O encaminhamento ao Senado do processo de impeachment da Dilma foi aprovado ontem na Câmara. Acompanhei quase toda a votação e vibrei com o resultado da votação. Fiquei surpreso com a quantidade de oferecimento dos votos "à minha mãe, minha esposa, etc"., que já viraram piada na internet.
Mas fiquei sinceramente comovido com a expressão de desalento flagrada no rosto dos que torciam pelo "não", mesmo que seja uma torcida equivocada, na minha forma de pensar. O mafioso Al Capone não foi preso pelos inúmeros crimes e assassinatos que patrocinou ou cometeu; foi preso por uma simples sonegação de impostos, parecida com aquelas que os brasileiros gostam tanto de fazer.
Pensando nisso, nesse descompasso que é o motivo da alegria de uns ser a tristeza de outros, me veio à mente um belíssimo poema do Vinícius de Moraes, que eu quero compartilhar com os 2,3 leitores do blog.
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Eu também já fiz essa analogia do Al Capone com o PT, que pode ser pego agora por uma "simples" pedalada fiscal, crime menor perto de tudo o que roubaram.
ResponderExcluirMas no caso do Al Capone, nós nos enganamos, JB. Para nós, mero mortais, tráfico, extorsão, assassinatos, são crimes muito maiores que uma "simples" sonegação de impostos. Para nós, JB. Para um governo, não. Não há, para nenhum governo, crime maior que lhe deverem impostos. Que se fodam os que o cara matou etc, desde que esteja com seus impostos em dia. Al Capone foi pego pelo crime capital contra qualquer Estado, a sonegação de impostos.
Pois é...
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