Tenho
andado meio descarado ultimamente. Presto pouca atenção ao que as pessoas
tentam me dizer e falo coisas que as deixam horrorizadas ou constrangidas. Além
disso, mesmo não sendo cleptomaníaco pego coisas de outras pessoas sem pedir
licença. Mas não são coisas físicas, objetos. São coisas que vivem no plano
intelectual, são palavras, expressões, frases e até textos inteiros, como é o caso deste post. E o que me impulsiona a fazer isso é a identificação, é a admiração e o
prazer que sua leitura me proporcionam.
Este é
o motivo de ter dito tantas abobrinhas até agora, pois descaradamente, sem
pedir licença, invadi o blog de um amigo virtual e copiei integralmente o texto
transcrito logo abaixo. E o motivo para esse descaramento é uma identificação
quase total com os sentimentos e sensações nele descritas pelo autor. Mas creio
que é um texto ficcional, não retrata sua realidade. E digo isso pela repetição
no início de cada parágrafo da frase “eu ando meio cabisbaixo”. Mesmo assim, é
um texto elegante (como, aliás, é seu blog – clean, limpo, belas imagens,
ótimos textos). E gostei tanto que comentei considerar o autor meu filho espiritual.
Mas sem direito a mesada ou herança! Olhaí.
Eu ando meio cabisbaixo. Desanimado com tudo.
Certamente impulsionado pelo estado caótico de nossa sociedade? Certamente. Mas
vai um pouco além. Talvez por uma questão de "tanto faz". Nunca me
importei com dinheiro, não tenho crenças religiosas, não pretendo ter uma
família, não tenho 'desejos' e sonhos a serem realizados, não gosto de
multidões, não tenho times para torcer, não sou fanático por ideologias, não
gosto de carros ou motos, não sou o melhor em nenhum esporte, enfim.
Eu ando meio cabisbaixo. Não em um estado
depressivo, que se diga. Não em um estado de dar dó. Não também em aparência,
pois quem me vê, diz que nunca estive melhor. Elogiam meu desenvolvimento
intelectual (como sempre), mas, em verdade, sou um bom sofista, tão somente. Alguém
que sabe brincar com as palavras e convencer a muitos em diversos assuntos e
temáticas. Não me reconheço como 'inteligente', talvez sim como explorador.
Gosto de vasculhar os cantos, de descobrir o óbvio, o que estava escancarado e
ninguém notou. Elogiam, também, minha calma para escutar. Mas sou um péssimo
ouvinte. Novamente, sei analisar bem as situações e entender os motivos de
ocorrência de x ou y comportamento. Sou psicólogo. E sei que dos bons. Mas me
importo? Tão raramente. Escuto, atentamente, mas com um vazio apreciativo.
Escuto as vozes como escuto o som das ruas e o mugir da vaca. Escuto pois
falam. Talvez seja algo da profissão, se envolver demais com os casos, retira o
poder de compreensão de um observador. Talvez seja só uma desculpa que inventei
agora.
Eu ando meio cabisbaixo. Estar enclausurado
nunca foi um problema, desde que fosse opcional. Por motivos adicionais, me
causa desgaste. Eu gosto de estar só, mas não gosto da solidão. Eu gosto do
silêncio, mas não gosto do zumbido confuso que me devora. Me vejo um rato num
laboratório experimental, eu mesmo sou o experimentador, eu mesmo sou o rato,
eu mesmo sou a caixa. Vez ou outra me distraio com coisa qualquer. Mas é
suficiente?
Eu ando meio cabisbaixo. E me sinto novo
demais pra ser tão velho. Tenho o que me faz sorrir, claro. Meu
contrabaixo, minha gaita, meus gatos, alguns amigos e amigas, o gosto do café,
as plantas no quintal, um bom churrasco, entre outras coisas mais. Conforme os
meses passam, sei que se trata de uma fase, de um momento ruim, de uma situação
que, como todas, é passageira.
Mas eu ando meio cabisbaixo. Tenho sentido
com mais intensidade o que me invade o íntimo. E eu choro. E eu me perco
olhando para o além. E não sei se isto é mesmo ruim. Por muito não me permiti
sentir seja lá o que fosse. Normalmente, eu me embrutecia com quem demonstrasse
algo de afeto. E me manipulava a ponto de distorcer meu próprio sentir. Talvez
por isso sempre escrevi poesia. Um modo de despejar de modo codificado os meus
segredos e enredos. Hoje, me deixo sentir. Costuma machucar. Mas ainda que meio
cabisbaixo, é como se de alguma forma, eu estivesse um pouco mais vivo. Ninguém
enxerga a própria sombra no escuro completo. Eu a vejo. E ela quer domar a luz,
mas sabe que sem a luz, inexiste.
Pois não há nem uma vírgula ficcional, se queres saber. Obrigado pela replicação e acréscimos nos parágrafos iniciais. Não sabia que se sentia deste modo, ou próximo disto.
ResponderExcluirhttp://oexestranho.blogspot.com/
Deixando claro: eu não fiz nenhum acréscimo no seu texto, apenas (como sempre faço) escrevi uma introdução para explicar a transcrição. Outra coisa: foi por me sentir assim que disse ser você meu filho espiritual, um lance de DNA cósmico.
ExcluirDNA cósmico? Pãããããããta.... Então, você tá devendo pensão pro GRF desde a encarnação passada!!!
ExcluirQue nada! Minhas burras são à prova de de testes de paternidade.Por falar nisso, achei o maior barato uma de minha noras ter comprado um teste de DNA. Eu sempre quis fazer um, mas achava que devia ser caro pra caramba (talvez fosse mesmo), mas ela pagou uma merreca (creio que foi 190 pilas). Chegou pelo correio e é devolvido da mesma forma.
ExcluirE para que serve esse teste de paternidade?
ExcluirDesculpa, para que serve esse teste de DNA que sua nora comprou?
ExcluirMera curiosidade, a mesma que eu tenho em relação a minha própria “receita genética”. Sou doido para saber de onde vieram meus antepassados. Adoraria ter um pé na África.
ExcluirE creio que não é um teste de paternidade, mas de ancestralidade.
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