Hoje deveria ser um
dia de festa para mim.
Deveria, mas não. Melhor dizendo, este texto deveria ser motivo de comemoração por se
tratar do 3.000º post publicado no alquebradíssimo Blogson Crusoe. Deveria. Só que não. O primeiro motivo é o fato de eu
já ter excluído vários textos (por serem horríveis ou com data de
validade vencida) e "dezénhos" (a maioria deles por desrespeitar direitos autorais). Grandes merdas! Em sã consciência, alguém se preocuparia com
desrespeito a direitos autorais em um blog de baixíssima visualização,
pouquíssimos acessos e uma quantidade ínfima de seguidores? Se eu fosse um
robozinho do Blogger, nem notaria o antigo blog da
solidão ampliada, tal a indigência exibida.
Por isso, os 3.000 posts indicados pelas estatísticas são apenas os que ainda podem ser acessados. E outro motivo para não comemorar nada é a qualidade do material. Ao fazer essa avaliação não estou jogando para a galera, para as arquibancadas, não estou pedindo comentários de incentivo. Minha autocrítica (ainda) funciona. Eu vejo a produção do Blogson semelhante à extração de ouro ou ao garimpo de pedras preciosas.
Os leitores mais... como direi?, mais velhos, certamente se lembram do formigueiro humano que, com sacos de terra nas costas, subia e descia por escadas precaríssimas no maior garimpo de ouro a céu aberto do mundo. Hoje, a cova ou cratera resultante dessa faina enlouquecida e enlouquecedora em Serra Pelada é ocupada por um lago com 100 metros de profundidade. Esse garimpo é uma excelente metáfora para o blog, e sabem por quê?
A concentração de ouro em Serra Pelada foi considerada excepcional, variando de 6 a 20 gramas por tonelada de minério estéril. Merece destaque a comparação entre as poucas gramas de ouro obtidas a partir da movimentação de toneladas de material estéril. A título de comparação, a empresa onde trabalhei vendeu por uma baba o direito de exploração de uma lavra em que a concentração de ouro era de míseros 0,2 gramas por tonelada de estéril. E os japoneses compraram.
E essa é a metáfora: das três mil publicações do Blogson: quantas são classificadas como "estéril" e quantas são identificadas como "ouro"? Quantas mereceriam uma crítica favorável? Dez por cento, cinco, um por cento? Quantos milhares de publicações são necessários até que se salve um texto ou desenho minimamente interessante? Para dizer a verdade, até as melhores, mais bem escritas e inspiradas postagens do blog não mereceriam ser classificadas como “ouro” (talvez só como "ouro de tolo").
Em uma de suas magníficas crônicas o Rubem Braga ironizou a qualidade dos textos impecáveis que escrevia (tratados como se fossem "filhos") ao dizer que "com o tempo a gente fica menos ansioso e mais humilde e se as vezes contempla a filharada toda com aborrecimento pelo menos não a despreza mais por amor dos recém-nascidos, que já sabemos que não são grande coisa”. Se ele aparentemente pensava assim, imaginem o que eu penso sobre o que já publiquei no blog!
Por isso, os 3.000 posts indicados pelas estatísticas são apenas os que ainda podem ser acessados. E outro motivo para não comemorar nada é a qualidade do material. Ao fazer essa avaliação não estou jogando para a galera, para as arquibancadas, não estou pedindo comentários de incentivo. Minha autocrítica (ainda) funciona. Eu vejo a produção do Blogson semelhante à extração de ouro ou ao garimpo de pedras preciosas.
Os leitores mais... como direi?, mais velhos, certamente se lembram do formigueiro humano que, com sacos de terra nas costas, subia e descia por escadas precaríssimas no maior garimpo de ouro a céu aberto do mundo. Hoje, a cova ou cratera resultante dessa faina enlouquecida e enlouquecedora em Serra Pelada é ocupada por um lago com 100 metros de profundidade. Esse garimpo é uma excelente metáfora para o blog, e sabem por quê?
A concentração de ouro em Serra Pelada foi considerada excepcional, variando de 6 a 20 gramas por tonelada de minério estéril. Merece destaque a comparação entre as poucas gramas de ouro obtidas a partir da movimentação de toneladas de material estéril. A título de comparação, a empresa onde trabalhei vendeu por uma baba o direito de exploração de uma lavra em que a concentração de ouro era de míseros 0,2 gramas por tonelada de estéril. E os japoneses compraram.
E essa é a metáfora: das três mil publicações do Blogson: quantas são classificadas como "estéril" e quantas são identificadas como "ouro"? Quantas mereceriam uma crítica favorável? Dez por cento, cinco, um por cento? Quantos milhares de publicações são necessários até que se salve um texto ou desenho minimamente interessante? Para dizer a verdade, até as melhores, mais bem escritas e inspiradas postagens do blog não mereceriam ser classificadas como “ouro” (talvez só como "ouro de tolo").
Em uma de suas magníficas crônicas o Rubem Braga ironizou a qualidade dos textos impecáveis que escrevia (tratados como se fossem "filhos") ao dizer que "com o tempo a gente fica menos ansioso e mais humilde e se as vezes contempla a filharada toda com aborrecimento pelo menos não a despreza mais por amor dos recém-nascidos, que já sabemos que não são grande coisa”. Se ele aparentemente pensava assim, imaginem o que eu penso sobre o que já publiquei no blog!
Esse é o motivo de chamar de
"literatice" a "literatura" que produzi, pois, segundo o
dicionário, literatice é literatura de baixa qualidade. E aqui cabe uma
reflexão (destinada apenas a mim mesmo): alguém já viu um autor de renome,
consagrado, publicar seus textos em um blog? Claro que não! Se estivessem
vivos, alguém imaginaria um um Drummond, um Rubem Braga ou Fernando
Pessoa(s) ocupados em registrar três mil publicações em seus blogs pessoais?
Não precisam responder.
Quem se preocupa com isso é um blogueiro medíocre que às vezes se alegra por ter adquirido mais um seguidor para seu blog mambembe, mas entende e não liga se alguém se afasta. A única certeza que fica é que este texto é o 3.000º post publicado (nem sei como se pronuncia isso!). E se isso é motivo de comemoração ou não, não dou a mínima.
Quem se preocupa com isso é um blogueiro medíocre que às vezes se alegra por ter adquirido mais um seguidor para seu blog mambembe, mas entende e não liga se alguém se afasta. A única certeza que fica é que este texto é o 3.000º post publicado (nem sei como se pronuncia isso!). E se isso é motivo de comemoração ou não, não dou a mínima.
É terceiro milésimo.
ResponderExcluirBom, há muitos que escrevem na Internet hoje, por isso concordo com sua posição sobre Drummond escrever em blogs se estivesse vivo. Provavelmente, ele usaria sim alguma rede social para obter contatos com mulheres, já que eram elas o público mais cativo de seus textos. E os outros escritores renomados utilizariam, sim, alguma ferramenta da Internet para serem lidos e até apreciados, pois a Internet traz algo que ekes não tinham: o imediatismo. A gente acha romântico e até interessante quando escritores falam em cartas de amor e uma comunicação que era, há muito, aguardada e às vezes nem vinha, tornado-se algo não correspondido. Mas pense no quão penoso era você mandar uma carta e ter que esperar 7, 15 dias para chegar até o destinatário. Depois o destinatários responde e são mais 7 a 15 dias para a reação da pessoa chegar até você. Esses grandes escritores são pessoas como você gente, então rkes certamente se deslumbrariam com o imediatismo, talvez até gostariam de conhecer o conteúdo adulto. Os homens, sobretudo, utilizavam suas poesias para conseguirem mulheres, igual o tal cara que toca o violão pra moça em uma noite de céu estrelado.
ResponderExcluirAcredito que talvez a plataforma de blogs poderia não ser utilizada por eles, mas acredito que usariam, sim, a Internet para publicar seus textos e o que mais interessar.
Tem muitos escritores utilizando a Internet, inclusive blogs. Não são Drummond, nem Jorge Amado, nem Érico Veríssimo, nem Machado. Por que não são esses renomados, entao não contam? Até me lembrei agora de determinadas pessoas que consideram que se você não leu os clássicos, então você não gosta de ler. A pessoa passa cerca de 4 horas ao dia lendo textos no celular, mas a outra prefere denominar que ela não gosta de ler. Que possamos refletir sobre isso.
Concordo com o que disse. Eu falo de mim para não falar dos outros, se me entende.
ExcluirE as cartas trocadas entre escritores muitas vezes são reunidas e publicadas em livros (Mario de Andrade e o jovem Drummond, Clarice Lispector e vários), o que me lembra um pouco de voyeurismo póstumo.
Excluir3000 publicações não é pouca merda não!!!! Ora, para cada 100 textos que se escreve, vão se salvar uns 5 ou 6, isso é normal. Li uma vez que o laureado Nobel de literatura Gabriel Garcia Marquez reescrevia dezenas de vezes seus livros antes de mandar publicar. Todo escritor tem isso, de querer aperfeiçoar o texto várias vezes. Aqui no blogue não tem muito isso. eu mesmo escrevo e faço poucas alterações. Não preciso tanto de qualidade mas de comunicabilidade.
ResponderExcluirMuitos jornalistas hoje possuem blogs nas plataformas dos jornais onde escrevem. Não dá pra cravar que grandes escritores do passado hoje não teriam um blog. Talvez sim, talvez não.
Eu já te disse que gosto do seu jeito de escrever pois parece um pouco com o meu, com muitos recheios de ironia e piadinhas infames (mas minhas piadinhas são mais familiares).
Parabéns, continue escrevendo. Talvez se eu tivesse o meu primeiro blogue eu estaria nesse patamar também. Com algumas pepitas de tolos.
Os "grandes escritores do passado" poderiam ter até ter um blog, mas duvido que se preocupassem em nele pubicar sua melhor produção. Recentemente descobri que o irmão da Marina Lima, o acadêmico Antonio Cícero, tem um blog ("Acontecimentos"), mas a última publicação é de outubro de 2023. E o texto é um poema que alguém dedicou a ele por seu aniversário, ocorrido em 6 de outubro. O Nelson Motta, excelente letrista, biógrafo do Tim Maia, descobridor da Marisa Monte, empresário, autor de alguns livros e mais uma penca de atividades, tem um perfil no Facebook, mas só publica ótimas frases de terceiros, trechos de apresentações de grandes cantores e propaganda de seu livro mais recente.
ExcluirCompletando: um blog pode ser o veículo para desabafos existenciais e para divulgar a opinião de quem tem um, mas imagino que os autores pra valer só o utilizem apenas como mais um brinquedo.
ExcluirO Blogson Crusoe, além de passatempo predileto e vício impossível de abandonar, serviu para me redimensionar, para mostrar minhas poucas qualidades e muitos defeitos, foi um psicólogo virtual que me ajudou a me autoanalisar com alguma isenção. E creio ter sido essa sua principal vantagem ao longo desses dez anos de sua existência.
ResponderExcluirEntão o balanço é positivo. Que bom. E vamos deixar pra lá se fulano ou ciclano teria ou não um blog.
ExcluirJotabê,
ResponderExcluirDemorei um tempo
para entender que a
minha escrita não era ou
é para mim e sim para
os que vão passando, não
importando se poucos ou
muitos. Uma vez, em 2004
ainda
com poucos seguidores
no meu
1° blog ( que é
esse com o qual
comento) uma
mulher me procurou
e contou que lia meus textos
e imprimia para reler durante
as sessões de quimioterapia.
Foi aí que compreendi
que nós que escrevemos
somos parte de um
processo de e da vida
no geral. E minha lição
pessoal mais importante:
ainda que eu não
entenda, escrevemos
não se trata de mim ou de nós
que o fazemos dia a dia.
A mulher
que imprimia meus textos
sobreviveu ao câncer e
ainda hoje lê meus textos
e recomenda.
Aqui no seu Blog,
eu aprendo sobre
muitos assuntos
que a maioria não ousa tocar.
Grata por esse número
comemorativo
deixo
Bjins e Abraço de
bom domingo para Vc e sua
Família.
CatiahoAlc.
Obrigado!
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