quarta-feira, 3 de maio de 2017

MOTE E GLOSA - BELCHIOR // MUCURIPE - FAGNER


A primeira vez que eu ouvi falar do Fagner (e do Belchior) foi quando o tabloide O Pasquim começou a divulgar um de seus “discos de bolso”, na verdade, um compacto simples onde a música “Mucuripe”, feita em parceria com o Belchior, era provavelmente o “Lado B” do disquinho. (No “Lado A” havia uma gravação do Caetano Veloso). Isso foi em 1972 e, para quem se interessar em ouvir (vale a pena), está no Youtube.

Naquela época, achei Mucuripe uma música muito estranha e chata. Bem, eu tinha apenas 22 anos. No ano seguinte, em um churrasco ou coisa parecida, ouvi um doidão tocando e cantando a música “Hora do Almoço”. Fiquei fascinado pela música e pelos acordes, que pedi ao maluco para me ensinar, o que fez de boa.

Pouco tempo depois, o então namorado de uma das cunhadas me emprestou um disco do Belchior (que não era dele!), o primeiro LP do cantor. Como sempre fez com meus discos, com os livros de suas irmãs e qualquer outra coisa em que punha as mãos, nunca mais pegou de volta nem deu satisfação ao real proprietário do disco. Isso significa que emprestei a ele uns três LPs e nunca mais recebi de volta. Em compensação, o primeiro do Belchior continua comigo.

Por que estou falando isso? Porque com a morte do Belchior, descobri que gostava mais de suas músicas (as primeiras, pelo menos) do que jamais imaginei. E uma delas é “A Palo Seco”, que traz uma pequena curiosidade relacionada a datas. No primeiro disco, lançado em 1973, ele cantava “tenho 25 anos (...) sei que assim falando pensa que esse desespero é moda em 73”. Ao regravar essa música no disco “Alucinação”, mudou o ano para 76.

Em 1973 ele e eu éramos jovens e nem sei se o sinal estava fechado para nós. Só sei que eu gostava muito de cantar e tocar suas músicas no violão (até fazia algum sucesso com isso). Ah, e tínhamos, além da barba e cabelos grandes, muitos sonhos e talvez algum desespero. 

Para lembrar essa época (hoje estou meio nostálgico de mim mesmo), aí vai o link do primeiro LP do Belchior (completo). De brinde vai também o disquinho do Pasquim (o Fagner entra com 3:35 minutos). Olhaí.  





6 comentários:

  1. Então, você arranha um violão? Tocava em festinhas etc?
    Que idade você tinha nessa foto? Uns 45?

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    1. Só em reuniões de família, essas coisas. Eu tinha facilidade de "tirar" as músicas mais simples na hora. Na foto que você viu eu tinha exatos 23 anos (45 é sacanagem!). Mas foi excluída a pedidos. Na verdade, nem eu mesmo sei porque a divulguei. A sorte de ter poucos leitores é poder corrigir as burradas e quase ninguém perceber.

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    2. Putz! Tirou a foto a pedido de quem? Da esposa? Sem nenhuma sacanagem agora, a foto tava bem expressiva.
      E brindemos a mais esse verdadeiro gênio que se foi, Antônio Carlos Belchior.

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    3. Porra, que foto?! Só eu que não vi? Não vale. Adorei a história e os presentinhos da postagem. Sempre acho interessantes essas mémorias que a idade não me permitiu. Vou ouvir.
      "J"

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    4. Eu estava com essa ideia da foto há muito tempo. Seria uma espécie de provocação exibicionista ou coisa do gênero. Aí, em um momento mais descompensado, resolvi incluí-la na história, justamente por ter sido tirada em 1973, ano de lançamento do primeiro LP do Belchior (que tem ainda a frase do "desespero em 1973"). Mas a partir do momento que publiquei já fiquei super desconfortável, foi como se tivesse ficado nu em praça pública. Aí resolvi tirar.

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    5. Quanto às "memórias que a idade não permitiu", você as terá. Quanto a mim, preferia muito mais ter hoje a idade em que essas lembranças foram sendo guardadas, em vez de ficar apenas com as memórias (ou o que delas restou).

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FOLHA DE PAPEL

  De repente, sem aviso nenhum, nenhum indício, nenhum sinal, você se sente prensado, achatado, bidimensional como uma folha de papel. E aí....