quarta-feira, 11 de setembro de 2019

21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21 - YUVAL NOAH HARARI

Estou lendo “21 lições para o século 21”, mais um livro do israelense Yuval Noah Harari. Assim como seu antecessor “Sapiens”, é extremamente perturbador. Suas projeções para o futuro próximo são de arrepiar, principalmente por utilizar dados e informações atualmente disponíveis. Um dos trechos mais surpreendentes fala da utilização de computadores nos jogos de xadrez. Como meu amigo virtual Ozymandias é chegado nesse jogo de tabuleiro, resolvi transcrever o trecho que fala sobre isso. Olhaí.

           (...) equipes centauros formadas por humanos e computadores provavelmente serão caracterizadas por um constante cabo de guerra entre humanos e computadores, em vez de se acomodarem numa parceria duradoura. Equipes formadas apenas por humanos - como a de Sherlock Holmes e Dr. Watson - normalmente desenvolvem hierarquias e rotinas permanentes que duram décadas. Mas um detetive humano que fizer uma equipe com o sistema Watson de computadores da IBM (que se tornou famoso depois de vencer o programa de perguntas Jeopardy!) vai descobrir que toda rotina é um convite à ruptura, e toda hierarquia um convite à revolução. O parceiro de ontem pode se metamorfosear no superintendente de amanhã, e todos os protocolos e manuais terão de ser reescritos a cada ano.

Um olhar mais atento ao mundo do xadrez poderia indicar para onde as coisas estão se dirigindo no longo prazo. É verdade que durante vários anos após a derrota de Kasparov para o Deep Blue a cooperação humano-computador floresceu no xadrez. Mas em anos recentes os computadores ficaram tão bons no xadrez que seus colaboradores humanos perderam o valor, e logo poderão se tornar totalmente irrelevantes.

Em 7 de dezembro de 2017 um marco crucial foi atingido não quando um computador derrotou um humano no xadrez - isso não era novidade -, mas quando o programa AlphaZero, do Google, derrotou o programa Stockfish 8. Stockfish 8 foi o campeão mundial de xadrez de 2016. Tinha acesso à experiência humana acumulada no xadrez, bem como de experiências de computadores. Era capaz de calcular 70 milhões de posições por segundo. Em contraste, o AlphaZero calculava apenas 80 mil posições por segundo, e seus criadores jamais lhe ensinaram estratégias de xadrez – nem aberturas ordinárias. Em vez disso, o AlphaZero jogava contra si mesmo, utilizando os mais recentes princípios de autoaprendizado de máquina. Não obstante, em cem partidas contra o Stockfish 8, o AlphaZero venceu 28 e empatou 72. Não perdeu nenhuma. Como o AlphaZero não tinha aprendido nada de qualquer humano, muitos dos movimentos e estratégias vencedores pareciam não convencionais aos olhos humanos. Agora podem ser considerados criativos, se não simplesmente geniais.

Dá para imaginar quanto tempo o AlphaZero levou para aprender xadrez do zero, preparar-se para o jogo contra o Stock 8 e desenvolver seus instintos de gênio? Quatro horas. Não é um erro de digitação. Durante séculos, o xadrez foi considerado uma das glórias supremas da inteligência humana. O AlphaZero passou da ignorância total à maestria criativa em quatro horas, sem a ajuda de qualquer orientação humana.

O AlphaZero não é o único software imaginativo que existe. Agora, muitos programas vencem rotineiramente jogadores humanos de xadrez não só em capacidade de cálculo, mas até mesmo em “criatividade". Em torneios de xadrez só para humanos, os juízes estão sempre de olho em jogadores que tentam trapacear com a ajuda de computadores. Um dos modos de pegar essas trapaças é monitorar o nível de originalidade demonstrado pelos jogadores. Se fizerem um movimento muito criativo no tabuleiro, os juízes em geral vão suspeitar de que não pode ser um movimento humano - deve ser um movimento feito por um computador. Pelo menos no xadrez, a criatividade já é marca registrada de computadores, e não de humanos!


8 comentários:

  1. agora só falta um t-1000 andando na rua

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    1. Ilumine minha ignorância. O que é um t-1000?

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    2. T-1000 é aquele exterminador do futuro feito de um metal semelhante ao mercúrio, que podia assumir as mais variadas formas e que deu um trabalhão desgraçado pro Arnold.
      https://exterminadordofuturo.fandom.com/pt-br/wiki/T-1000

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  2. Ah, bom! Aliás, um ótimo filme. Eu gosto muito da canastrice do Schwarzenegger ("Hasta la vista, baby", etc.) Já o Stallone, acho um pé no saco.

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    1. Que isso, Jotabê? O cara é o Rocky Balboa...

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    2. Pois é, meu caro enxadrista, por isso mesmo. Ou melhor, estou pouco me lixando para isso. Dos filmes do Stallone mais recentes só me lembro de ter visto Rambo 1, pois nunca fui com a cara do ator (eu sou preconceituoso!). Para ser sincero, O Chivas zé neguer parece se divertir com aquela piração toda e imagino que não se leva muito a sério. Já o Rambo parece ser o contrário, ao se levar muito a sério, coisa que não combina comigo. Por isso, como diria o Raul, "eu acho tudo isso um saco". Mudando de assunto: já conhecia o texto deste post?

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    3. Eu concordo com o Ozymandias e com você ao mesmo tempo. O Stallone é um puta dum canastrão, mas o Rocky Balboa é um puta dum personagem. Não foi o Stallone quem consagrou o Rocky Balboa, foi o Balboa que deu o mínimo de legitimidade ao garanhão italiano.

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    4. Tô achando que vou acabar assistindo esse filme do Rocky Balboa!

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