Este é o segundo poema de
autoria do Fernando Caramuru que posto aqui no Blogson. Caramuru é um sujeito
simpaticíssimo que conheci quando ele ainda era o diretor de um colégio que
ficava bem em frente à nossa casa e onde minha mulher dava aulas de português.
Já naquela época, no início da década de 1970, os alunos eram aquele
aborrecimento que só os que moram nas proximidades de um colégio conhecem
(creio que hoje está pior). Por isso, em virtude das aporrinhações da meninada
(ovos, bombas, correria, gritaria, etc.), eu dizia que ele era "meu melhor inimigo" ou "meu inimigo predileto", não
me lembro mais. E ríamos dessa idiotice.
Pois bem, tenho hoje a honra
(honra mesmo!) de tê-lo como "amigo
de Facebook". Mas, ao contrário de alguns desses "amigos"
(que ninguém nos ouça - ou leia), o sentimento de amizade que tenho por ele é
real, pois, como já disse umas duzentas vezes, só tenho respeito pela Inteligência. E isso ele tem de
sobra.
Hoje o sacana (no bom
sentido!) postou um poema tão espetacular que não tive dúvida: mesmo sem sua
autorização, resolvi divulgá-lo aqui no "blog
da solidão ampliada". É muito bom!
A rua por onde passo
Não mais passa por mim
Tem muito do que não fui
E muito do que não sou
Falaram ser eu valente
Disseram
lindo eu ser
Se já fui
o que não fui
Não sou o
que mostro ser
Da vida
de minha vida
À vida de
ter que ter
A vida é
sim e não
Não ou
sim ela não é
É ainda
sim e sim
E não e
não também é
Dizer eu
amo você
Se a amar
é bisar
O amor se
faz ato
E no ato
se declara
Eu amo
muito viver
Mas
morrer às vezes quero
Morro
após querer vida
Vivo após
querer morte
No querer
querer em falta
E não não
querer também
A vontade
me esvai
O chão
que piso me foge
Fraco já
antes estava
Forte me
acho depois
A vida já
não a quero
Morrer já
não me importa
Se salvo
dessa penúria
Alegria
me habita
E euforia
me vem
A crise
elas aventam
Sou forte
e fraco sou
Fraco ou
forte não sou
Deprimido,
não me mato
Não há
força para tanto
Depressão
falta me faz
Viver sem
ela não sei
Fico
muito deprimido
Quando
ela não me vem
Caramuru,
dedicado não sei a quem.
Agradeço por ter indicado. Realmente, de uma contradição feroz e bem descrita.
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