Dia
desses (re)li que o cantor Belchior deixou inacabada sua tentativa de traduzir a
Divina Comédia, de Dante Alighieri. Acontece que essa obra já tem quatro ou
mais traduções para o português. Para que mais uma? Aí fiquei pensando que
tarefa árdua deve ser traduzir um texto tentando manter o ritmo, as rimas e o
sentido existente no original.
Você
pode tentar manter a cadência e o sentido, mas abandona a rima - há uma versão
em prosa -, ou tenta manter os versos rimados, mas atropela - ou altera - a elegância das
frases originais. Sem falar na impossibilidade de reproduzir eventuais jogos de palavras
ou qualquer outra coisa que corrobore a expressão italiana “traduttore,
traditore”. Bem
mais fácil é fazer uma versão que mantenha apenas o sentido básico. Aparentemente,
era isso que o Belchior pretendia, fazer uma versão “popular” do poema.
Em um dia de muitas certezas e pouca humildade, afirmei que “estou em cada trecho de memória, em cada piada sem graça, em cada rabisco que teimo chamar de desenho. Sou eu que estou ali”. Hoje, não com tantas certezas assim e com um pouco mais de humildade, me pergunto até que ponto isso é verdade.
Essa é toda ela a questão, limítrofes, vizinhos e "até que ponto isso é verdade".
ResponderExcluir"J"
Sem saber (óbvio), você me estimulou a terminar mais um texto sobre essa sensação. Como já está quase pronto, talvez saia ainda hoje. Valeu!
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