Hoje em dia, parece que a moda entre alguns artistas é o estilo "ostentação". Curiosamente, essa novidade viceja justamente onde o mau gosto musical predomina - no funk e no sertanejo. Talvez para compensar uma eventual origem humilde, cheia de privações, é perfeitamente natural que esses artistas queiram ter tudo o que não tiveram antes. A questão é que, além de ter, precisam ostentar riqueza, precisam mostrar que estão por cima da carne seca, que estão com tudo, que são aqueles que têm tudo, "os tem tudo". Como a jogada é a ostentação, esses ostentadores complexados são os verdadeiros "ostentudo" (ruim não é o neologismo com erro de concordância, é a piada toda!).
"OSTENTUDO"
Esse negócio de ostentação é uma coisa curiosa. Creio que a febre começou com os cantores sertanejos. Primeiro, usando chapéus à la faroeste americano, já que esse modelo não era visto por aqui. Depois, começaram com outros adereços: fivelas do tamanho do escudo do Capitão América, pulseiras e anéis de ouro mais pesados que o Coisa ou o Hulk, botas exclusivíssimas feitas com a "pele do saco de camelo albino da Islândia", alguma coisa por aí.
A mania de ostentar riqueza atingiu seu paroxismo com os funkeiros, com suas correntes de ouro que podem provocar desvio na coluna, de tão pesadas. Bonés cujas letras e símbolos dourados são tão grandes que parecem saídas de um outdoor. Os tênis que usam (ostentam) são quase tão caros quanto uma propina do Petrolão e os carros importados são de deixar o Roberto Carlos humilhado, etc. Porque o negócio é exibir e se exibir, mostrar que a grana está sobrando.
O curioso dessa história é que o desejo dos artistas de ostentar riqueza dessa forma só impressiona as pessoas de seu próprio extrato sócio-cultural. Para as demais, é apenas uma atitude de mau gosto, jeca, brega, cafona, baranga ou over (pode escolher a gíria de acordo com sua idade).
Pensando nisso tudo, fiquei imaginando outros lugares onde a ostentação poderia se manifestar. E surgiu o desenho que encerrará este assunto. Mas esse, só amanhã.
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