quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

COMO É SER UM MISANTROPO? - ANÔNIMO

Eu achei este excelente texto na internet, no blog “SOU MISANTROPO” e foi escrito ou postado em 9 de abril de 2009. Não consegui identificar o autor, embora tenha me identificado com ele (dã!). Só sei que é dono de um blog aparentemente sem nenhum outro post, o que é uma pena, pois o sujeito escreve bem e o texto é muito legal. Pensando bem, identificá-lo seria invadir a privacidade de alguém que se definiu como “uma pessoa normal para poucos, invisível para muitos e que quer que isso nunca mude nem um pouco”.

Bom, como esta seção do Blogson é a verdadeira casa da mãe Joana, é meio "coração de mãe" (pois sempre cabe mais um), minha reverência de hoje é para esse autor anônimo. Bora lá:



A misantropia sempre andou comigo lado a lado. Mas isso não me fez um anti-social nem um depressivo. Pensando bem, até me salvou de várias situações esquisitas. É ela que permite que eu sobreviva.

Como é ser um misantropo?
Primeiro, é bom explicar o que significa ser um misantropo. Segundo o que consta na (nada confiável) Wikipédia, misantropia é "a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral". Já o dicionário Houaiss (este sim, confiável) apresenta uma derivação por extensão de sentido, dando como significado para aquela palavra "falta de sociabilidade". O antônimo de misantropia é filantropia, uma palavra mais conhecida. 

A partir disso, podemos definir um misantropo (fala-se "misantrôpo", caso exista dúvida). Esse ser nada mais é do que uma pessoa que prefere estar sozinho a estar acompanhado, mas não se sente só. Além disso, ele não mostra qualquer tipo de intenção de ter uma vida social preenchida e sua necessidade em relação à vida social se estende ao mínimo. Sendo assim, depois de muito me perguntar o que eu sinto em relação às pessoas que me cercam, percebi que sou um misantropo (afinal, nem sabia que isso existia). Mas antes que alguém comece a pensar besteira, não sou anti-social. Ser anti-social implica ser "contrário às ideias, costumes ou interesses da sociedade" e ser um "transgressor das regras da vida em sociedade e da moral social" (by Houaiss). Isso eu não sou, muito pelo contrário. Sei como conviver com outras pessoas, conheço as regras de boa conduta e sou muito polido perante elas apesar da minha vontade diversa.

Amigos são pouquíssimos (somente os verdadeiros, como eu os considero). Por quê? Meu altíssimo grau de desconfiança não permite amizades superficiais. É necessário tempo para eu começar a confiar em alguém que não conheço. Sempre penso que as pessoas se aproximam com segundas intenções. Se EU me aproximo de outras pessoas com segundas intenções (pouquíssimas vezes), por que com elas seria diferente?

Meus relacionamentos são perfeitamente normais. Aqueles que me conhecem, me adoram. Já os que não, prefiro que eles pensem que não existo, que sou invisível e faço de tudo para essas pessoas nem me notarem. Até mesmo, quando saio, se vejo algum conhecido, não cumprimento (a menos que essa pessoa venha e fale comigo). Meu receio é a pessoa não me reconhecer e eu ficar extremamente sem-graça. Afinal, já não sou de falar e com o risco de passar um carão, melhor nem tentar.

Minhas saídas são com objetivos específicos. Nunca saí sem saber para onde vou nem tenho vontade de sair para baladas e para festas com pessoas desconhecidas. Em casos como esses, prefiro ficar em casa. Apesar de muitos pensarem, não sou infeliz. Apenas gosto de ficar sozinho em casa, onde posso ser eu mesmo. Isso quer dizer que quando saio do meu reduto, não sou eu realmente que está saindo (o "eu" ficou em casa). Existe toda uma imagem que é construída para as outras pessoas verem. Elas precisam ver essa imagem, caso contrário não poderia sair de casa nem para trabalhar.

Enfim, isso é um pouco do que é ser um misantropo. Uma pessoa normal para poucos, invisível para muitos. E uma pessoa que quer que isso nunca mude nem um pouco.



2 comentários:

  1. Ótimo texto. Uma pena o blog ter apenas esse texto lá... Uma realidade que tão poucos conhecem, mas que culpa que temos por não conseguirmos aturar rotineiramente tanta falsidade e chatice, preferindo nossos respectivos cantos? Abraços.

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    1. Você tem total razão. Quando li esse texto me senti meio que "psicografado".
      Obrigado pela visita e apareça mais (não que as tranqueiras do Blogson valham realmente a pena, mas, sei lá, talvez alguma coisa possa te agradar.

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