Na escola de engenharia fiquei conhecendo um
sujeito gente fina, muito abonado, que tinha zilhões de discos. Perguntei se me
emprestaria alguns e ele concordou tranquilamente, o que eu jamais faria com
ninguém. Fomos até sua casa e ele me deixou escolher à vontade. Eram discos
incríveis, com capas fantásticas.
De cara, fui pegando
dois do Cat Stevens, dois do Jimi Hendrix, dois do Alice Cooper, um duplo do
Crosby, Stills, Nash & Young e um que me atraiu pela capa, que era
absurdamente bem bolada. A capa, propriamente dita, trazia uma guitarra cujo
corpo era uma melancia cortada ao meio e acoplada ao braço do instrumento, com
captores e tudo mais.
A contracapa trazia a
mesma ideia, só que a melancia estava comida, as cordas soltas, etc. O nome do
disco era "Indianola Mississippi Seeds". E o artista
chamava-se B. B. King - de quem eu nunca tinha ouvido falar. No total,
peguei uns dez discos. Ouvi todos várias vezes, na vitrolinha
lá de casa (era o som que eu tinha). Menos o da melancia. Na época, achei o som
muito esquisito.
Anos depois, já
casado, resolvi ouvir os ídolos dos meus ídolos. E um deles, reverenciado por
vários músicos de rock, era B. B. King. Resolvi comprar o disco da melancia
(era o único que eu já tinha visto), mas nunca encontrei nas lojas. Um dia,
em uma banca de saldos (as minhas preferidas), encontrei o LP "L. A.
Midnight". Foi ouvir uma vez para ficar fã. A partir daí comecei a
comprar - e ganhar - tudo que existia dele em vinil nacional.
Um belo dia, a
notícia bomba: B. B. King viria ao Brasil e uma das cidades onde se apresentaria
era Beagá. Não tive dúvida, comprei logo um par de ingressos (caros pra caramba!)
e fiquei esperando o grande dia. Que não chegou. Ou melhor, só chegou para
minha Amada, pois tive de viajar a serviço justamente no dia da apresentação.
Para não perder o ingresso que tinha preço de joia, minha cunhada foi também.
O pitoresco dessa
história é que as duas levaram um gravadorzinho Phillips a pilha e gravaram
todo o show. Não bastasse isso, ao fim da apresentação, minha cunhada voou até
o palco, abraçou o B. B. King e ganhou dele uma palheta, um autógrafo no
programa do show e uma caneta, que ela deu para um namorado ou amigo, não sei ao certo. Só sei que ela deu para alguém (a caneta, lógico).
Alguém, lá de trás filmou o show (uma gravação muito ruim, pois deve ter sido feita às escondidas). Um dia, descobrimos esse filme na internet. E lá estava
minha cunhada no palco, com o Blues Boy King. Não sei se esse
vídeo ainda está disponível na web.
Pois bem, o velho e
bom Riley Ben King morreu ontem, mas eu só soube disso hoje. Certamente ele foi
super homenageado em vida (lembrei-me da música do Nelson Cavaquinho) e será também a partir de agora. Por isso, minha
homenagem nada acrescenta às milhares, aos milhões a que tem direito. O que ele
precisa mesmo é ser ouvido. E com alegria, com prazer. Por isso, escolhi uma
música ("I like to live the love") que se encontra no segundo disco que comprei. Não é exatamente um daqueles
blues chorosos, mas é ótima de se ouvir. Espero que gostem e se divirtam. Se
alguém quiser conhecer a letra com uma tradução feita pelo Google, aí vai também.
My song is a serious matter
It reflects what I feel If I say I love you, I mean it 'Cause in my song Every line is for real Every man or woman Enjoys a sweet home To a peaceful situation To give love and receive love Without any complications
Whether my tune is short or long
Whether my lyrics are weak or strong I like to live the love That I sing about in my song I like to live the love That I sing about in my song Music is love And my love is music In perfect harmony So when I sing I have sung all about The love of you and me I never got angry with my guitar 'Cause when I strike a chord It gives me what I wanna hear So I'm finding out that
We are quite like my song together, my dear
Outside answers
Should always be forbidden
Problems should be solved And never hidden I like to live the love That I sing about in my song I like to live the love That I sing about in my song |
Minha música é uma coisa séria
Ela reflete o que eu sinto
Se eu digo eu te amo , eu quero dizer isso
Porque na minha canção
Cada linha é real
Todo homem ou mulher
Gosta de seu doce lar
Para uma situação pacífica
Para dar amor e receber amor
Sem quaisquer complicações
Se minha música é curta ou longa
Se minhas letras são fracas ou fortes
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
Música é amor
E meu amor é música
Em perfeita harmonia
Então, quando eu canto
Eu cantei tudo sobre
O amor de você e de mim
Eu nunca fiquei com raiva da minha guitarra
Porque quando eu golpeio uma corda
Ela me dá o que eu quero ouvir
Então, eu estou descobrindo que
Estamos completamente como minha música juntos,
minha querida
Outras respostas
Deveriam sempre ser proibidas
Os problemas deveriam ser resolvidos
E nunca escondidos
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
Eu gosto de viver o amor
Que eu canto em minha música
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Que sua cunhada tenha dado (a caneta, lógico) é problema dela, mas pelo menos ela ainda tem a palheta?
ResponderExcluirVocê abraçou a piada. Muito bom. A palheta é minha, assim como a revista autografada também era. Não me lembro muito bem, mas creio que dei a revista para um de nossos filhos. O fato é que ela sumiu daqui de casa. A palheta continua firme. A curiosidade é que ela é uma palheta dura, talvez adequada para as cordas de uma guitarra, mas ruim para espancar um violão com cordas de nylon. Continua virgem até hoje (a palheta, lógico).
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