domingo, 10 de maio de 2015

BIZARRO

Creio que os códigos de conduta que permitiram a vida em comunidade eram no início apenas acordos mútuos, tácitos. Com o tempo, alguns teriam passado à categoria de rituais, outros à categoria de leis, outros ainda a costumes.

Mas há uma coisa que não consigo entender direito: desde o nascimento somos progressivamente moldados (ou afetados) por esse sem-número de comportamentos balizadores (na família, na escola, na profissão, na religião, no clube, nos restaurantes, na sociedade). Esses códigos são sempre repressores, impostos na marra.

Apesar disso, existem aqueles que, não contentes com seu pacote, com seu kit básico de restrições, rituais e normas, ainda buscam outros mais, com seu quê de bizarro ou ridículo (Lions Club, Ordem Rosacruz, Maçonaria, etc.). Vendo essas escolhas, fico pensando se nossos códigos são realmente repressores ou se sua carência já faz parte do nosso DNA.



2 comentários:

  1. Olha, o nosso DNA é programado para o gregarismo sim, ou, pelo menos, os nossos ancestrais cujos DNAs tinham essa programação foram sendo favoravelmente selecionados em detrimento dos que gostavam de ser solitários. Imagine você sendo um solitário, um recluso, um misantropo na época das cavernas. É claro que você não teria vida longa, a espécie humana, fisicamente falando, sempre foi inferior aos demais animais; até hoje não conseguimos pegar na corrida um simples vira-latas. Um dos segredos da atual hegemonia humana no planeta é a capacidade de se organizar em grandes bandos, e viver em grandes bandos não é tarefa fácil, é submeter seu eu-pessoal ao coletivo, tem que haver sim uma certa predisposição genética que faça o cara aturar a vida coletiva. Os predispostos ao gregarismo viveram mais que os misantropos e, consequentemente, deixaram mais descendentes, também herdeiros de seus genes gregários e assim ad infinitum. Os genes que nos chegaram aos dias de hoje são, sim, dos sobreviventes, dos que tinham essa vocação para o coletivo.
    E aí podem ser várias as maneiras pelas quais o coletivo se manifesta. A religião é uma delas, foi um dos grandes fatores agregadores da humanidade em seus primórdios. Ter predisposição à fé também é genético, muitos cientistas falam em o "gene da fé".
    A mesma necessidade, ou carência como você disse, se manifesta na forma de torcidas organizadas de time de futebol, de fãs-clubes de artistas, das panelinhas de que fazíamos parte em nossos tempos de escola etc etc

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    1. Concordo com o que disse (aliás, um comentário muito erudito). Mas o que sempre me espantou é perceber que para algumas pessoas o kit básico de sobrevivência em sociedade apenas não basta. Precisam de mais conexões que o normal (sociedades secretas, etc.).

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