sexta-feira, 28 de maio de 2021

ORGASMO VIRTUAL

 
No dia 26 de maio o senador Flávio Bolsonaro postou no Twitter este inocente comentário: “Mesmo no auge da segunda onda de covid, Brasil consegue criar 120 mil novas vagas de emprego. De janeiro a abril o saldo positivo foi de quase 1 milhão de empregos com carteira assinada. Com a vacinação em massa engrenando, o cenário estará melhor a cada dia!”
 
Achei muita graça ao ler os comentários de alguns fanáticos que o seguem, mas não vale a pena gastar tempo com idiotas. O que me fez transcrever o tuite do filhão zero um é o fato de ter me lembrado de um caso grotesco que ouvi faz muito tempo e que tentarei reproduzir. Antecipadamente peço desculpas pelo palavreado chulo utilizado, bastante diferente do habitualmente encontrado no Blogson, mas o assunto a ser abordado assim pede.
 
Em algum momento do início do século XX, em algum grotão das Minas Gerais aconteceu de um velho endinheirado perder sua capacidade de manter relações sexuais com mulheres, com as prostitutas de que tanto gostava. Dizendo claramente, seu pau não subia mais, estava broxa. Mesmo assim, continuava a dirigir-se ao puteiro da cidade e ficava por ali dando mole (nesse caso, literalmente). Como em outras situações, muitas vezes os opostos se atraem. E os opostos nesse caso eram jovens sem dinheiro (duros também nesse caso).
 
Provavelmente por iniciativa do velho, começava a rolar uma conversa descontraída. Talvez o idoso perguntasse se o mais novo estava a fim de dar uma trepada, ouvindo como resposta um “não” devido à falta de grana. O velho prontamente dizia que se esse era o motivo então estava resolvido, pois ele lhe daria o dinheiro para pagamento da puta. Só havia uma condição (plenamente aceita): queria ver a “consumação do ato”. Parece que essa sociedade virou um “case de sucesso” local, cada vez mais divulgado, cada vez com mais “sócios”.
 
Feita e aceita a negociação, o velho instalava-se em uma cadeira talvez ligeiramente oculta por alguma cortina ou lençol e o “espetáculo” começava. Quem me contou essa bizarrice talvez tenha sido um desses atores (ou sócios), pois disse que o velho voyer tomado de grande entusiasmo às vezes intervia, exclamando coisas como “Mete nela o ferro!” ou “É disso que ela está precisando!”. Como se diz em Minas Gerais, naquele momento, naquele lugar, um velho sátiro estava querendo “gozar com o pau dos outros”.
 
A mesma coisa parece querer o filhão das rachadinhas ao fazer esse comentário extemporâneo de louvação aos efeitos benéficos da vacinação, uma espécie de orgasmo à distância, virtual. Por que não disse isso um ano atrás? Nada mais patético, nada mais ridículo, nada mais oportunista, concordam?

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