Ralei muito para atender a encomenda da Catiaho sobre bebês reborn,
pois a inspiração não vinha (terminei de escrever o texto “O Fim do Mundo Chegou” às quatro da matina). Depois de tomar café e resolver as inadiáveis atividades matinais, fiquei com vontade de saber o que
uma inteligência artificial poderia dizer sobre um bebê tão artificial como
ela.
Por isso, copiei da Wikipedia um texto
gigantesco escrito em inglês e fiz este pedido ao ChatGPT:
- Este
é um assunto do momento. Poderia fazer uma crítica ácida sobre, utilizando o
texto a seguir, que encontrei na internet? Mas faça em português.
E ele fez, gastando para isso uns três
segundos. Sincera e humildemente, sou obrigado a admitir que o texto da IA
ficou muito melhor que o meu. Por isso, achei que valeria a pena publicá-lo no
velho Blogson..
Depois, creio que só de sacanagem, o ChatGPT ainda
escreveu:
- Se
quiser, posso escrever outra versão com humor mais escrachado, ou com um tom
mais melancólico e reflexivo. Deseja experimentar?
Nem respondi, de tão humilhado fiquei. Ah, IA
filhadaputa!
A partir de agora o “mando de campo” é do
ChatGPT. E até o título é dele.
Era uma
terça-feira como outra qualquer até que, no noticiário da noite, surgiu a
manchete: "Bebê abandonado dentro de um carro é salvo por bombeiros — era
uma boneca." Pronto. Lá estava de novo. A humanidade, em sua versão mais
dramática e atrapalhada, confundindo plástico com carne, tinta com choro.
As
reborn dolls, essas bonecas com aparência tão realista que até fazem as veias
saltarem (literalmente, pois são pintadas à mão com esmero quase cirúrgico),
agora vivem cercadas de cuidados maternos e, por vezes, de sirenes. Porque,
veja bem, se um carro está parado sob o sol, e há um "bebê" imóvel
dentro, não é loucura quebrar o vidro. Loucura é descobrir que o bebê não respira
por falta de pulmões. Que tem cílios colados com cola quente e um magneto na
boca para prender a chupeta.
Não é
só o vidro que se quebra. É a fronteira entre realidade e delírio.
O mais
curioso é que essas bonecas são vendidas em “berçários virtuais”, entregues com
certidão de nascimento, fralda, mantinha e, se o freguês pagar um extra, até
com batimentos cardíacos eletrônicos e narizes que "respiram"
(movimentos sutis, claro, nada de secreções). Algumas vêm com nome escolhido,
outras com aroma de talco, outras ainda em incubadoras para simular a chegada
prematura ao mundo. O que falta? Talvez um CPF.
"Não
julgue," dirão os defensores. "Ajuda no luto, no vazio, no instinto
maternal." Sim, talvez. Mas quando o luto exige fraldas Pampers e carrinho
de passeio, é possível que o luto tenha virado um espetáculo. Ou uma comédia.
Porque,
convenhamos, há algo deliciosamente patético em ver duas senhoras discutindo no
supermercado sobre qual shampoo é menos agressivo para o couro cabeludo... da
boneca. Ou na mãe que não deixa ninguém segurar "a bebê" porque
"a cabecinha ainda não firma" — ignorando que a cabeça, feita de
vinil, jamais firmará ou cairá, a não ser por defeito de fábrica.
Há uma
indústria inteira dedicada a tornar plástico mais humano. Enquanto isso, há
seres humanos sendo tratados como descartáveis. Ironia? Não. Só mais um
capítulo de um tempo em que a fantasia é tão bem-feita que parece real — e a
realidade, às vezes, tão absurda que parece brincadeira.
Por via
das dúvidas, se vir um bebê sozinho no carro, chame os bombeiros. E depois,
quem sabe, chame um psiquiatra. Ou um artista. Afinal, está cada vez mais
difícil distinguir onde acaba a arte e começa a loucura.
Ual Jotabê de Deus!
ResponderExcluirLido, mas volto
aqui amanhã.
Fantástica publicação!
Bjins
CatiahôAlc.
Beleza!
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