sexta-feira, 15 de maio de 2015

B. B. KING (QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE)

Na escola de engenharia fiquei conhecendo um sujeito gente fina, muito abonado, que tinha zilhões de discos. Perguntei se me emprestaria alguns e ele concordou tranquilamente, o que eu jamais faria com ninguém. Fomos até sua casa e ele me deixou escolher à vontade. Eram discos incríveis, com capas fantásticas. 

De cara, fui pegando dois do Cat Stevens, dois do Jimi Hendrix, dois do Alice Cooper, um duplo do Crosby, Stills, Nash & Young e um que me atraiu pela capa, que era absurdamente bem bolada. A capa, propriamente dita, trazia uma guitarra cujo corpo era uma melancia cortada ao meio e acoplada ao braço do instrumento, com captores e tudo mais. 

A contracapa trazia a mesma ideia, só que a melancia estava comida, as cordas soltas, etc. O nome do disco era "Indianola Mississippi Seeds". E o artista chamava-se B. B. King  - de quem eu nunca tinha ouvido falar. No total, peguei uns dez discos. Ouvi todos  várias vezes, na vitrolinha lá de casa (era o som que eu tinha). Menos o da melancia. Na época, achei o som muito esquisito.

Anos depois, já casado, resolvi ouvir os ídolos dos meus ídolos. E um deles, reverenciado por vários músicos de rock, era B. B. King. Resolvi comprar o disco da melancia (era o único que eu já tinha visto), mas nunca encontrei nas lojas. Um dia, em uma banca de saldos (as minhas preferidas), encontrei o LP "L. A. Midnight". Foi ouvir uma vez para ficar fã. A partir daí comecei a comprar - e ganhar - tudo que existia dele em vinil nacional.

Um belo dia, a notícia bomba: B. B. King viria ao Brasil e uma das cidades onde se apresentaria era Beagá. Não tive dúvida, comprei logo um par de ingressos (caros pra caramba!) e fiquei esperando o grande dia. Que não chegou. Ou melhor, só chegou para minha Amada, pois tive de viajar a serviço justamente no dia da apresentação. Para não perder o ingresso que tinha preço de joia, minha cunhada foi também. 

O pitoresco dessa história é que as duas levaram um gravadorzinho Phillips a pilha e gravaram todo o show. Não bastasse isso, ao fim da apresentação, minha cunhada voou até o palco, abraçou o B. B. King e ganhou dele uma palheta, um autógrafo no programa do show e uma caneta, que ela deu para um namorado ou amigo, não sei ao certo. Só sei que ela deu para alguém (a caneta, lógico).




Alguém, lá de trás filmou o show (uma gravação muito ruim, pois deve ter sido feita às escondidas). Um dia, descobrimos esse filme na internet. E lá estava minha cunhada no palco, com o Blues Boy King. Não sei se esse vídeo ainda está disponível na web.

Pois bem, o velho e bom Riley Ben King morreu ontem, mas eu só soube disso hoje. Certamente ele foi super homenageado em vida (lembrei-me da música do Nelson Cavaquinho) e será também a partir de agora. Por isso, minha homenagem nada acrescenta às milhares, aos milhões a que tem direito. O que ele precisa mesmo é ser ouvido. E com alegria, com prazer. Por isso, escolhi uma música ("I like to live the love") que se encontra no segundo disco que comprei. Não é exatamente um daqueles blues chorosos, mas é ótima de se ouvir. Espero que gostem e se divirtam. Se alguém quiser conhecer a letra com uma tradução feita pelo Google, aí vai também.
   




My song is a serious matter
It reflects what I feel
If I say I love you, I mean it
'Cause in my song
Every line is for real

Every man or woman
Enjoys a sweet home
To a peaceful situation
To give love and receive love
Without any complications

Whether my tune is short or long
Whether my lyrics are weak or strong

I like to live the love
That I sing about in my song
I like to live the love
That I sing about in my song

Music is love
And my love is music
In perfect harmony
So when I sing
I have sung all about
The love of you and me

I never got angry with my guitar
'Cause when I strike a chord
It gives me what I wanna hear
So I'm finding out that
We are quite like my song together, my dear

Outside answers
Should always be forbidden
Problems should be solved
And never hidden

I like to live the love
That I sing about in my song
I like to live the love
That I sing about in my song
Minha música é uma coisa séria
Ela reflete o que eu sinto
Se eu digo eu te amo , eu quero dizer isso
Porque na minha canção
Cada linha é real

Todo homem ou mulher
Gosta de seu doce lar
Para uma situação pacífica
Para dar amor e receber amor
Sem quaisquer complicações

Se minha música é curta ou longa
Se minhas letras são fracas ou fortes

Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música

Música é amor
E meu amor é música
Em perfeita harmonia
Então, quando eu canto
Eu cantei tudo sobre
O amor de você e de mim

Eu nunca fiquei com raiva da minha guitarra
Porque quando eu golpeio uma corda
Ela me dá o que eu quero ouvir
Então, eu estou descobrindo que
Estamos completamente como minha música juntos, minha querida

Outras respostas
Deveriam sempre ser proibidas
Os problemas deveriam ser resolvidos
E nunca escondidos

Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música

2 comentários:

  1. Que sua cunhada tenha dado (a caneta, lógico) é problema dela, mas pelo menos ela ainda tem a palheta?

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  2. Você abraçou a piada. Muito bom. A palheta é minha, assim como a revista autografada também era. Não me lembro muito bem, mas creio que dei a revista para um de nossos filhos. O fato é que ela sumiu daqui de casa. A palheta continua firme. A curiosidade é que ela é uma palheta dura, talvez adequada para as cordas de uma guitarra, mas ruim para espancar um violão com cordas de nylon. Continua virgem até hoje (a palheta, lógico).

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