quarta-feira, 30 de outubro de 2024

CORRAM PARA AS MONTANHAS!

 
Vou contar esta história pela milésima oitava vez só para contextualizar (boa palavra essa!) o assunto de hoje. Até meados de 2014 eu nem imaginava o que poderia ser um blog, mas sabia como incomodar um pequeno grupo de pessoas. E eu devia realmente incomodar esses coitados, pois estando aposentado e não tendo nada para fazer eu alugava minha mente para o capeta – porque, como mundo sabe, mente vazia é a morada do capeta – e pensava besteiras o tempo todo. Graças a um pouco de TOC, eu usava os e-mails que conhecia para enviar quase diariamente as besteiras que pensava para quem eu apelidei de “grupo dos infelizes”.
 
Pois bem, meu filho mais velho (um dos "infelizes") criou o Blogson para mim e eu comecei a usá-lo para desovar todo tipo de pensamentos que me ocorriam. Além disso, resgatei tudo o que tinha enviado por e-mail, fazendo postagens quase diárias. Isso durou pelo menos uns cinco meses. Quando o lixo dos e-mails foi todo publicado eu até pensei em dar uma maneirada, tentei publicar só às sextas-feiras – porque como na história que inspirou o nome do blog, “Sexta-Feira” era o amigo do náufrago “Robinson Crusoe”. Mas já era tarde.
 
O Blogson Crusoe tinha se transformado em um bichinho de estimação, um tamagotchi, uma droga viciante para mim. E eu nunca mais consegui abandonar esse vício. Tanto é assim que nos dez anos e alguns meses de existência do blog foram feitas mais de três mil postagens, quase uma postagem por dia.
 
Mas a inspiração acabou e incentivado pelo multitalentoso blogueiro Fabiano Caldeira, publiquei um e-book. Adorei a experiência e publiquei mais três e-books, jurando de pés juntos estar satisfeito com minha “biblioteca” de quatro e-books. Mas o TOC se manifestou novamente e o vício adquirido no Blogson acabou também se manifestando no desejo de publicar novos e-books. E publiquei mais três.
 
Aqui cabe a pergunta: há material que mereça ser agrupado em novo(s) e-book(s)? Se quiserem saber a verdade, eu até acho que não, mas não consigo evitar o desejo irresistível de ver transformado em e-books toda a irrelevância e banalidade dos textos que publiquei obsessivamente no Blogson ao longo de dez anos. Como cantou Mick Jagger, “I know, it’s only rock and roll, but I like it”.Ou seja, são muito fraquinhos mas eu gosto deles.
 
E é nesse pé em que me encontro agora. Eu quero publicar em novos livros tudo o que me agradou escrever. E digo sinceramente: ninguém, mas ninguém mesmo precisa ler esses novos junk-books, pois eles serão apenas meu rivotril digital. Isso é patético? Sim. Ridículo? Sim! Digno de pena? Sim!!!!! Como disse meu filho ao saber de mais essa maluquice de seu pai: "Corram para as montanhas! Protejam-se!"
 
Por isso, preparando-me para consumir essa nova droga, fiz um mapeamento dos textos publicados para saber o que sobraria e cheguei nesta lista:
 
87       “diálogos de spamtar” muito fraquinhos
392     textos de outros autores
167     links de música
194     piadinhas pescadas no facebook
126     textos tropeçando na política do momento
73       postagens dedicadas à memória e lembranças de meus familiares
35       informações sobre o blog (a quem interessa isso?)
96       textos produzidos e dedicados à epidemia de Covid-19
290     postagens com data de validade vencida
161     textos “com CEP do destinatário” (marcador “Posta Restante”)
102     desenhos e colagens merecedoras reais do título “Eu Não Sei Desenhar”
21       textos produzidos pela inteligência artificial chatGPT
 
Isso resultou em um total de 1.744 postagens que preferi deixar apenas no blog. Além dessas publicações há que se considerar as 541 postagens aproveitadas nos sete e-books já publicados.
 
O que sobra então para publicar novos junk-books e satisfazer meu vício são 722 posts (3.007 – 1.744 – 541). Valerá a pena dar vazão a esse desejo sem controle? Só o tempo dirá. Depois de publicar os quatro primeiros e-books eu disse para meus filhos que estava deixando a marca de minhas pegadas sobre a Terra. E sendo quatro os livros, minhas pegadas eram de quadrúpede, de anta, talvez.
 
Agora, com o desejo de literalmente esgotar tudo o que seja minimamente aproveitável no blog, a marca que deixarei será de centopeia ou coisa assim, um invertebrado moral. Mas lembro que essa atividade neutraliza minha ansiedade e falta de inspiração. Ou seja, é um passatempo inofensivo, uma espécie de vício do bem. Algo assim como um leite com toddy e biscoitos antes de dormir.

8 comentários:

  1. Meu amigo, a tua produção literária blogueira é insana. 3 mil textos? Se eu continuar no ritmo em que estou agora em matéria de publicação, vou conseguir sua marca em...já ver...2063.

    Manda mais, manda mais ajuntamentos de insanidades literárias tão divertidas quanto este texto mesmo.

    Você é um cara muito talentoso. E olha que eu não digo isso pra qualquer um.

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    1. Agradeço a avaliação super elogiosa, mas como pode ver na listinha que fiz, são três mil publicações, mas uns 750 posts não são de minha autoria. E nem tudo é texto, há muito "dezénho".

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  2. Fico muito contente que você esteja animado a fazer mais ebooks. Cada amigo que vai para a Amazon me enche de alegria, pois escrevem bem e merecem ser lidos por muita gente que não acessa os blogs.
    Que bom que você fará mais ebooks. Acho que você já recebeu os primeiros trocos da Amazon. O Marreta, que publicou depois de você, quase foi à loucura pelos troquinhos que caíram na conta dele. É tanta emoção que quase morremos... de rir.
    Um abraço, Jotabê

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    1. Eu recebi os troquinhos a que você se refere só referentes aos três primeiros e-books. Depois disso, fiz questão de adotar a campanha de down load gratuito nos mais recentes. Para mim, o grande barato é ver surgir uma nova versão de algo que escrevi ou desenhei há muito tempo. É bacana imaginar que pessoas que não acessam os blogs possam se interessar em ler uma seleção do que entendi ter mais qualidade. Eu não sei como verificar o total de downloads desde o e-book de poemas, mas creio já terem sido feitos uns 65 downloads. Acho prazeroso saber disso. Jà tive três retornos super positivos, curiosamente um de cada um dos três primeiros e-books. Há muito tempo não cai nada na conta (só meu saldo). O último, creio que foi R$0,01.

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    2. Quando você põe gratuito, você ganha por página lida. O primeiro pagamento leva 60 dias, referente a 60 dias atrás e assim vai continuando, só que mês a mês, sempre mirando 60 dias atrás. Costumam depositar entre 29 a 1° de cada mês. Mas eu sei que não está querendo saber disso, pois os valores são irrisórios.

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    3. Então, ganhei de você. Recebi 4 centavos de real pelo meu best seller. Pãããããta ...

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    4. Bom, o meu veio 12, 21. Saudades dos tempos que vinha 50, 70.reaia. já dava pra pagar uma conta.

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