessoa inteligente se deixará iludir se você tentar esquivar-se aos obstáculos da indescritivelmente difícil arte da boa prosa subdividindo sua composição em linhas mais ou menos longas. O que cansa os entendidos de hoje cansará o público de amanhã.

Não imagine que a arte poética seja mais simples que a arte da música, ou que você poderá satisfazer aos entendidos antes de haver consagrado à arte do verso uma soma de esforços pelo menos equivalente aos dedicados à arte da música por um professor comum de piano.

Deixe-se influenciar pelo maior número possível de grandes artistas, mas tenha a honestidade de reconhecer sua dívida, ou de procurar disfarçá-la.

Não permita que a palavra influência signifique apenas que você imita um vocabulário decorativo, peculiar a um ou dois poetas que por acaso admire. Um correspondente de guerra turco foi surpreendido há pouco se referindo tolamente em suas mensagens a colinas cinzentas como pombas, ou então lívidas como pérolas, não consigo lembrar-me. Ou use o bom ornamento, ou não use nenhum.



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