George Orwell publicou “1984” no ano de 1949. O título é uma inversão do ano em que foi
escrito, 1948. O livro pinta um futuro não muito distante onde tudo e todos são
controlados pelo Grande Irmão, o “Big Brother”, através de equipamentos espalhados
por todo lado, que gravam e espionam todo mundo. É um romance muito opressivo,
sem final feliz.
Pois bem, trinta anos depois da data onde é ambientado esse romance, o mundo não atingiu a situação asfixiante e claustrofóbica imaginada pelo autor, mas parece que caminha devagarinho para ela, tantas são as tragédias provocadas
pelo ódio e pela intolerância religiosa e política (11 de setembro, atentado ao
jornal francês, etc., etc.) que vem acontecendo.
Pensando nisso fiquei imaginando que alguma pessoa criativa possa querer escrever um romance tão distópico como “1984”. A título de sugestão (não solicitada) imaginei a linha mestra para o novo livro:
Pensando nisso fiquei imaginando que alguma pessoa criativa possa querer escrever um romance tão distópico como “1984”. A título de sugestão (não solicitada) imaginei a linha mestra para o novo livro:
O cenário básico seria o seguinte: um cometa ou
asteroide (o Apophis, por exemplo) atingiu a Terra e provocou a morte da
maioria da raça humana, além de também destruir a maior parte da fauna e da
flora do planeta. A população que restou é majoritariamente composta por fundamentalistas
religiosos e a temperatura global subiu quatro graus. O título poderia ser “2080”,
por exemplo.
Porque “2080”? Escolhi
“2080” para poupar meus filhos de viver a situação opressora e trágica que imaginei.
Nessa data, provavelmente todos eles já terão morrido ou estarão usando fralda
geriátrica e dizendo à la Tiririca : “quem
é você?”
Alguém se habilita?
Você disse: "o mundo não atingiu a situação asfixiante e claustrofóbica imaginada pelo autor"
ResponderExcluirPois eu já que não só já atingiu como também ultrapassou tal situação. Arrisco-me em dizer que Orwell foi deveras ingênuo em seu genial 1984. Em 1984, havia um único Big Brother, que impunha à força a sua onipresença, as pessoas eram vigiadas e filmadas o tempo todo, mas não gostavam disso.
Hoje é muito pior. Cada pessoa é seu próprio Big Brother. As pessoas gostam de se sentirem filmadas, vigiadas, ter sua intimidade exposta e devassada. Hoje, as pessoas adoram o Grande Irmão, revelam de bom grado segredos que até há umas décadas só seriam arrancado sob tortura. Hoje, cada descerebrado com um celular na mão é um Grande Irmão. Dia desses mesmo, um ex-aluno, agora também professor, sabendo que eu não tenho celular, facebook e nenhuma outra dessas merdas, chegou para mim, em tom meio de sacanagem, e disse : quer dizer que o senhor tá com foto no facebook, hein?
E explicou: uma ex-aluna me viu no supermercado e, de longe, tirou uma foto minha e postou no "face" dela com os dizeres : olha só quem eu vi no mercado.
E daí, né?
Repito, Orwell foi ingênuo. Hoje está muito pior. Hoje nem há a necessidade de um Grande Irmão. Ninguém oferece mais risco algum ao onipotente Sistema
É, Marretão, vou responder em um nível bastante elevado, quase como se fosse o Príncipe Charles: nós estamos fodidos! E a culpa é, em parte, dos selfies.
ExcluirErrei. Eu quis dizer smartphones, que banalizaram e vulgarizaram o ato de fotografar.
ExcluirBoa a ideia para o "2080". Se quiser ver o estrago que um fundamentalista faz, recomendo o filme "O Nevoeiro", baseado em um conto do Stephen King. O filme em si é meio chato, mas o final salva ;-)
ResponderExcluirPois é, Gu, você que é craque em crônicas engraçadíssimas e piadas com filmes antigos, podia escrever uma crônica ou fazer uma "fotonovela" com esses temas e colocar no "Casal Geek".
ExcluirAgora, aqui vai um "meia-culpa" (eu não resisto!): Há um filme muito interessante estrelado pelo presidente da Associação do Rifle dos EUA, o velho Charlton Heston, que recebeu no Brasil o título "A última esperança da Terra (se não me engano). Tirando o meteoro e o aquecimento global, o resto está todo lá. Na hora que escrevi o texto não me lembrei disso. Mas acho que esses "catastrofismos" ficam em minha mente mais ou menos como os vírus que hibernam um tempo antes de por a cara pra fora (pensando bem, o que esses vírus põem pra fora não deve ser a cabeça, mas o pau, pois quando o hospedeiro percebe, já está fodido. Dã!)
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