terça-feira, 15 de outubro de 2024

"FOFINHO!"

 
Há muito tempo eu sou visto pela maioria das pessoas que me conhecem como o “gente boa”, divertido e educado, sempre de alto astral, pacífico, culto e inteligente (verdade!), que nunca discute nem entra em brigas. Talvez alguns estranhem o fato de ficar isolado em festas, de nunca me sentar em mesa de bar e coisas assim, mas tento disfarçar essa falta de vontade de conviver com a maioria das pessoas que conheço. Entretanto, algumas notícias de que fico sabendo fazem com que um urso feroz que hiberna dentro de mim se liberte. Aí eu fico furioso, puto, putíssimo da vida. E já que eu falei em urso, vou reproduzir uma historinha simpática, um “case” de sucesso. Transcrevendo:
 
A história do Teddy Bear, o icônico ursinho de pelúcia, remonta ao início do século XX e está ligada a um famoso episódio envolvendo o então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt.
 
Em 1902, Roosevelt foi convidado para uma expedição de caça no Mississippi. Depois de horas sem sucesso na caçada, um de seus assistentes localizou um filhote de urso-negro, amarrou-o a uma árvore e sugeriu que o presidente o matasse, para garantir o "troféu". Roosevelt, no entanto, se recusou, achando injusto e desonroso abater o animal indefeso. O episódio foi retratado em uma charge política desenhada por Clifford Berryman no jornal "The Washington Post", mostrando Roosevelt com um ar de compaixão ao poupar o ursinho.
 
A charge viralizou na época, e, inspirado por ela, o lojista Morris Michtom, que era dono de uma pequena loja de doces e brinquedos em Nova York, teve a ideia de criar um ursinho de pelúcia em homenagem ao presidente. Ele colocou o brinquedo na vitrine de sua loja, com uma placa dizendo "Teddy's Bear" (O Urso do Teddy, referindo-se ao apelido de Roosevelt, "Teddy"). O sucesso foi imediato, e a popularidade do brinquedo cresceu tanto que Michtom fundou a Ideal Toy Company para atender à demanda.
 
Assim nasceu o Teddy Bear, que desde então se tornou um dos brinquedos mais amados e simbólicos da infância ao redor do mundo.
 
Voltando à notícia que me enfureceu preciso falar da minha personalidade dual, que me faz oscilar entre o ogro mal encarado e o “simpaticão”. Se eu fosse mais moço e bonito, talvez alguém até me chamasse de “fofinho”, quase um ursinho de pelúcia de tão gentil, uma espécie de “teddy bear” ambulante.
 
Talvez eu esteja me repetindo muito, mas depois de quase três mil publicações fica difícil me lembrar do que disse e como disse. Por isso, vou repetir: apesar de sempre me sentir muito amado, fui uma criança reprimida, castrada, policiada e educada para ser “bonzinho”. E essa característica nunca me abandonou. Pelo contrário, creio que foi até acentuada à medida que envelheci.
 
Hoje, por exemplo, eu sou o rei da gentileza e cordialidade. Sorrio para desconhecidos, seguro a porta do elevador até que todos entrem ou saiam, agradeço o atendimento que estiver recebendo, pergunto o nome de quem me atende, conto piadinhas, estou sempre de bom humor e tento fazer rir conhecidos e desconhecidos falando mal de mim ou ao contar minhas mazelas, reclamar da “idade do condor”, etc. Resumindo, sou um anjo de candura, o idoso mais fofinho que alguém pode encontrar (mas você lá e eu aqui, OK?)

Só que esse comportamento cortês é falso ou quase isso, mesmo que me traga o maior prazer. Na verdade, eu não sou um “ursinho fofinho”, sou um urso que teve a hibernação interrompida, daqueles que caminham silenciosos pela floresta e, de repente, atacam sem aviso. Um ogro turrão e mal humorado, que ri de si mesmo e das pessoas que acreditam em suas boas qualidades.
 
E foi esse o urso libertado depois de ler a notícia de que no Rio de Janeiro seis pessoas que receberam órgãos transplantados contraíram HIV. Dá para imaginar uma tragédia dessas? E há detalhes mais sórdidos. Segundo a notícia, o laboratório tinha emitido atestados de segurança dos órgãos. Ok, falhas humanas podem acontecer, mas parece que o buraco é mais embaixo. Transcrevendo:
 
 A Vigilância Sanitária fiscalizou o laboratório, mas não encontrou nenhum kit para teste de HIV. Os fiscais pediram a numeração dos testes já realizados e a nota fiscal de compra dos kits para analisar se havia algum erro de fabricação nos lotes. Mas o laboratório não entregou nenhum documento comprovando a compra dos itens. A polícia investiga se os testes foram realmente feitos.
 
Quer mais? Segundo o jornal O Globo, “Laudo de órgão doado com HIV tinha registro de biomédica de São Paulo, que nunca trabalhou no Rio”.
 
Só mais um pouquinho: o laboratório PCS era o responsável por esses testes no estado do Rio. E foi ele, logicamente, que fez os testes e liberou os órgãos para as cirurgias.
 
E agora é para acabar: um dos sócios dessa birosca é primo do ex-secretário estadual de Saúde, agora deputado federal pelo PP. Transcrevendo: O laboratório foi contratado três meses depois da saída de Dr. Luizinho da secretaria. A contratação para análises para transplantes foi feita em dezembro de 2023, em um pregão, por R$ 11 milhões.
 
Fala sério, tem ou não tem cheiro de putaria esse episódio trágico? Eu sinceramente torço para que isso seja apenas uma “comédia de enganos”, mas aqui não é a Escócia, aqui a escória se espalha por todos os lugares. Por isso, o ogro, o urso raivoso que hiberna dentro de mim sonha e defende as chibatadas da Indonésia, a prisão perpétua, a pena de morte, a lex talionis para combater e punir crimes hediondos ou cometidos por gente filha puta.
 
A Terra possui hoje oito bilhões de sapiens; um a mais, um a menos não faz diferença, mas punições e execuções "profiláticas" de canalhas tornam o ar mais respirável, concordam? Jotabê fofinho? Me engana que eu gosto!

6 comentários:

  1. "Há muito tempo eu sou visto pela maioria das pessoas que me conhecem como o “gente boa”, divertido e educado, sempre de alto astral..."
    AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah AhahahahahahahahAhahahahahahahahAhahahahahahahah

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    1. Você ri (e não sei por que ri), mas é a pura verdade. Já disse que não minto no blog, também já disse que me joguei no blog sem rede de proteção e que o blog é uma espécie de terapia para mim. Mas "ao vivo e a cores" eu sou completamente diferente, um camaleão especializado em fazer com que as pessoas gostem de mim, que se simpatizem comigo. Meus filhos e minha mulher têm uma visão do que realmente eu sou, mas cunhados, vizinhos, amigos, colegas de serviço e gente humilde desconhecida acham que eu sou o cara mais gentil e amistoso, pois eu faço questão de me comportar assim. Mas meu nível de empatia é próximo do zero.

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  2. Não conhecia essa história do Teddy Bear, muito interessante. Eu nem conhecia esse urso...urso só conheço mesmo o Zé Colméia e o Pool, aquele que fizeram um filme de terror expondo o lado sombrio do "fofinho". Será que o amigo Jotabê mereceria um filme assim??

    Cara, nem me fala desse caso absurdo dos órgãos com HIV. A que ponto chegamos. Ouvi que um dos diretores tinha implantado menos rigidez nas análises e maximização dos lucros.
    Sim, merecia uma boa cadeira elétrica.

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    1. Creio que foi na década de 1960 ou início de 1970 que eu conheci as HQs do Pu ou Puf e de seus amigos (uma versão careta das histórias do Calvin), publicadas nas revistinhas da Disney. Nunca achei muita graça na interação de um menino com seus brinquedos de pelúcia (Pooh, um tigre, um burro, um coelho, etc.). Se quiser saber mais da história original, siga este link: https://imagenshistoricas.com.br/ursinho-pooh/

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