Quando eu
nasci o papa da igreja de Roma era Pio XII (época em que os dinossauros vagavam pela terra). O significado disso é
que eu sou velho pra kawaka, entende? Depois vieram o reformador João XXIII, Paulo VI,
João Paulo I (o breve),o santificado João Paulo II, o intelectual Bento XVI, e o
bem humorado e gente fina Francisco. E agora, quem será o próximo papa?
Mesmo na qualidade atual de católico-ateu ou ateu-católico eu gostaria de compartilhar com o novo papa minha visão sobre os entraves da Igreja. Poderia, talvez, sugerir um "Manual do Escoteiro Mirim" ou um “Manual de Sobrevivência na Selva”
para ajudar o próximo papa a exercer seu papado na selva em que o mundo se
transformou.
Para
começar, pensando na queda das vocações sacerdotais, eu seguiria o exemplo da
Igreja Anglicana e começaria a ordenar mulheres e homens casados. E isso seria
relativamente tranquilo, pois já existem os diáconos perpétuos e as leigas
consagradas. Os diáconos são uma espécie de padre que não pode fazer o rito da
consagração durante a missa. As leigas consagradas são mulheres que, sem
pertencer a nenhuma ordem religiosa, dedicam a sua vida a Deus e à Igreja,
vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Talvez
sejam mais castas que muito padre ou freira por aí.
Outra mudança
que o novo papa poderia implementar seria o casamento religioso gay. Em um
mundo onde as minorias ficaram mais visíveis e mais ruidosas, não tem sentido a
Igreja fingir que não vê as mudanças comportamentais que já aconteceram. Qual o
problema de realizar um casamento entre dois homens ou entre duas mulheres? Qual é o grilo de existir um padre gay, ou melhor, um padre serena e declaradamente
gay? Para mim, nenhum.
Mas os
conservadores, os reacionários, certamente esbravejarão e chamarão de comunista
ou ateu o papa que se dispuser a enfrentar sua gangue, pois tudo que desejam é
que o mundo, a religião e a política sejam feitas ou mantidas à sua imagem e
semelhança. E, se possível, voltar à missas em latim e com o padre de costas para a assembléia.
Mas nada
disso estancaria a perda de fiéis para o ateísmo ou para as novas igrejas
evangélicas (sem falar das igrejas não cristãs), pois não é a modernização da estrutura da igreja católica que espantará os antigos fieis. A migração ocorre pela busca de novas "pastagens", mais nutritivas, mais fáceis de assimilar e digerir. Imagino que se um papa "Santo Sílvio" dissesse "Quem quer dinheiro?", muita gente retornaria (conheço gente assim...)
Eu acredito
que os católicos esclarecidos e cultos, ao resolver abandonar a fé católica,
tornam-se ateus. Já os mais simplórios, os mais humildes, os mais necessitados,
ao perceber o aceno dos “milagres” a rodo que ocorrem nos templos do bilionário
Edir Mais cedo (porque “Deus ajuda a quem cedo madruga”)
e coleguinhas de mesmo apetite, mudam rapidinho para a nova fé, pois o que mais precisam e
desejam é o pão nosso de cada dia,
mas que seja pão italiano com presunto Parma e queijo gorgonzola ou gouda, ou seja, estão
em busca de bens materiais – carro, casa, dinheiro –, pouco se lixando para discussões teológicas e se Maria
é ou não é a mãe da igreja.
Então pouco
importa se o novo papa conseguirá ou não romper as resistências internas dos
ultraconservadores, pois ele não poderá (nem deve) oferecer os “milagres” que
as novas igrejas evangélicas têm a cara de pau de oferecer. E são esses milagres a isca que utilizam para pescar novos contribuinte.
também escrevi sobre o papa e sobres os papas. E também falei de Machado de Assis..
ResponderExcluirAcho que suas sugestões não serão aceitas, ainda mais vindo de um católico-ateu.
A questão do celibato foi coisa venho evoluindo através dos séculos até se estabelecer em definitivo no Concílio de Latrão I (1123). O problema é que a igreja católica a partir de certo ponto, tinha o sexo como algo ruim para sacerdotes, pois o sexo de uma forma ou de outra, "contaminaria" a santidade do clero. O sexo só era (e ainda é até hoje) permitido entre casados. Tanto que um casal que se case e não façam sexo, para a Igreja tal casamento não vale, pois não haveria reprodução - fato que linka com o casamento entre gays, de onde não se tem a procriação, mandamento primeiro de Deus ao casal no Éden.
Tem muita gente que tem saudades das missas em latim. Era mais solene. Mas durante as últimas décadas, a igreja católica veio fazendo algumas reformas com no concílio Vaticano II e até a aderência ao pentecostalismo com as comunidades católicas carismáticas, cujas missas são parecidas com os cultos evangélicos. (se não pode derrotá-los, junte-se a eles).
Ou seja, acho que tem coisas que são causas pétreas no catolicismo e que dificilmente mudarão. Poderá haver flexibilidades mas não abertura completa.
E do que adianta uma Igreja que se adequa ao mundo perdendo com isso sua essência, aquilo que a fez ser o que ela é?
Sei não, Eduardo, não acredito que a igreja perca sua essência por se abrir aos novos tempos. Manter tudo como está, só por medo de mudar, pode acabar afastando a Igreja católica da realidade e tornando-a irrelevante, uma igreja das catacumbas. A verdadeira essência da fé não está em regras rígidas e imutáveis.
Excluiraté concordo mas o cristianismo tem alguns dogmas inegociáveis.
Excluirisso para mim é defeito.
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