segunda-feira, 30 de setembro de 2019

KILLER!

Com este, encerra-se a transposição dos posts publicados no Linguiça no Fumeiro e considerados "aproveitáveis".  


- Você curte essas barrinhas de cereal?

- Nada contra, por quê?

- Eu li que alguém comeu uma que tinha larvas dentro e passou mal.

- Que nojo!

- É, a empresa teve de pagar uma grana por causa disso.

- Tinha mais é que pagar!

- Sabe o que aconteceria se outras pessoas também comessem essa barrinha do demônio?

- Claro que elas também meteriam um processo no fabricante!

- Não, a manchete nos jornais poderia ser assim: "CEREAL KILLER FAZ MAIS VÍTIMAS"

- Nossa... Seu cérebro é que deve estar cheio dessas larvas!

domingo, 29 de setembro de 2019

ESTUDANDO O COMPARADO


Para quem nunca acessou este blog, é importante dizer que há duas versões anteriores a esta piada. A primeira, dedicada à “igreja petista” (que ficou mais engraçada); a segunda (mais fraquinha), dedicada ao bolsonarismo. O desejo de provocar alguns “amigos de facebook” que são devotos de uma ou outra fez com que eu tentasse unificar as duas versões em uma terceira. Que significa isso? Que sou o “mala da internet”, mas, pelo menos, não tenho vacas sagradas para adorar. Fazer o que, não é mesmo?


Como sabem os 3,1 leitores deste blog, eu sou católico. Mesmo assim, gosto de ler e aprender alguma coisa sobre outras religiões. Uma coisa que já notei é que as igrejas fundamentalistas atraem e reúnem pessoas que aceitam sem questionar ou criticar tudo o que seus pastores, bispos ou missionários dizem ou fazem. Assim eu vejo as grandes igrejas que aparecem a quase qualquer hora do dia nos canais de TV aberta.

Dentro dessa linha, fiquei pensando que há partidos ou grupos de pessoas que agem da mesma forma, mesmo não conseguindo aceitar ou perceber seu caráter "religioso" ou "sagrado". Esses grupos formam as “igrejas” políticas. Tempos atrás, para dar uma avaliada nessa ideia, resolvi fazer uma comparação do que aconteceria se o lulopetismo fosse uma religião. Esse “estudo comparado” com o catolicismo resultou no post “Estudo Comparado” (título originalíssimo, não?), publicado em janeiro de 2017.

Enquanto matutava sobre o que comparar, cheguei à conclusão de que (mesmo preso), o Lula tem alguma semelhança com Deus, pois é uma espécie de “santíssima trindade”. O “pai” é aquele dos comícios, onde roncava, esbravejava, espumava e falava o diabo (ops, foi mal). O “filho” surgiu na sua fase “Lulinha paz e amor”. E o “espírito”?, perguntarão os mais afobados. Essa versão mais atemporal poderia ser “espírito de vinho” ou “espírito de porco”. Mas fato é que o sacana até fez mesmo alguns milagres; por exemplo, ele conseguiu eleger uma anta e ficou perto de eleger um poste. Mas eu creio que o único milagre que ele gostaria mesmo de realizar seria a transformação de água em cachaça.


Mais recentemente, diante de tudo o que vi e vejo nas redes sociais, comecei a pensar que o bolsonarismo talvez seja também uma religião, uma religião nascente que, mesmo sem a organização da igreja petista, exibe um fervor “religioso” e uma vocação “evangelizadora” talvez até maiores. Nessa igreja do capitão, entretanto, a coisa fica um pouco confusa, pois ela parece mais um coletivo, um combo divino, graças a três filhos que ecoam o pensamento do pai (talvez possa ser o contrário), à existência de um mágico que lembraria um Rasputin da Direita (transmutado recentemente em crítico musical) e até uma entidade maior, com seus cabelos de milho. Essa situação bizarra me fez repetir a fórmula do primeiro post, só para tentar fazer rir um pouco. As equivalências encontradas foram apresentadas no post “Comparando os Estudos”, publicado em maio de 2019.


Tentar fazer uma terceira versão com a síntese das duas anteriores é coisa de gente que tem TOC e mais algum distúrbio psicológico, mas foi divertido fazer. E esse é o motor deste blog: ele existe para que EU me divirta. Se também conseguir divertir ou agradar outras pessoas, melhor ainda. Saca só:







sábado, 28 de setembro de 2019

CATANDO MIGALHAS


O título deste post deveria ser “Cagando migalhas”, mas eu sou um sujeito fino e educado, um verdadeiro gentleman. Por isso, resolvi catar as migalhas cagadas no Facebook. Olhai.

1- Como diria um brasileiro do alto da Torre Eiffel, apontando para a pista de veículos lá embaixo:
- “C’est la vie!” (da série “Ah, essa falsa cultura!”)

2- Eu odeio e sinto desprezo por todas as manifestações de burrice que vejo, mas não se trata de soberba ou falta de humildade. O problema é que eu já tenho dificuldade em conviver com a minha própria.

3- “Escolha quem te olha por dentro. O corpo tem validade, a alma não”, disse alguém. Por isso mesmo, procure relacionar-se com profissionais da área de raios X, tomografia e ultrassonografia.

4- O Facebook sempre me pareceu - e, ultimamente, mais ainda - uma grande fogueira das vaidades, um lugar cheio de textos incendiários e opiniões inflamadas. A temperatura subiu e o ar ficou meio irrespirável, com muitos amigos queimando o próprio filme. E tudo porque de uma hora para a outra resolveram “ideologizar” os desmatamentos, esquecidos de que a cor de uma terra queimada não tem mais nem o vermelho das brasas nem o verde da vegetação destruída, só o cinzento das cinzas. (da série "Queimando tudo até a última ponta")

5- Numa boa, tem gente que ama pagar mico sem necessidade. É o caso do embaixapeiro (adorei essa!) Eduardo Bolsonaro. O Dude, ou melhor, o Dudu resolveu colocar em sua rede social uma montagem tosca da garota sueca ambientalista lanchando em um trem enquanto do lado de fora crianças esfomeadas observam. Resultado: depois de tomar cacete de tudo quanto é lado, afirmou que era mesmo uma montagem, bla bla bla. Que ele tenha as suas opiniões, convicções e preconceitos é problema dele e ninguém tem nada com isso. A questão é que ele é um deputado federal, filho do presidente da república e integrante da “CPI das fake news”. Por isso, não deveria servir de contra-exemplo. Quando fiquei sabendo dessa bobagem, fiz o seguinte post no Facebook: 
E o mais louco é ter sido chamado de esquerdista por um dos “amigos” que integra a “milícia” de apoiadores incondicionais do Bozo, só por causa dessa piada! Este país está muito esquisito...


6- Como se já não bastassem os padres pedófilos, li notícia sobre um pastor evangélico preso nos Estados Unidos por tentativa de estupro contra uma menina. Em sua defesa disse ter sido provocado por demônios para cometer o crime. Deveria então ter pedido “Habeas Corpus Christi” para ser libertado. Quem sabe colava?


7- Acho que decodifiquei por que o Silvio Santos esteve ao lado do Bolsonaro durante o desfile de sete  de setembro. Era saudade do Bozo do SBT.


8- Segundo nosso presidente, o cacique “Raoni fala outra língua. Não fala a nossa língua”. Não vejo nenhum problema nisso, pois, graças aos tropeços que dá em algumas palavras, às vezes eu acho que o Abraham Weintraub também não fala. E olha que ele é ministro da Educação!

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

CERVEJA NA RAÇÃO


Saiu na mídia:

Decreto retira limite de 45% (em relação ao extrato primitivo) para uso de milho e outros cereais como substitutos do malte na elaboração de cervejas fabricadas no Brasil.

Se o porcentual de cereais não maltados subir muito (até parece que eu entendo alguma merda disso!), pode acontecer um caso assim:



quinta-feira, 26 de setembro de 2019

NAMASTÊ!


Li uma vez em algum lugar (nada como ser preciso!) que as línguas antigas (antigas para nós, porque para seus falantes eram atuais, modernas, da hora) eram escritas sem o uso de vogais - mais ou menos como acontece hoje no whatsapp. Talvez seja esse o motivo de figurões de civilizações antigas terem seus nomes registrados e pronunciados de forma equivocada. O babilônio Nabucodonosor, por exemplo, seria na verdade Nebuchadnezzar. Da mesma forma, o persa Dario seria Dārayava(h)ush e Ciro, outro rei da Pérsia, seria Kuruš. Esse último até daria um daqueles trocadilhos nauseantes, do tipo “Você é inimigo do Ciro? Kurus credo, tá fodido!”

Mas piadinhas infames não são a tônica deste post. O fato é que o pessoal das antigas parecia ser bom de síntese. Li em outro lugar, em outra ocasião (precisão é meu nome!), que a palavra “namastê” muito usada em comédias americanas de quinta categoria, seria uma expressão em sânscrito que significa “O deus que habita em mim saúda o deus que habita em você”. Numa boa, vai ser sintética assim na puta que o pariu!

Mas hoje, pelo menos nas redes sociais, dizer "Namastê!" para alguém tem pouca ou nenhuma utilidade, pois com o pau quebrando permanentemente, a expressão que melhor se encaixaria nos tuiters da vida seria “O ogro que habita em mim ofende o ogro que habita em você”. Como não entendo nada de sânscrito, o máximo que posso fazer é sugerir uma palavra, um neologismo com sonoridade semelhante a namastê, para condensar de forma tão, tão... profunda o sentimento que mais inspira as redes sociais. Qual? Uma educadíssima “Ah,sifudê!”, bem mais de acordo com os ânimos atuais.


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

TESTAMENTO AFETIVO


Um dia, já faz muito tempo, surgiu a vontade de fazer um “testamento afetivo”, para dividir entre meus filhos os objetos que têm ou tiveram algum valor sentimental para mim. Era um pensamento que lembrava o comportamento dos cometas, pois de tempos em tempos surgia em minha cabeça, dava uma voltinha e depois se afastava. Agora, depois do recente falecimento de minha sogra, esse pensamento-cometa entrou em rota de colisão com minha mente, pois creio que meu tempo também está se acabando.

Teoricamente, descontadas as mazelas decorrentes da idade, não há nada de errado com minha saúde. Mas há um dado que merece ser lembrado: uma pesquisa feita na terra do Mickey identificou um padrão estatístico entre os aposentados - a possibilidade de uma pessoa morrer doze anos após sua aposentadoria. Como eu me aposentei em 2009, meu ano de "abate" seria (ou será) 2021. Aí...

Se, por outro lado, eu atingir a idade com que morreu meu pai, viverei até os oitenta e cinco anos. Como estou hoje com 69 anos, terei mais 16 anos para exalar todos os arrependimentos, rancores e frustrações. Assim, mesmo que nada ainda seja alarmante, para o bem e para o mal (talvez o correto fosse dizer para o mal e para o mal), já vivi a maior parte da duração da minha vida, pouco importando se terei dezesseis ou apenas dois anos a mais de vida. E foi com esse raciocínio que resolvi registrar meu testamento afetivo.

Foi aí que encarei o primeiro "quebra-molas". Quais objetos teriam realmente algum significado sentimental para mim a ponto de querer identificá-los para meus quatro filhos? Um violão Di Giorgio "Autor 3" que custou três meses de salário de minha então namorada? Os discos de vinil dos Beatles? Ou seriam talvez os CDs que os substituíram? Uma palheta que minha cunhada ganhou em 1986 do B.B. King? A coleção completa da revista de quadrinhos "Grilo"? Os três primeiros LPs do João Gilberto? Os oito números da revista "O Bicho"? A coleção incompleta das revistas do "Fradim"? A bolinha de gude vermelha que a avó de meus primos ricos trouxe da Itália? Jornais e revistas alternativas do final da década de 1960 e início de 1970? Todos os mais de quinhentos vinis que fui comprando, ganhando de presente ou herdando? Um porrilhão de livros já lidos e esquecidos nas prateleiras?

Examinando com mais atenção esse pacote de inutilidades guardadas há tanto tempo, resolvi separar o violão, a coleção completa do "Grilo", os vinis dos Beatles e a bolinha de gude vermelha. E surgiu o segundo quebra-molas. Mesmo que a ideia fosse deixar um testamento sentimental, não há como negar que esses objetos possuem algum valor monetário no "mundo real".

Provavelmente, o item mais valioso do ponto de vista financeiro seria o violão. Se não estivesse com um quebradinho provocado por um acesso de fúria e com o braço empenado em decorrência de ter sido guardado com as cordas tensionadas por 49 anos, poderia valer uns R$1.500,00 (segundo o "Mercado Livre"). O segundo item seria o pacote de vinis dos Beatles que, se não estivessem arranhados de tanto ser tocados, talvez valesse uns R$500,00. A coleção da revista Grilo viria em seguida (48 números a R$10,00 cada) e o quarto objeto seria a bolinha de gude. Quanto valeria? Nada. O motivo de ter sido escolhida é o fato de tê-la ganhado por volta de 1957, enquanto via vários brinquedos espetaculares italianos sendo entregues a meus primos. Essa bolinha é, talvez, o objeto de maior significado, justamente por simbolizar o fosso sempre visível que me separava da vida confortável dos meus primos.

Identificado o valor comercial dos itens selecionados, precisava agora superar o maior de todos os obstáculos. Não mais um quebra-molas, mas um muro de causar inveja ao Donald Trump: o que deixar a cada um dos filhos? Ou melhor, quem ganharia o quê? Como ser justo ao fazer a partilha de itens tão desiguais? Aliás, supondo que já guardem objetos ligados à sua própria memória afetiva, quem me garante que desejariam ficar com objetos que nada significam para eles?

Foi aí que me dei conta - mais uma vez! - de que tenho mania de querer controlar tudo, até mesmo o pós-vida (e pensar que não consigo controlar nem a língua portuguesa!). Tentei duas vezes com o Blogson e estaria agora fazendo um upgrade desse comportamento, como se conseguisse "ver" meu último desejo satisfeito. Com o blog isso até parecia fácil (mesmo não tendo conseguido). Mas, até onde sei, os mortos são muito vivos, pois estão pouco se lixando para quem ainda respira e se preocupa com idiotices como esta. Por isso, resolvi me fingir de morto e não fazer nada. E eles que dividam entre si como quiserem, se quiserem, meus fetiches afetivo-sentimentais. Talvez resolvam doar tudo para um bazar de igreja ou coisa semelhante ou, até, tal como fizeram os filhos do personagem do conto "O sentido da Vida" (publicado neste blog), resolvam jogar tudo fora, pois talvez nada do que foi guardado tenha algum valor para eles ou mereça sua atenção.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

SORRY, PERIFERIA


Foi no ano de 1986 que velho e bom Riley Ben King deu as caras por aqui pela primeira vez. Apresentou-se em Belo Horizonte e mais três ou quatro cidades., A história da apresentação em Beagá foi contada no post

A finada TV Manchete exibiu a gravação do show em São Paulo, etc. etc. Aliás, et coetera não, pois o também finado Celso Blues Boy subiu ao palco, pegou a Lucille, fez um pequeno solo (desafinou no final, mas tudo bem) e foi aplaudido pelo B . B. King.

Minha cunhada subiu ao palco e ganhou do B. B. King uma palheta, uma caneta e um autógrafo no programa do show. Ainda tenho a palheta, a caneta ela deu para alguém, mas acreditava ter dado o autógrafo para um dos meus filhos. Ontem, ao procurar uma certidão de nascimento, descobri que o programa estava guardado no mesmo lugar.

Pois bem, só para completar a história contada em 2015, resolvi escanear e postar a página autografada. Como diria outro finado, o colunista Ibrahim Sued, “Sorry, periferia”. Olhaí.



segunda-feira, 23 de setembro de 2019

QUARTA LEI DE NEWTON


- Sabe o que diz a Terceira Lei de Newton?

“O quadrado da hipotesuda é igual à soma dos quadrados dos cacetes”.

- Burro! Isso é o teorema de Pitágoras. Além do mais, o trocadilho é horroroso!

- É que eu nunca fui ligado nessas paradas...

- A Terceira Lei de Newton diz o seguinte: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”.

-  Ah, Química nunca foi o meu forte...

- Jumento, Não é Química, é Física! Isso é que dá não ter concluído o segundo grau!

- Tá bom, Einstein! E qual é o motivo de estar enchendo meu saco tão cedo?

- É que eu pensei em outra utilidade para essa lei. Tá interessado em saber?

- Apesar de não ter concluído o segundo grau, eu sou um cara educado (ao contrário de alguns gênios que conheço!). Por isso, estou escutando. Diz aí.

- Veja bem, talvez graças ao incentivo do Messias ou até mesmo por burrice deles próprios, os apoiadores incondicionais do Mito estão provocando no resto da população uma reação de mesma intensidade e contrária às idiotices que postam e compartilham nas redes sociais, entendeu?

- Mais ou menos. Explica melhor...

- O que está acontecendo é que até mesmo quem torce para o atual governo dar certo não aguenta mais ler ou ouvir a montanha de babaquices que os Bolsominions ultra radicais têm feito circular na internet. Parece que eles têm necessidade de provar a todos e a si mesmos que elegeram a pessoa certa, o salvador. Assim, conseguem ser mais truculentos e descontrolados que o próprio Messias. Com isso, amplificam também sua (dele) rejeição. Que tal?

- Faz sentido, faz sentido... Mas se você falar isso com um desses pitbulls, a 
"reação" (gostou dessa, "Newton"?) vai ser querer comer o seu fígado e ainda vai te chamar de comunista!

- Comunista é a mãe dele, comunista é a puta que pariu!


domingo, 22 de setembro de 2019

CERTO DIA... (ERA DOMINGO)


VIVA A DEPRESSÃO!


O título deste post poderia ser visto como uma ironia sádica ou uma afronta gratuita dirigida a todos que padecem deste distúrbio mental, mas não é essa a intenção. Segundo li na internet, o “distúrbio depressivo maior (DDM)” conhecido simplesmente como depressão, é um distúrbio mental “que pode afetar de forma negativa as relações familiares da pessoa, o trabalho, a vida escolar, o sono, as refeições e a saúde em geral”.

Descobri também que em 2013 “o distúrbio depressivo maior afetava aproximadamente 235 milhões de pessoas em todo o mundo (3,6%)”, que a.”percentagem de pessoas afetadas em determinado momento da vida varia entre 7% no Japão e 21% em França” e que a “taxa ao longo da vida é maior nos países desenvolvidos (15%) do que nos países em vias de desenvolvimento (11%)”.

Finalmente, fiquei sabendo que aqueles que andam com um black dog ao lado (assim Winston Churchill chamava sua depressão) podem apresentar pelo menos 5 dos sintomas listados a seguir, por um período superior a duas semanas:
· Desânimo na maioria dos dias e na maior parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio da irritabilidade)
· Falta de prazer nas atividades diárias
· Perda do apetite e/ou diminuição do peso
· Distúrbios do sono — desde insônia até sono excessivo — durante quase todo o dia
· Sensação de agitação ou languidez intensa
· Fadiga constante
· Sentimento de culpa constante
· Dificuldade de concentração
· Ideias recorrentes de suicídio ou morte
· Começa a se preocupar com os pequenos problemas da vida
· Tem dificuldade para tomar banho, ler um livro e até coisas simples como assistir televisão
· Automutilação

Então, depressão não é brincadeira, é coisa realmente séria. De uns tempos para cá - mesmo não sabendo com precisão desde quando -, tenho andado deprimido, às vezes mais, às vezes menos. Não é uma boa sensação, podem acreditar. Mesmo que nunca pense em suicídio, há momentos em que imagino que o melhor para mim seria estar morto. Talvez isso resolvesse muitos dos meus problemas. Pesadelos recorrentes, por exemplo, seriam um deles. Dores físicas, medo de tudo, sensação de abandono, de inadequação, de velhice, desânimo, tristeza, arrependimento, insônia, tudo isso acabaria definitivamente.

Por isso, ao escolher o título do post não quis tripudiar sobre a dor alheia, pois todos aqueles que andam com seu black dog são meus irmãos, franciscanamente falando. Mas, outro dia, ocorreu-me o pensamento que explica a escolha do título. O lance é o seguinte:

Quando você está deprimido a primeira coisa que acontece é ver desaparecer o orgulho, a vaidade e a sensação de onipotência ou onisciência. Você deixa de ser o dono da verdade, o rei da cocada, o Messias ou qualquer coisa do gênero. A depressão te redimensiona, reformata, serve de espelho para refletir sua insignificância, sua pequenez, mediocridade, mesquinhez.

Conheço alguém que foi um grande professor de matemática. No ápice da carreira, o sujeito ficou tão vaidoso que passou a falar de si mesmo na terceira pessoa (assim como fazia o Pelé): “porque o Fulano faz isso”“o Fulano já comeu...”, etc. Era um saco conversar com ele, pois só sabia contar vantagem e se endeusar. Na vida pessoal e familiar, no entanto, era um merda completo, um cara egoísta, egocêntrico e desprezível. Hoje, perdido o status de fodão, já não fala mais “o Fulano é isso”. Mas continua um merda.

Mesmo que às vezes comente alguma coisa na terceira pessoa ("Jotabê é assim..."), faço isso de sacanagem, só para ironizar gente como esse meu conhecido. Mas a auto-indulgência e vaidade fazem parte de meu comportamento ("querer ser mais do que valem..."), Por isso, este é também o meu caso. Mas, graças à depressão, (re)descobri minha estatura intelectual ao reler os posts do velho Blogson. Da mesma forma, ao relembrar meu comportamento inseguro, descompromissado e até  irresponsável nas empresas onde trabalhei, hoje consigo ver minha verdadeira dimensão profissional. Nos dois casos (para ficar só neles), estatura de anão, gnomo ou pigmeu.

E esta é a mensagem do post, verdadeira teoria miojo (aquela que fica pronta em três minutos): a depressão não anula as qualidades reais de ninguém, mas traz de volta à terra o balão com os atributos equivocadamente auto-concedidos. É por isso que eu digo: Viva a Depressão!

sábado, 21 de setembro de 2019

PLACA DE CIRCUITO DESINTEGRADO

Esta placa foi imaginada originalmente para ser postada no meu perfil de Facebook (eu não sei por que ainda continuo com essa merda!), só para provocar meus "amigos", graças às "maravilhas" que me obrigam a ler todos os dias (eu devo ser masoquista, só pode!). Mas achei que não valia a pena fazer esse jogo idiota. Só que deu trabalho para fazer a “placa”. Por isso, resolvi trocar a palavra "perfil" para "blog", pois eu sou um acumulador do lixo que eu mesmo produzo..



THE NINES MATH WALL CLOCK - DESCONHECIDO

Quem bolou esse relógio é um gênio! Quero ver quem vai se lembrar do fatorial...

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

DEPRESSÃO - FERNANDO CARAMURU

Este é o segundo poema de autoria do Fernando Caramuru que posto aqui no Blogson. Caramuru é um sujeito simpaticíssimo que conheci quando ele ainda era o diretor de um colégio que ficava bem em frente à nossa casa e onde minha mulher dava aulas de português. Já naquela época, no início da década de 1970, os alunos eram aquele aborrecimento que só os que moram nas proximidades de um colégio conhecem (creio que hoje está pior). Por isso, em virtude das aporrinhações da meninada (ovos, bombas, correria, gritaria, etc.), eu dizia que ele era "meu melhor inimigo" ou "meu inimigo predileto", não me lembro mais. E ríamos dessa idiotice.

Pois bem, tenho hoje a honra (honra mesmo!) de tê-lo como "amigo de Facebook". Mas, ao contrário de alguns desses "amigos" (que ninguém nos ouça - ou leia), o sentimento de amizade que tenho por ele é real, pois, como já disse umas duzentas vezes, só tenho respeito pela Inteligência. E isso ele tem de sobra. 

Hoje o sacana (no bom sentido!) postou um poema tão espetacular que não tive dúvida: mesmo sem sua autorização, resolvi divulgá-lo aqui no "blog da solidão ampliada". É muito bom!


A rua por onde passo
Não mais passa por mim
Tem muito do que não fui
E muito do que não sou

Falaram ser eu valente
Disseram lindo eu ser
Se já fui o que não fui
Não sou o que mostro ser

Da vida de minha vida
À vida de ter que ter
A vida é sim e não
Não ou sim ela não é

É ainda sim e sim
E não e não também é

Dizer eu amo você
Se a amar é bisar
O amor se faz ato
E no ato se declara

Eu amo muito viver
Mas morrer às vezes quero
Morro após querer vida
Vivo após querer morte

No querer querer em falta
E não não querer também
A vontade me esvai
O chão que piso me foge

Fraco já antes estava
Forte me acho depois
A vida já não a quero
Morrer já não me importa

Se salvo dessa penúria
Alegria me habita
E euforia me vem
A crise elas aventam

Sou forte e fraco sou
Fraco ou forte não sou
Deprimido, não me mato
Não há força para tanto

Depressão falta me faz
Viver sem ela não sei
Fico muito deprimido
Quando ela não me vem

Caramuru, dedicado não sei a quem.

domingo, 15 de setembro de 2019

NÚCLEO DURO


Eu odiei cada dia em que a Dilma ocupou a presidência da república, justamente por seu autoritarismo, sua prepotência, despreparo e burrice mesmo. Por outro lado, sempre desejei que o presidente do Brasil (qualquer que fosse ele ou ela) tivesse a elegância, ponderação, cultura e equilíbrio do FHC, do Obama e até mesmo do Temer (sem a roubalheira). Infelizmente, isso tem ficado longe de Brasília desde o primeiro mandato do Lula. Mas, agora, com o "consagrado" (adorei essa palavra!), o destempero verbal, a grossura e truculência tem atingido níveis inacreditáveis, tanto do "mito" quanto de seus fanáticos seguidores.

Segundo li recentemente, “o núcleo duro de apoio a Bolsonaro é de 12% da população”. Esses 12% correspondem à parcela de apoiadores incondicionais do capitão. Como não tenho mesmo nada para fazer, resolvi testar esse percentual nos meus 145 “amigos de Facebook”.

Seria uma tarefa difícil, já que alguns desses “amigos” são ilustres desconhecidos que nunca encontrei pessoalmente (esse é o milagre das redes). Mesmo assim, resolvi encarar. O primeiro passo foi calcular quantos dos 145 corresponderiam aos 12%. Tarefa fácil, cheguei a uma população de 17 amigos.

Mas, quem seriam eles? Ou melhor, quem - mesmo diante das barbaridades que o capitão diz -  continuaria a apoiá-lo cegamente? A solução foi estabelecer alguns critérios. Se a resposta provável às perguntas que formulei mentalmente fosse “sim”, o amigo ganharia o carimbo “12%”.E as perguntas foram estas:

- Já compartilhou post que diz “sou 100% isso, 100% aquilo, etc.”?
- Já foi a manifestações a favor do presidente e/ ou do Moro?
- Já chamou a Rede Globo de “Globolixo”?
- Já riu de ou concordou com comentários sádicos feitos pelo presidente sobre pessoas torturadas no passado?
- Chama o capitão de “Mito”, “Meu presidente” ou “Consagrado”?
- Compartilha e publica posts com ofensas gratuitas a pessoas cujo único pecado é deplorar as declarações e atitudes inconsequentes do Jair?
- Acredita que o “achismo” do presidente é mais importante que dados científicos que o contradigam?

Com base nesse critério e sem perguntar nada a ninguém, apenas me baseando nos posts que vejo no Facebook, fiz uma avaliação descompromissada dos meus "amigos", chegando à conclusão de que 16 deles (11% do total) podem muito bem pertencer ao tal “núcleo duro”. Curiosamente (ainda bem!), o maior percentual (65%) foi de gente moderada - ou silenciosa. A Esquerda foi representada por 12% dos amigos e a Direita não radical pelos 12% restantes.


Só faltou tirar alguma conclusão desses números, ,mas não quis fazer nenhuma análise nem refletir nada sobre isso. Só tenho a lamentar o comportamento agressivo, intimidador e radical dos "12 %" - verdadeira tropa de choque - que, ao sair em defesa de um messias que não passa de mito (aquele que diz candidamente não ser radical!), são capazes de compartilhar e curtir frases como esta:

“Toda essa gritaria diária contra o governo Bolsonaro é abstinência de roubo”.

Como assim, cara pálida? Diante de tanta imbecilidade, eu, que torço pelo sucesso deste governo, tive vontade de responder que abstinência de roubo é a puta que pariu! Mas deixei pra lá, pois como teria dito Sócrates:

"Um idiota só já é o bastante, não há necessidade de dois". Neste caso não há só dois, há uma manada.


P.S. No dia 08/09, depois de ter escrito este texto (às vezes eu deixo um texto mais "áspero" de molho por alguns dias, só para maturar um pouco), um "amigo de Facebook" postou esta inacreditável frase:


Ontem depois do desfile, os "botões dourados" deveriam ter dominado o STF com uma tropa. Seria um desfecho maravilhoso!

Depois disso, acho que vou atualizar minha vacina antirrábica, pois não quero ser mordido também. Sei lá, nunca se sabe de onde pode surgir um cachorro louco...




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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

LARGA ESSE LINGÜIÇA, MENINO!


Como meus três leitores identificáveis sabem, o Blogson Crusoe foi “executado” em 07/06/2019, aniversário do blog e do blogueiro que vos fala (escreve). O motivo era o fato de ter-se transformado em um poltergeist a me assombrar o tempo todo. Mas o mal já estava feito. Por isso, graças a uma síndrome de abstinência blogosférica, apenas sete dias depois da eutanásia surgiu o inenarrável blog “Lingüiça no Fumeiro” (com trema, mesmo correndo risco de que alguém fizesse um jogo infame de palavras ao dizer “não trema no Lingüiça”).

O novo blog recebeu esse nome graças a uma das lembranças e histórias da infância de meu pai, contadas quando ainda éramos crianças. Lembro-me de alguns desses casos e de seus protagonistas, mas o episódio que inspirou o título do blog, infelizmente está incompleto em minha mente. Lembro-me da personagem principal, consigo visualizar o cenário, mas a frase engraçada e (imagino) poética que seria o desfecho da história, parece ter-se perdido para sempre.

Mas a carne é fraca e o Lingüiça, mole (o blog, bem entendido). Por isso, fui abduzido pelo fantasma do Blogson, deixei de lado o Lingüiça (esse terreno está muito pantanoso e esquisito!) e voltei de mala e cuia para o blog da solidão ampliada.

Como se sabe, a sina de qualquer blogueiro é inventar assunto para seu esfomeado tamagotchi. Por isso, mesmo não me lembrando integralmente da história que fez surgir o Lingüiça (isso está estranho!), e como homenagem a meu pai e a todas as participantes do episódio, tentarei contar o que consegui buscar na memória. Para cobrir alguns dos buracos existentes (???), vou dar uma passada na casa onde morei até me casar.

Nessa casa (de minha avó materna) existiu um fogão a lenha construído com tijolos e revestido com argamassa vermelha, acabamento liso (natado). Tinha um sistema de serpentina para aquecimento de água (que não funcionava, graças às incrustações depositadas no interior dos tubos galvanizados), um nicho fechado com porta metálica que seria utilizado para forno, trempe de ferro fundido e uma chaminé de alvenaria para exaustão da fumaça. Quando eu tinha uns dez ou onze anos, foi demolido e substituído por um “moderníssimo" fogão a querosene ou coisa parecida.

Imagino que no início do século XX todas as casas mais simples possuíam um fogão de lenha como esse. Também existia um na casa de meus avós paternos, em São José dos Oratórios (distrito de Ponte Nova). A única diferença que consigo imaginar (além das dimensões e outros detalhes construtivos) é que existia um pau roliço pendurado sobre o fogão, onde se colocava parte da produção caseira de linguiças, que iam sendo defumadas graças ao calor e à fumaça da lenha queimada para o preparo das refeições da família.

E é aí que entra a protagonista dessa história, uma mulher meio louca, meio desaforada e talvez já um pouco idosa, que às vezes ia à casa de minha avó pedir esmola ou comida, se não me engano. Pelo menos para meu pai e seus irmãos era conhecida por "Sá Maria me Atende" (a súplica transformada em apelido!).

Creio que em um dia qualquer, Sá Maria entrou na casa, provavelmente pela cozinha, e pediu comida. Uma de minhas tias, talvez desejando verdadeiramente ajudar a coitada, ofereceu trabalho a ela. E a surpresa veio com a resposta dita de forma irônica e lírica, dizendo que aceitava galinha assada e "linguiça no fumeiro", mas de trabalho estava fugindo. E nunca mais voltou a por os pés na casa de minha avó. É uma historinha boba? Certamente que é, mas a frase esquecida é que daria sabor a esse "causo", talvez um sabor de linguiça caseira defumada lentamente.


Com formato ligeiramente diferente, este texto foi publicado no novo (e logo abandonado) blog. Cheguei até a fazer um desenho a partir da imagem de um fogão encontrada na internet, coloquei algumas linguiças no desenho, dei uma colorida e coisa e tal. Mas sendo uma cavalgadura digital, não consegui descobrir como poderia exibir minhas linguiças (isso ficou estranho!) como pano de fundo do novo blog, agora abandonado. Por isso, resolvi reciclar o texto e o desenho para criar este post. Olha o fogão aí, olha lá as linguiças desfalecidas.





quinta-feira, 12 de setembro de 2019

ALGORITMO DA JUSTIÇA


Outro dia ouvi no rádio um comentário escandalizado de alguém sobre uma ação que teria sido julgada no STF 96 anos após a abertura do processo. Infelizmente, não consegui saber de que se tratava. Tentei encontrar alguma coisa na internet e só descobri que o processo mais antigo já julgado pelo STJ no Brasil tramitou durante 123 anos.

É bizarro saber que os autores foram o Conde D'Eu e a princesa Isabel, alegando ter direito à indenização do governo brasileiro pela tomada do palácio Guanabara após o fim da monarquia e a proclamação da República, em 1889. “Segundo a família Orleans e Bragança, o palácio fazia parte dos bens privados da família, que também pediu à Justiça a restituição do imóvel”. E o pior é que, depois de todo esse tempo, a indenização e a restituição foram negadas. Que se pode dizer a respeito? “D’Eu ruim, heim, Conde?”

Falando francamente, essa é mais uma prova de que “o Brasil não é para amadores”. Se alguém resolve abrir um processo na justiça é porque entende ser esse o único caminho possível para resolver alguma pendência de forma civilizada. E, em minha opinião, o prazo gasto para o tal “trânsito em julgado” é um bom indicador para o estágio civilizatório em que se encontra um país.

Nos últimos tempos, a mídia tem divulgado falas, opiniões, decisões, reclamações e todo tipo de notícia sobre os ministros do STF e outros menos votados. Como não sou advogado, espanto-me com decisões “autocráticas” de algumas Excelências que aparentam não ter levado em conta as consequências imediatas de suas decisões – que poderão ser depois revogadas pela “turma” ou pelo “pleno” (estou andando com muita dificuldade nesta introdução). E uma delas (para não me deter sobre a razoabilidade dessa ou daquela decisão) é justamente a escolha de qual processo entrará na pauta de julgamento.

Sabendo da montanha de processos que existe para ser examinada e destrinchada antes do encaminhamento para votação, imaginei que deveria ser criado um algoritmo para por ordem na casa. No caso específico, ordem mesmo. Esse algoritmo deveria contemplar alguns critérios fundamentais, cada um com determinado peso. O resultado da equação montada seria uma nota de precedência, que seria utilizada para definir a pauta de votação. Entre esses critérios (que poderiam ser outros), imagino estes quatro:

- Data de abertura do processo na primeira instância. Assim, o processo mais antigo receberia maior pontuação;
- Abrangência da decisão. Nesse caso, um processo de interesse coletivo prevaleceria sobre os que dissessem respeito apenas a uma pessoa ou pequeno grupo de interessados;
- Maior ou menor Impacto econômico (ou político) do resultado;
- Complexidade do tema. Quanto mais complexo, maior tempo demandaria para análise. Nesse caso, a prioridade seria daqueles de entendimento mais rápido.

Como diria o John Lennon, “you may say I’m a dreamer”, mas talvez fosse uma boa ferramenta para fazer andar mais rápido a justiça mais lenta do mundo. Alguém aí se habilita?

COMEÇA HOJE!

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