sábado, 31 de janeiro de 2015

UM NOBEL PARA CHAMAR DE SEU

Depois que um sobrinho me perguntou por que um profissional não ligado às áreas de ciências exatas e biológicas não pode ganhar um prêmio Nobel, eu resolvi apelar, chutar o balde. Para que a verdade se restabeleça, eu nunca disse que não pode ganhar! Vamos voltar ao princípio:

Alfred Nobel foi o inventor da dinamite. Ficou rico, etc. e tal e deixou recursos e um testamento determinando a criação de uma instituição (se fosse hoje, provavelmente seria uma ONG) que premiaria anualmente “pessoas que prestaram grandes serviços à Humanidade, nos campos da paz ou da diplomacia, literatura, química, fisiologia ou medicina e física”. O prêmio de Ciências Econômicas foi criado em 1968, não sendo, portanto um Nobel legítimo.

Alguém por acaso notou que a expressão “engenharia” não foi mencionada? Pois é. Outras profissões, outros cientistas poderiam (e podem) ser merecedores de uma premiação com o status e a grana dos prêmios Nobel e de Economia. Só que a Academia Sueca e demais instituições relacionadas ao Nobel não contemplam outras especialidades. Por isso transcrevo um trecho do que escrevi (provavelmente a parte mais polêmica e menos compreendida), com alguns acréscimos esclarecedores que aparecem sublinhados:

(...) a menos que um gênio nascido aqui trabalhe e pesquise em um dos centros de excelência tecnológica existentes na Europa ou nos EUA, essa premiação (o Nobel de Física, Química ou Medicina) continuará a ser por um bom tempo muita areia para o caminhãozinho brasileiro.

Então, voltando ao tal professor de filosofia, se ele quisesse um Nobel, só poderia tentar o da Paz ou o de Literatura (a menos que tivesse formação e trabalhasse em pesquisas nas outras áreas contempladas por essa premiação). (...) Filósofos, sociólogos e outros profissionais da área de humanas podem explicar e interpretar o impacto das novas conquistas tecnológicas, mas nunca contribuirão diretamente para aumentar a produção de alimentos, por exemplo. Porque o Nobel premia apenas as pesquisas nessas áreas!

Para finalizar, informo aos 2,3 leitores deste blog que eu cheguei a pensar em estudar Religião (aos dezesseis anos), Belas Artes e Línguas (aos dezoito anos), e Psicologia (aos 19 anos), profissão que curto até hoje. E até hoje lamento não ter estudado Economia. 

Preciso também dizer que por ser um engenheiro (aposentado) pouco ortodoxo, sempre curti muito vários assuntos que nunca fizeram parte de minha formação profissional. Dentre esses, Arqueologia, Filosofia, História e congêneres. Como eu poderia desmerecer os profissionais dessas áreas se gosto tanto de ler sobre isso?

PENALTY

– Juiz ladrão! Foi pênalti, seu filho da puta!

– Mãe...

– Sua mãe tá na zona! Você nasceu num puteiro, desgraçado!

– Mãe, não fala assim!

– Por que não? Esse merda deixou de marcar um pênalti a favor do América! VIAAADÔÔ!!

– Mãe, pelamordedeus, tá todo mundo rindo da senhora!

– E daí? Estou no estádio, pô!

– Que vergonha, Mãe, esse juiz é seu filho!!!

– Ahã? E daí? Tá apitando mal pra caramba! FILHO DA PUUUTA!!!

– Mãe, a senhora está xingando é a senhora mesmo, está dizendo que é puta!

– É claro que não estou!

– Está sim! A senhora acabou de falar que mora na zona, que é puta!

– Meu filho, presta atenção, eu estou xingando a mãe do juiz, a mãe virtual que todo juiz tem, não estou falando de mim. Entendeu?

– Ah, bom! 


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PRÊMIO IGNOBEL


Em 1991 foi criado o Prêmio IgNobel, uma espécie de paródia do Nobel e concedido para a descoberta “científica” mais estranha do ano. As “pesquisas” são engraçadíssimas e merecem ser lidas.

O bizarro dessa história é que a cerimônia de premiação é "abrilhantada pela presença de verdadeiros laureados com o Prêmio Nobel, que entregam o respectivo Prêmio IgNobel ao vencedor".

Quem quiser"desmaiar" de rir, siga o link



Por via das dúvidas, caso alguém não se interesse em acessar o link, escolhi algumas premiações de "pesquisas" que me fizeram rir mais. Saca só:

1992

ARQUEOLOGIA - Eclaireurs de France, grupo de escoteiros, removedores de graffiti, por apagarem as antigas pinturas rupestres das paredes da gruta de Mayrière supérieure, perto da aldeia francesa de Bruniquel, pensando que eram pichações.


1993

MEDICINA a James F. Nolan, Thomas J. Stillwell, e John P. Sands Jr., médicos misericordiosos, pela sua meticulosa pesquisa "Gestão Crítica de Pênis Presos no Zíper" (Acute Management of the Zipper-Entrapped Penis).


1994

MATEMÁTICA - À Igreja Baptista Sulista do Alabama (Southern Baptist Church of Alabama), medidores matemáticos da moralidade, pela sua estimativa, condado a condado (county), de quantos cidadãos do Alabama irão para o Inferno se não se arrependerem.


1996

SAÚDE PÚBLICA - Ellen Kleist de Nuuk, Groenlândia e Harald Moi de Oslo, Noruega, por seu relatório médico preventivo "Transmissão de Gonorréia Através de uma Boneca Inflável" (Transmission of Gonorrhea Through an Inflatable Doll).


1997

METEOROLOGIA - Concedido a Bernard Vonnegut da State University of New York at Albany, por sua reportagem, "Depenagem de Galinhas Como Meio de Medir a Velocidade do Vento de um Tornado ("Chicken Plucking as Measure of Tornado Wind Speed").


1998

LITERATURA - Concedido à Dr. Mara Sidoli ode Washington, DC, por seu iluminante artigo, "Farting as a Defence Against Unspeakable Dread." (“Peidando como Defesa contra um Pavor Indescritível”).


1999

CUIDADOS MÉDICOS - Concedido aos falecidos George Blonsky e Charlotte Blonsky de Nova Iorque e San Jose (Califórnia), por inventar um dispositivo para ajudar mulheres durante o parto – a mulher é amarrada em uma mesa circular e então a mesa é rodada a alta velocidade.


2000

ECONOMIA - Para o reverendo Sun Myung Moon, por trazer eficiência e crescimento à indústria dos casamentos em massa: 36 casais em um evento de 1960, 430 em 1968, 1.800 em 1975, 6.000 em 1982, 30.000 em 1992, 360.000 em 1995, e 36.000.000 em 1997.

SAÚDE PÚBLICA - Para Jonathan Wyatt, Gordon McNaughton, e William Tullet de Glasgow, pelo alarmante relatório "The Collapse of Toilets in Glasgow" ("A Queda de Vasos Sanitários em Glasgow").


2001

ASTROFÍSICA - Para Jack Van Impe e Rexella Van Impe do Jack Van Impe Ministries, Rochester Hills (Michigan), pela sua descoberta que os buracos negros preenchem todos os requisitos técnicos para a localização do Inferno.


2008

QUÍMICA: Para Sheree Umpierre, Joseph Hill e Deborah Anderson, por constatarem que a Coca-Cola é um espermicida eficiente, e para C.Y. Hong, C.C. Shieh, P. Wu e B.N. Chiang, por provarem o contrário.

PAZ: O Comitê Federal Suíço de Ética em Biotecnologia Não-humana e os cidadãos suíços, por adotarem o princípio legal de que as plantas têm dignidade.


2010

BIOLOGIA: Libiao Zhang, Min Tan, Guangjian Zhu, Jianping Ye, Tiyu Hong, Shanyi Zhou, e Shuyi Zhang da China, e Gareth Jones da Universidade de Bristol, Reino Unido, por cientificamente documentarem fellatio em morcegos-da-fruta.


2011

MATEMÁTICA: Dorothy Martin (que previu o fim do mundo em 1954), Pat Robertson (que previu o fim do mundo em 1982), Elizabeth Clare Prophet (que previu o fim do mundo em 1990), Lee Jang Rim (que previu o fim do mundo em 1992), Credonia Mwerinde (que previu o fim do mundo em 1999), e Harold Camping (que previu o fim do mundo em 6 de Setembro de 1994 e depois para 21 de Outubro de 2011), por ensinar ao mundo que devemos ser cuidadosos ao fazer suposições e cálculos matemáticos.

PAZ: Arturas Zuokas, prefeito de Vilnius, Lituânia, por demonstrar que o problema do estacionamento proibido de carros de luxo pode ser resolvido passando-se um tanque de guerra por cima do veículo.


2013

PAZ: Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, por tornar ilegal aplaudir em público, e pela Polícia da Bielorrússia, pela prisão de um homem de um braço só, por aplaudir.


2014

NEUROCIÊNCIA: Jiangang Liu, Jun Li, Lu Feng, Ling Li, Jie Tian e Kang Lee, por tentar entender o que acontece no cérebro das pessoas que vêem a face de Jesus em uma fatia de torrada.

ARTE: Marina de Tommaso, Michele Sardaro e Paolo Livrea, por medir a diferença de dor que as pessoas sofrem enquanto olham para uma pintura feia, ao invés de uma pintura bonita, ao serem atingidas na mão por um poderoso raio laser.

CIÊNCIAS ÁRTICAS: Eigil Reimers e Sindre Eftestøl, por pesquisar como as renas reagem ao verem seres humanos que estão disfarçados de ursos polares.



Bacana, né? "Premiações" mais que merecidas. Mas, pensando bem, o Brasil tá cheio de merecedores desse prêmio. E que ninguém ainda tenha ganhado é uma puta sacanagem. Por exemplo, o IgNobel da Paz de 2010 poderia ter sido concedido ao Lula por seu “sucesso” em solucionar o impasse em torno das sanções impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança da ONU. Transcrevo o que li na imprensa:


Feitas as negociações (intermediadas pelo Brasil), foi divulgada uma “Declaração de Teerã”. No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores do Brasil “recebeu uma ligação de Hillary Clinton, secretária de Estado americana, desautorizando o acordo”.


Merecia ou não merecia ganhar o prêmio?


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

PRÊMIO NOBEL

Tudo começou por termos ido a um aniversário em um reduto petista, ou melhor, de eleitores da Dilma. Papo vai, papo vem, a certa altura, sem que eu me desse conta, estava envolvido em uma conversa sobre a qualidade do ensino praticado hoje em escolas públicas. Entre outras coisas, comentei que, tempos atrás, tive a sensação de que meus filhos estavam aprisionados pela escola (pública) em que estudavam, pois percebi que a perspectiva de vê-los passar no vestibular era muito pequena, tão baixa era a qualidade da educação por eles recebida. Esse colégio era literalmente (ou quase isso) uma zona! E eu não tinha dinheiro pra colocá-los em escola particular.

Contei também de meu diálogo com o diretor a respeito do “ensino plural”, maluquice ali adotada, que não reprovava ninguém. Esse diretor ficou sorrindo meio constrangido quando lhe disse que o colégio que dirigia estava em total sintonia com as conquistas proporcionadas pela evolução da informática e que era um exemplo de aplicação da realidade virtual. E antes que ele me perguntasse por que, expliquei que em seu colégio estava implantado o ensino virtual, pois os professores fingiam que ensinavam, os alunos fingiam que aprendiam e os pais fingiam que acreditavam nessa merda.

Contei de minha infância mega pobre e de como tinha conseguido o que temos hoje (que não é muito) graças a um ensino de alta qualidade que existiu em algumas escolas públicas, estando a minha nesse grupo. Comentei sobre a necessidade de meter a cara nos estudos para conseguir ter alguma coisa na vida.

Estava nessa “doutrinação” do bem, quando um adolescente que escutava nossa conversa, comentou que seu professor de filosofia teria colocado a seguinte questão para a classe: o que é mais importante, ter ou ser? Não vou reproduzir o que pensei que diria a esse professor se o encontrasse, porque este é um blog que se dá ao respeito. Mas fiquei surpreso, pois não sabia que hoje se ensina filosofia no segundo grau!

Aqui cabe uma pergunta: e matemática, português, biologia, história ainda são matérias da grade de ensino?  A propósito disso, perguntei uma vez a meu filho mais novo (que fez o primeiro e segundo graus só em escola pública) se ele tinha estudado limite e derivada no colégio. A resposta foi que nunca ouviu falar disso.

Pois bem, no dia seguinte a essa conversa desanimadora, comecei a pensar o que leva um país como este nosso a nunca ter ganho um prêmio Nobel em todo o período de existência dessa premiação. E aí mergulhei no site www.nobelprize.org para ver se achava alguma pista.

Descobri, por exemplo, que entre 1901 e 2014 os prêmios Nobel e de Ciências Econômicas foram concedidos 567 vezes para 889 pessoas e organizações. A curiosidade é que o prêmio de Economia, criado em 1968, não é considerado um Nobel legítimo, pois não faz parte da lista de premiações imaginadas por Alfred Nobel.

Para um portador de TOC como eu, as listas dos ganhadores são um verdadeiro filé. É claro que não vou transcrevê-las, mas essas informações me deixaram matutando. E como sou o rei da teoria “miojo” (aquela que fica pronta em três minutos...), resolvi registrar esses pensamentos, verdadeiros papo cabeça. Vamos lá.

É óbvio que ninguém ganha o Nobel sem merecê-lo, mas eu dividiria essa premiação em três tipos que, à falta de palavras mais adequadas, chamarei de prêmios “Solitário”, “Solidário” e “Coletivo”.

Vamos começar pelo Nobel de Literatura. Em 114 anos de premiação, só em quatro deles o prêmio foi dividido entre dois autores. Curiosamente, em sete anos não houve premiação. Quatro desses anos, sintomaticamente, correspondem à pauleira da Segunda Guerra.

Outra curiosidade é que dos 111 laureados, 77 são de países da Europa (só a França tem onze). Isso me parece coerente com a cultura humanista que imagino ser valorizada naquele continente.

Para ganhar esse prêmio, o autor depende única e exclusivamente de sua  criatividade e inspiração. Por isso eu o imaginei como prêmio solitário, pois não há relação direta entre ele e o estágio de desenvolvimento do país  escolhido. Se não fosse assim, não haveria autores de Madagascar ou da Ilha de Guadalupe, por exemplo. O que entristece é saber que dos quatro premiados na América do Sul, nenhum é do Brasil.

O que chamei de prêmio “solidário” é, lógico, o da Paz. Certamente esse prêmio está muito relacionado à questão dos conflitos armados em áreas conflagradas por rebeliões, guerras e congêneres ou ao devotamento de alguns a causas humanitárias. Já foram concedidas 103 premiações. Pelo menos dezessete delas foram dadas a líderes políticos (Obama, Mandela, Arafat, etc.).

Os prêmios Nobel que eu chamei de “Coletivos” são os restantes: Física, Química, Medicina e o prêmio de Ciências Econômicas. Agora é que vem a viagem na maionese: todos os ganhadores são top de linha quando se avalia o mérito de cada um, pois só há expoente em suas categorias, só feras. Então, porque essa bobagem de Coletivo?

Porque, para mim, os cientistas e pesquisadores que são contemplados precisam de um ambiente que favoreça e seja receptivo às pesquisas que realizam. Não basta apenas ser mega inteligente, pois recursos financeiros, instalações adequadas, equipamentos de ponta são fundamentais. E, acima de tudo, mesmo que não mensurável, também uma sociedade que valoriza o conhecimento, o mérito e o ensino de alta qualidade.

Resumindo: a menos que um gênio nascido aqui trabalhe e pesquise em um dos centros de excelência tecnológica existentes na Europa ou nos EUA, essa premiação continuará a ser por um bom tempo muita areia para o caminhãozinho brasileiro.

Então, voltando ao tal professor de filosofia, se ele quisesse um Nobel, só poderia tentar o da Paz ou o de Literatura. Porque o que faz o mundo avançar (para o bem e para o mal) é o conhecimento técnico de ponta e sua aplicação posterior ao dia a dia. Filósofos, sociólogos e outros profissionais da área de humanas podem explicar e interpretar o impacto das novas conquistas tecnológicas, mas nunca contribuirão diretamente para aumentar a produção de alimentos, por exemplo.

Para finalizar, mais alguns tira-gostos (ou curiosidades):
- Em 1972, Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, chegou a ser indicado para o Nobel da Paz, mas, por considerá-lo comunista, o governo Medici fez campanha na Europa para que essa indicação não vingasse.

- Os Estados Unidos são o país que tem o maior número de premiados – 256 prêmios Nobel. Desses, 89% são pesquisadores. O segundo colocado é a Alemanha.

- Nasceu no Brasil um dos dois cientistas que ganharam o premio de Medicina em 1960. Infelizmente, para nós,  nasceu, pois é inglês da gema (Ainda não foi desta vez!).

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

COMO É SER UM MISANTROPO? - ANÔNIMO

Eu achei este excelente texto na internet, no blog “SOU MISANTROPO” e foi escrito ou postado em 9 de abril de 2009. Não consegui identificar o autor, embora tenha me identificado com ele (dã!). Só sei que é dono de um blog aparentemente sem nenhum outro post, o que é uma pena, pois o sujeito escreve bem e o texto é muito legal. Pensando bem, identificá-lo seria invadir a privacidade de alguém que se definiu como “uma pessoa normal para poucos, invisível para muitos e que quer que isso nunca mude nem um pouco”.

Bom, como esta seção do Blogson é a verdadeira casa da mãe Joana, é meio "coração de mãe" (pois sempre cabe mais um), minha reverência de hoje é para esse autor anônimo. Bora lá:



A misantropia sempre andou comigo lado a lado. Mas isso não me fez um anti-social nem um depressivo. Pensando bem, até me salvou de várias situações esquisitas. É ela que permite que eu sobreviva.

Como é ser um misantropo?
Primeiro, é bom explicar o que significa ser um misantropo. Segundo o que consta na (nada confiável) Wikipédia, misantropia é "a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral". Já o dicionário Houaiss (este sim, confiável) apresenta uma derivação por extensão de sentido, dando como significado para aquela palavra "falta de sociabilidade". O antônimo de misantropia é filantropia, uma palavra mais conhecida. 

A partir disso, podemos definir um misantropo (fala-se "misantrôpo", caso exista dúvida). Esse ser nada mais é do que uma pessoa que prefere estar sozinho a estar acompanhado, mas não se sente só. Além disso, ele não mostra qualquer tipo de intenção de ter uma vida social preenchida e sua necessidade em relação à vida social se estende ao mínimo. Sendo assim, depois de muito me perguntar o que eu sinto em relação às pessoas que me cercam, percebi que sou um misantropo (afinal, nem sabia que isso existia). Mas antes que alguém comece a pensar besteira, não sou anti-social. Ser anti-social implica ser "contrário às ideias, costumes ou interesses da sociedade" e ser um "transgressor das regras da vida em sociedade e da moral social" (by Houaiss). Isso eu não sou, muito pelo contrário. Sei como conviver com outras pessoas, conheço as regras de boa conduta e sou muito polido perante elas apesar da minha vontade diversa.

Amigos são pouquíssimos (somente os verdadeiros, como eu os considero). Por quê? Meu altíssimo grau de desconfiança não permite amizades superficiais. É necessário tempo para eu começar a confiar em alguém que não conheço. Sempre penso que as pessoas se aproximam com segundas intenções. Se EU me aproximo de outras pessoas com segundas intenções (pouquíssimas vezes), por que com elas seria diferente?

Meus relacionamentos são perfeitamente normais. Aqueles que me conhecem, me adoram. Já os que não, prefiro que eles pensem que não existo, que sou invisível e faço de tudo para essas pessoas nem me notarem. Até mesmo, quando saio, se vejo algum conhecido, não cumprimento (a menos que essa pessoa venha e fale comigo). Meu receio é a pessoa não me reconhecer e eu ficar extremamente sem-graça. Afinal, já não sou de falar e com o risco de passar um carão, melhor nem tentar.

Minhas saídas são com objetivos específicos. Nunca saí sem saber para onde vou nem tenho vontade de sair para baladas e para festas com pessoas desconhecidas. Em casos como esses, prefiro ficar em casa. Apesar de muitos pensarem, não sou infeliz. Apenas gosto de ficar sozinho em casa, onde posso ser eu mesmo. Isso quer dizer que quando saio do meu reduto, não sou eu realmente que está saindo (o "eu" ficou em casa). Existe toda uma imagem que é construída para as outras pessoas verem. Elas precisam ver essa imagem, caso contrário não poderia sair de casa nem para trabalhar.

Enfim, isso é um pouco do que é ser um misantropo. Uma pessoa normal para poucos, invisível para muitos. E uma pessoa que quer que isso nunca mude nem um pouco.



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

DURA LEX SED LEX, NO CABELO SÓ GUMEX

Se uma pessoa tiver um pouco de curiosidade – e for aposentada – encontra muita coisa legal na internet. Outro dia, pensando na absurda “complacência” e suavidade que nossas leis reservam para um monte de crimes e delitos, me lembrei das aulas de História e a descoberta da “Lei de Talião”, aquela do “olho por olho, dente por dente”. Lei bacana essa!

Aí entrei no Google (lembrando a primeira frase deste texto) e descobri um monte de coisas interessantes sobre esse princípio. Por exemplo: os primeiros indícios do princípio de talião são encontrados no Código de Hamurabi, criado por volta de 1700 a.C.


Eu também acreditava que Talião era um rei ou sábio. Não era. A expressão “lei de talião” vem do latim “lex talionis” (lex: lei e talio, de talis: tal, idêntico). Por isso, deve ser escrita com inicial minúscula, pois não se trata de nome próprio.


"Essa 'lei' prescreve a rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação, expressa pela máxima 'olho por olho, dente por dente'. Encerra a ideia de correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou: tal crime, tal pena". Show demais!

Encharcado por toda essa cultura, fiquei matutando que, nos dias de hoje, a situação mais próxima dessa lei só é encontrada em salões de beleza, mais precisamente durante as discussões e rusguinhas dos profissionais do ramo. Nesse caso, prevalece a regra óleo por óleo, pente por pente (o que não se faz por causa de um trocadilhinho de merda!!!).

Tem mais: encerrando a consulta, descobri que o curioso nessa história toda é que o Código de Hamurabi está gravado em uma pedra de formato suspeitíssimo, cuja simples visão já assusta e remete à máxima “dura lex sed lex” o que, traduzido para língua de gente, significa  “a lei é dura, mas é lei”. Dá só uma olhada:




(Se alguém se interessar, pode ouvir a trilha sonora deste texto acessando o link  http://www.youtube.com/watch?v=e6s-OcRXojM).


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

NEM SEI QUE TÍTULO DAR A ISSO

Entre 2008 e 2011(!), fizemos uma mega reforma aqui em casa. Minha mulher sempre diz que eu falo demais, explico demais. Talvez ela tenha razão; mas, para contar um diálogo idiota que às vezes eu mantinha com os operários aqui em casa, eu preciso explicar o que me motivava, qual a utilidade dessas conversas.

Nessa reforma, trocamos o diabo a quatro, quebramos pisos, paredes e um zilhão de coisas (inclusive e, principalmente, as finanças dos proprietários), desmanchamos metade da casa (isso é real) sem nos mudarmos para outro imóvel (atitude zen, digna de monge budista). Durante a reforma, 21 caçambas foram cheias com material de demolição (não é nada, não é nada, isso representa 100 m³ de entulho!).

Falei disso para dar uma ideia da trabalheira e dos inevitáveis aborrecimentos com pedreiros, ajudantes, encanadores, e outros, pouco acostumados a dispensar aos detalhes o cuidado que nós, portadores de TOC, esperávamos. E foram várias as trocas de pedreiro que fizemos, até encontrarmos um que atendeu 99% dos nossos pedidos e aporrinhações. Esse sujeito demonstrava ter prazer no que fazia, na qualidade espantosa que alcançava. Trabalhando tão bem, honrou sem saber a memória dos primeiros operários utilizados na construção de Belo Horizonte, no final do século XIX e início do século XX.

Até onde sei, a mão de obra utilizada na construção dos magníficos prédios públicos e casario desse período era constituída de imigrantes espanhóis e portugueses altamente capacitados. Era a época dos “mestres de obra” e dos “oficiais” – designação utilizada para os operários especializados (pedreiros, marceneiros, canteiros, etc.). Imagino que esse pessoal tinha muito orgulho do que construía, tal a beleza e qualidade que se observa nessas edificações e em seus inúmeros detalhes – frisos, cornijas, frontões e todo tipo de acabamento rebuscado, com seus nomes sonoros e de significado esquecido (ou desconhecido).

Pois bem, esse apuro na execução, essa experiência trazida pelos imigrantes foi pouco a pouco sendo esquecida ou abandonada, empurrada pela pressa e desejo de reduzir custos. Inventaram até um “reboco paulista” (seria uma técnica inventada por lá ou uma referência à correria em que vive a paulistada?): em lugar do revestimento feito em duas etapas com argamassa de cal e areia (ou cimento, cal e areia), que proporcionava um acabamento esmerado e sem trincas, começou-se a utilizar o “reboco paulista”, à base de cimento e areia, executado em uma única etapa e que sempre trinca (é, acabei fazendo quase uma dissertação sobre construção de edifícios. É difícil). 

Pois bem, voltando à reforma, para conseguir que fizessem um ótimo acabamento, eu tentava sensibilizar os operários contando esses casos (na prática, o que eu fazia era pagar para que eles ficassem coçando saco enquanto me ouviam). E como muitos eram evangélicos (nada contra!), eu apelava para um belo sofisma, assim reproduzido:

-   Deus é perfeito, não é?

-   Claro!

-   Blá, blá, blá, você concorda comigo em que a perfeição está nos arremates bem feitos, nos detalhes?

-   Ahã... (olhar meio desconfiado)

-   Então, pensa bem, Deus está nos detalhes, você não acha?

-   É... (sorriso sem graça e vontade provável de me mandar à merda).

Quem leu até aqui deve ter intimamente concordado com os operários. Pode ser, mas é fato que encontramos questões metafísicas sofisticadas em coisas aparentemente sem importância. Por exemplo, a pergunta “cachorro que late n’água, late em terra?” nunca foi satisfatoriamente respondida. 

E já que a questão proposta acima nos remete à dicotomia existente entre água e terra, pode-se afirmar que, mesmo que fale mais que pobre na chuva, Jotabê no seco anda

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

SERÁ?

Outro dia, ao assistir um documentário sobre a Tropicália, fiquei até com vergonha. Algumas músicas são boas ou muito boas, mas as atitudes, o comportamento... Que bosta! Algumas cenas são super constrangedoras, de tão canhestras, de tão bisonhas. Os trechos de filmes antigos mostrando os tropicalistas, feitos na base de "uma câmera na mão e um cocô na cabeça",  então, que merda! 

Agora, para mim, a parte pior e mais chocante foi uma apresentação no festival da ilha de Wight, justamente o palco da última apresentação do Jimi Hendrix! Um bando de débeis mentais, de retardados brasileiros vestindo uma "roupa" coletiva vermelha. Putz! Ainda bem que a maioria da platéia devia estar chapada e não estranhou, mas, mesmo assim, que vacilo! Bem disse um amigo já falecido que, para entender determinados comportamentos passados, você deve tentar entender primeiro o espírito da época em que isso ocorreu.

O que eu sei é que, sem imagens que nos mostrem o contrário, tendemos a idealizar o passado, enquanto pensamos que "aquilo sim, aquilo é que era vida!" Esquecemos que o passado pode ter sido uma bela merda, uma época de sentimentos confusos e perplexidade. Por conta de tudo isso, me ocorreu a seguinte frase (a frase do dia):

Se temos saudade do passado é só porque éramos mais jovens e tínhamos mais sonhos. (Será?)




quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SONETOS – VINÍCIUS DE MORAES

Gosto muito de poesia e reverencio aqueles que conseguem transmitir emoção de forma concisa, minimalista. Os sonetistas então, esses são a nata, por conseguirem domar o esqueleto rígido do soneto. Em outras palavras, eu os vejo com o mesmo respeito que devoto aos neurocirurgiões. A coisa é mais ou menos como uma cirurgia feita no cérebro: o que falta em espaço sobra em restrições e cuidados a tomar. Ou seja, ambos conseguem o suprassumo da precisão e eficiência, tudo realizado em espaço muito reduzido.

Por isso, minha reverência hoje vai para Vinícius de Moraes, que dispensa apresentações. Para homenageá-lo, optei por transcrever um soneto de sua autoria. A escolha dessa forma de poesia deve-se à minha admiração por quem entende do assunto. E ele entendia muito.

Alguns “modernos” podem até torcer o nariz para uma coisa tão engessada, tão submissa à métrica e rima, mas é aí que está a graça. É difícil demais enquadrar uma ideia em um soneto!

E como fiquei na dúvida entre alguns sonetos, resolvi transcrever três deles, menos conhecidos que o “Soneto de Fidelidade”, mas não menos geniais.
Som na caixa!


SONETO DA SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


NÃO COMEREI DA ALFACE A VERDE PÉTALA
Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.


SONETO DE INTIMIDADE
Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

CURTA LÁ, VAI!

As piadas a seguir são uma compilação de e-mails que mandei para meus filhos e alguns amigos. Olhaí.

CONSULTA
Preciso marcar uma consulta com um cardiologista. Acho que vou aproveitar e marcar também uma ida ao veterinário, pois tenho me sentido meio animal ultimamente (não, não é veado nem gazela, é jegue).

SEM NEXO NENHUM
Surgiu uma frase na minha cabeça, tão sem nexo que eu até fiquei sem graça de escrever. Mas escrevi assim mesmo:
Quem nunca disse uma mentira que atire a primeira fofoca.

GPS
Hoje em dia, muita gente tem carro com GPS – Global Positioning System (chique, né?). Em 2004, quase ninguém tinha. Eu tinha um, mas foi roubado na nossa porta. Só que o meu GPS significava "Gol Parecendo Sucata”.
(Da série “Sem Medo de Virar Spam”)

COMBUSTÍVEL
Às vezes surgem na mídia notícias de postos que são flagrados vendendo combustível adulterado. Além da interdição, os fiscais bem que poderiam colocar nas bombas de álcool o seguinte letreiro: EITANOL.

UNIDENTIFIED FLYING OBJECT
Tem cara que se acha tão especial (só ele acha), que parece ter vindo de outro planeta, de outra galáxia. Poderia até ser chamado de UFO... UFO–DÃO.

MIOJO
De repente, assim do nada, surgem em minha mente teorias malucas para explicar alguma coisa idiota. Óbvio que nunca me preocupei em testá-las. Por isso, essas minhas teorias “psicosocioantropológicas” bem poderiam ser chamadas de miojo: são preparadas em apenas três minutos e quem prova acha uma merda.

AUTO ESPORTE
Às vezes fico pensando que algumas pessoas que conheci – por absoluta falta de modéstia e excesso de vaidade – devem imaginar que autocrítica é só uma avaliação da imprensa especializada sobre determinado modelo de automóvel.

sábado, 17 de janeiro de 2015

PENTECOSTES

No inicio do século XVI, por discordar de dogmas da Igreja Católica, Martinho Lutero promoveu a Reforma Protestante. A partir daí o pau quebrou entre católicos e os convertidos à nova fé que surgia. A coisa ficou tão feia para os católicos (perderam muitos fiéis, claro), que eles logo criaram a Contrarreforma, ainda no mesmo século. Bom, chega de história da Idade Moderna.

Talvez por um distanciamento intelectual do clero católico em relação a boa parte de seus fiéis, composta por gente humilde e semi-alfabetizada, houve uma grande migração desses devotos para as novas igrejas que foram surgindo, não mais chamadas de protestantes (pelos católicos, lógico), mas de evangélicas (pelos próprios seguidores das novas denominações). De novo, a coisa começou a ficar feia para o Catolicismo, por conta da grande perda de fiéis. Aí surgiu uma “contrarreforma” do século XX, que é a Renovação Carismática Católica. Bom, chega também de história da Idade Contemporânea.

Falei tudo isso para introduzir (com carinho, por favor) um assunto que me deixa sempre meio constrangido. Para que os 1,3 leitores deste blog entendam onde quero chegar, preciso transcrever um trecho do livro “Atos dos Apóstolos", aquele que diz:

1. Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
2. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
3. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles.
4. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (Atos 2, 1-4).

E é aí que eu quero chegar. Tempos atrás, (bota tempo nisso), eu ia para o trabalho ouvindo o rádio do carro. Um belo dia, o cretino deixou de pegar FM. Se eu quisesse ouvir rádio, teria que me contentar em ouvir as transmissões em AM, majoritariamente ocupada por emissoras evangélicas. Fazer o que, se o percurso até o trabalho era longo? Lá ia eu ouvindo aquela coisa triste.

Um dia, entretanto, ouvi um pastor apregoando (quase aos berros) que podia falar em outras línguas, graças aos dons do Espírito Santo. E o pior é que começou mesmo! Só que a “língua” que ele falava era exatamente igual aos sons de alguém gargarejando ou os que um bebê emite quando está prestes a começar a falar alguma coisa (ficou meio pleonástico isso aí). Diverti-me muito ouvindo aquilo. Gostei tanto que até tentei ouvir no dia seguinte, na mesma bat-hora, mas não tinha memorizado a frequência certa.

O espantoso é que alguns católicos carismáticos também fazem a mesma coisa. Mas, quando o fazem, não estão tentando conseguir doações mais polpudas para a igreja. E como acredito que sejam realmente pessoas piedosas, bem intencionadas, só posso pensar que talvez sejam esquizofrênicos ou coisa parecida. 

Eu até simpatizo com os carismáticos, pela fé imensa que têm (conheço vários pessoalmente). O que pega é essa maluquice de “falar em línguas diferentes”. (ainda bem que não conheço nenhum que tenha esse “carisma”).

Porque o que acontece é o sujeito começar a enrolar a língua e a querer que todos acreditem que está falando outro idioma. A Bíblia ainda conta que “reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua”.

Então, as “línguas” faladas por evangélicos e carismáticos talvez existam realmente, talvez até sejam aquelas faladas na Frígia, Panfília ou Capadócia, citadas na Bíblia. Mas podem ser também (mais provável) idiomas venusianos, marcianos ou selenitas. Uma coisa é certa: de  lunáticos certamente são.

Porque, se a coisa fosse tão simples assim, eu poderia começar a latir, dizendo que estou me comunicando com a cachorrada. Mas eu queria mesmo é ver esse pessoal falando  swahili ou mandarim!


OUVIDO NO ORELHÃO (ISSO PARECE PLEONASMO)

Das muitas pessoas (quatro, para ser exato) que leram o diálogo apresentado a seguir, quase todas apresentaram depois algum distúrbio ou problema de saúde: uma adquiriu síndrome do pânico, outra operou o apêndice, uma terceira filiou-se ao PT, etc. Enfim, teve de tudo. Então, fica o aviso: se ler até o final, não dirija.



-   Eu gosto das músicas do Lulu Santos. Nem sei se as letras são dele, mas são bem legais.

-   ononon nonono nono (inaudível)

-   Você não gosta? Sei... Você tem cara de gostar é de pagode ou de funk.

-   ononon nonono nono  (inaudível)

-   Eu sabia! Só falta você dizer que também é chegado em um breganejo. Sem sacanagem, essa coisa dá até azia!

-   ononon nonono nono  (inaudível)

-   Gusttavo Lima? Cê gosta? Pataquipareu! Depois dessa, deixa eu trabalhar...

-   ononon nonono nono!!!  (inaudível)

-   Falou, Michel, ‘té logo.


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