Às vezes algum canal de TV exibe em seus
jornais reportagem sobre os zumbis
que vegetam em alguma cracolândia. O
que câmeras escondidas sempre mostram são o alheamento e indiferença de usuários
e traficantes em relação às pessoas comuns que se aventuram a passar perto
desses locais. É como se houvesse neles um “tapume
mental” impedindo a visão de outro mundo, de outra vida.
Com o “desembarque” do PMDB da base de apoio
do governo, tenho ouvido notícias de que o governo pretende negociar “no varejo”
o apoio de deputados, para evitar que votem a favor do impeachment da Dilma. Curiosamente, isso me causa a mesma impressão
provocada pelas reportagens sobre as cracolândias.
Nem quero pensar que tipo de oferta é feita
em troca de um voto favorável ao governo. O que essa situação tem em comum com
os viciados e traficantes que os abastecem e fidelizam é justamente o “tapume
mental” dos envolvidos nas negociações.
Tudo é dito e feito tão às claras, tão
despreocupadamente divulgado que até parece que ninguém se lixa para a opinião
pública, parece que ninguém nota que estão sendo observados por uma população espantada
com essa tranquilidade e indiferença. Para mim, mesmo que essas tratativas e
tretas não sejam ilegais como é o tráfico de droga, são igualmente imorais.
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