Não sei se isso acontece com todo mundo, mas alguns assuntos grudam em
minha mente como chiclete em passeio público. Respondendo a um comentário feito
recentemente aqui no blog, usei a palavra “disjuntor” relacionada ao falecimento repentino
de pessoas. E esse tipo de situação é o chiclete agarrado no meu cérebro.
A notícia da morte do publicitário Washington Olivetto mexeu muito
comigo pela enorme admiração que tinha por ele. Os “criativos” da área de
publicidade frequentemente me fazem babar de encantamento por suas sacadas
geniais para divulgar ou vender esse ou aquele produto. E o Olivetto era o paradigma dessa
turma no quesito criatividade. Segundo a Wikipédia, sua agência W/Brasil
tornou-se “uma das agências mais
premiadas do mundo, com quase mil prêmios, entre Leões no Festival de
Cannes, Clio Awards, CCSP e outros”.
Ainda segundo a Wikipédia, “foi o
único latino-americano a ganhar o prêmio Clio Awards em 2001, com um
comercial de TV para a Revista Época. Foi considerado como o mais
criativo publicitário dos últimos trinta anos na premiação Profissionais do
Ano, organizada pela TV Globo. É considerado uma das 25 figuras-chave de
publicidade do mundo pela revista britânica Media International. Foi
eleito duas vezes o publicitário do século pela Associação
Latino-Americana de Agências de Publicidade (ALAP) e
pelo site de notícias sobre propaganda brasileira do Monitor
Mercantil. Em 2009, entrou para o Hall da Fama do Festival
Ibero-Americano de Publicidade(FIAP)”. Resumindo, o sujeito era o foda, o "cara" no quesito criatividade. Mas morreu “novo”, o que é uma sacanagem.
E aí pisei no chiclete de novo. Há mais tempo fiz a comparação da
passagem vida-morte como fruto de um interruptor que se desliga. Só que essa
não era uma boa imagem, pois um interruptor necessita de alguém para clicar em
seu botão. Foi aí que me ocorreu a ideia do disjuntor.
Utilizando a definição técnica para esse
tipo de artefato, um disjuntor é “um
dispositivo elétrico que protege os circuitos elétricos de sobrecargas e
curtos-circuitos, desligando a energia automaticamente”, imagem perfeita
para a mudança da vida-morte, feita automaticamente, sem precisar de ninguém
para seu acionamento. Mas o chiclete continuava agarrado. Foi
aí que o TOC se manifestou e eu tive a ideia de fazer um levantamento das
pessoas falecidas em 2024. Pois é...
Entrei de novo na Wikipédia e peguei a
relação de pessoas famosas falecidas no mundo todo, mês a mês. Sem me importar
com o motivo da morte (alguns morreram de desastre, outros foram assassinados,
etc.), calculei a média das idades de cada uma dessas 884 personalidades. E o
resultado deu 75,14 anos (EPA!).
E essa é a conclusão do chiclete: em
virtude das “sobrecargas e curto-circuitos” ocorridos durante a vida, o disjuntor
de uma pessoa média desarma quando o sujeito chega nos 75 anos. Lembrando que tenho hoje 74 aninhos, poderia citar estes versos do Vinicius de Moraes (falecido aos 67 anos), “De
repente, do riso fez-se o pranto, de repente, não mais que de repente”.
E a
cereja do bolo deste texto é o gráfico que indica as mortes do levantamento que fiz, por faixa etária. Olhaí.
A coisa anda tão perigosa que até quem nunca morreu, está morrendo.
ResponderExcluirPois é!
ExcluirAlô, alô, W Brasil....música chiclete do Benjor.
ResponderExcluirVocê fez mesmo essa pesquisa, né...? Inevitável a gente chegar numa certa idade e não pensar no fim. Mas chegar numa certa idade já foi uma vitória, visto que tantos morrem aos 20, 30, 40 e até antes em tantas tragédias que fazem parte do nosso dia a dia.
Eu comecei a pensar muito na morte quando cheguei aos 50. Muitas vezes ao deitar a cabeça no travesseiro me vinha a ideia de que um dia eu seria e no outro, não mais. O tal do disjuntor que você bem ilustrou. E isso estava me dando uma certa agonia.
Se os ateus e materialistas estiverem certos, então como disse Chico Anysio, o ruim de morrer era não estar mais vivo...você entendeu.
Se os espiritualistas estiverem certos e aí nossa consciência-alma-espírito sobrevive de alguma forma, aí a morte é uma tragédia. Imagina lembrar da vida que você não tem mais. Das pessoas que você ama e não pode mais abraçar. Das coisas que você fazia e não pode fazer mais...uma tortura.
Mas se os espiritualistas cristãos estiverem certos, a consciência-alma-espírito volta para Deus para um dia ser de novo ressuscitado para então se começar uma nova vida em um mundo restaurado.
Utopia é como se chama.
Se os espiritualistas encarnacionistas estiverem certos, um dia você volta em outro corpo, em outra vida, para continuar pagando os erros que cometeu nas vidas passadas.
Eu prefiro a utopia cristã mas aí tu tem que acreditar nela e não acreditar em nenhuma outra e ser cristão de verdade para desfrutar dessa futura terra restaurada, senão a única outra opção é o inferno eterno (para os cristãos conservacionistas) ou então, ser eliminado de vez da existência (para os cristãos aniquilacionistas).
E eu como fico?
Uma boa terapia, quem sabe?
Jotabê!!!
ResponderExcluirTive que rir com seu texto e
com sua argumentação
que é plausível.
O importante na verdade é nos
expressarmos.
Seu '"chiclete" me lembrou um
amigo muito próximo, quando
alguém que ele admira vai embora
ele entra em parafuso, não porque
tem medo de ser o próximo, mas
porque entende o quanto estamos
ficando mais pobres e quando
vai alguém especial como o
Olivetto, aí sim é que ele fica
mais triste. Porque não nascem
gênios todo dia, diz ele.
Adorei seu texto.
Ah! Sim, respondi a seu
comentário lá no Espelhando.
Bjins ou Abraço para
Você e sua Família
CatiahoAlc.