A primeira vez que eu ouvi falar do Fagner (e
do Belchior) foi quando o tabloide O Pasquim
começou a divulgar um de seus “discos de bolso”, na verdade, um compacto
simples onde a música “Mucuripe”,
feita em parceria com o Belchior, era provavelmente o “Lado B” do disquinho. (No “Lado
A” havia uma gravação do Caetano Veloso). Isso foi em 1972 e, para quem se
interessar em ouvir (vale a pena), está no Youtube.
Naquela época, achei Mucuripe uma música muito estranha e chata. Bem, eu tinha apenas 22
anos. No ano seguinte, em um churrasco ou coisa parecida, ouvi um doidão
tocando e cantando a música “Hora do
Almoço”. Fiquei fascinado pela música e pelos acordes, que pedi ao maluco
para me ensinar, o que fez de boa.
Pouco tempo depois, o então namorado de uma
das cunhadas me emprestou um disco do Belchior (que não era dele!), o primeiro LP
do cantor. Como sempre fez com meus discos, com os livros de suas irmãs e
qualquer outra coisa em que punha as mãos, nunca mais pegou de volta nem deu
satisfação ao real proprietário do disco. Isso significa que emprestei a ele
uns três LPs e nunca mais recebi de volta. Em compensação, o primeiro do
Belchior continua comigo.
Por que estou falando isso? Porque com a
morte do Belchior, descobri que gostava mais de suas músicas (as primeiras,
pelo menos) do que jamais imaginei. E uma delas é “A Palo Seco”, que traz uma pequena curiosidade relacionada a datas.
No primeiro disco, lançado em 1973, ele cantava “tenho 25 anos (...) sei que assim falando pensa que esse desespero é
moda em 73”. Ao regravar essa música no disco “Alucinação”, mudou o ano para 76.
Em 1973 ele e eu éramos jovens e nem sei se o sinal estava fechado para nós. Só sei que eu gostava muito de cantar e tocar suas músicas no violão (até fazia algum sucesso com isso). Ah, e tínhamos, além da barba e cabelos grandes, muitos sonhos e talvez algum desespero.
Para lembrar essa época (hoje estou meio nostálgico de mim mesmo), aí vai o link do primeiro LP do Belchior (completo). De brinde vai também o disquinho do Pasquim (o Fagner entra com 3:35 minutos). Olhaí.
Então, você arranha um violão? Tocava em festinhas etc?
ResponderExcluirQue idade você tinha nessa foto? Uns 45?
Só em reuniões de família, essas coisas. Eu tinha facilidade de "tirar" as músicas mais simples na hora. Na foto que você viu eu tinha exatos 23 anos (45 é sacanagem!). Mas foi excluída a pedidos. Na verdade, nem eu mesmo sei porque a divulguei. A sorte de ter poucos leitores é poder corrigir as burradas e quase ninguém perceber.
ExcluirPutz! Tirou a foto a pedido de quem? Da esposa? Sem nenhuma sacanagem agora, a foto tava bem expressiva.
ExcluirE brindemos a mais esse verdadeiro gênio que se foi, Antônio Carlos Belchior.
Porra, que foto?! Só eu que não vi? Não vale. Adorei a história e os presentinhos da postagem. Sempre acho interessantes essas mémorias que a idade não me permitiu. Vou ouvir.
Excluir"J"
Eu estava com essa ideia da foto há muito tempo. Seria uma espécie de provocação exibicionista ou coisa do gênero. Aí, em um momento mais descompensado, resolvi incluí-la na história, justamente por ter sido tirada em 1973, ano de lançamento do primeiro LP do Belchior (que tem ainda a frase do "desespero em 1973"). Mas a partir do momento que publiquei já fiquei super desconfortável, foi como se tivesse ficado nu em praça pública. Aí resolvi tirar.
ExcluirQuanto às "memórias que a idade não permitiu", você as terá. Quanto a mim, preferia muito mais ter hoje a idade em que essas lembranças foram sendo guardadas, em vez de ficar apenas com as memórias (ou o que delas restou).
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