terça-feira, 13 de maio de 2025

RETALHOS DESCOSTURADOS

Esta postagem lembra muito uma mistura de jiló com adoçante ou bacalhoada com toddy, tão  esquisita ficou a colagem de temas e estilos totalmente diferentes entre si.E fiz isso por achar que nenhum dos textos mereceria uma postagem independente.
 
 
ANALFABETISMO ELEITORAL
Meu filho contou ter um colega que disse sintonizar a TV Globo apenas para ver jogos de futebol (“sabe como é, não dá para confiar na Globo”) e que usa as redes sociais para manter-se “informado”. Prefiro nem identificar sua “cor ideológica”, OK?
Mas, pensando nessa distorção de entendimento, fico preocupado com o que poderá acontecer daqui para frente, e nem estou focado apenas nas futuras eleições. Pensem comigo: quantas pessoas na idade adulta terão condições de separar o que é verdadeiro das imagens impressionantemente “reais” criadas por uma Inteligência Artificial?
Só para que você comece a se preocupar, o Brasil possui hoje uma população total de 203 milhões de pessoas. Dessas, 160 milhões são eleitores (acho esse número muito elevado, mas é o que obtive). Segundo o INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional), os dados mais recentes indicam que 8% desse universo correspondem aos analfabetos absolutos. Que devem ser somados aos 21% de analfabetos funcionais. Disso resulta que 46 milhões de brasileiros não conseguem entender o que leem – isso quando conseguem ler. Agora, imagine um filé desses manipulado por marqueteiros a partir de imagens “realistas” geradas por uma IA!
E os 46 milhões de eleitores são apenas a ponta do iceberg, pois nem consigo imaginar o total de “analfabetos eleitorais”, gente como o colega de meu filho (ingênuos, crédulos, de boa fé, ignorantes, ideológicos e todo tipo de pessoas que podem ser mais facilmente iludidas) que poderão transformar o Brasil num Titanic depois do choque com o iceberg. Como dizia um personagem de programa de humor, “Eu não vou aguentar!”
 
 
AULA DE RECONHECIMENTO
Assisti a um vídeo do Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol (provavelmente trecho de uma declaração ou discurso), em que ele ensina como reconhecer um fascista:
Se você quiser reconhecer um ultradireitista há um método que não falha:
Sempre se opõe a qualquer avanço social
Se opõe ao aumento do salário mínimo
Se opõe ao aumento das pensões
Se opõe a reduzir a precariedade trabalhista
Se opõe à renda mínima vital, dizendo que é uma mamata
Se opõe à tributação justa
Se opõe às políticas de igualdade entre homens e mulheres
Nega a evidência científica de que estamos diante de uma emergência climática
E quando não consegue bloquear esses avanços por vias democráticas – porque a população lhe ignora – o que faz é opor-se à democracia e recorrer ao ataque das instituições democráticas.
 
 
INTERDITA, PORQUE ESTÁ DOIDO
Eu não mando em minha mente (demente), ela pensa o que quiser e eu fico só na minha, como se ela fosse um ET que se instalou na minha cabeça. Esta introdução é só para tentar aliviar a barra por conta de uma piada que me fez pensar no humor doentio que o Henfil e outros malucos sempre fizeram sem se preocupar com o politicamente correto (eu adoro esse tipo de humor!). E este é o caso do diálogo a seguir:
- E aí, beleza? Fiquei sabendo que esteve internado. Que houve?
- Foda! Peguei uma infecção no pé, a coisa piorou, foi piorando tanto que fui obrigado a amputar um dedo.
- Puta merda! Mas não fique tão chateado, procure pensar de forma positiva.
- Do jeito que você é escroto, só falta dizer que é melhor amputar um dedo que o pé inteiro, né?
- Não, nem pensar, isola! O lado bom é que é menos uma unha encravada com que se preocupar.
- Puta que pariu!
 
 
DEFEITO DE FABRICAÇÃO
Parece que a democracia é mesmo uma merda, pois permite que se pratique o que regimes autoritários jamais permitirão. Liberdade de imprensa é uma delas. Que mania insensata algumas pessoas têm ao tentar expor seu pensamento e suas opiniões sem receio de ser presas! Outra esquisitice nas democracias é a possibilidade de alguém ser eleito para governar um país apenas com a maioria dos votos recebidos – dados em urnas eletrônicas ou sob a forma de papel depositado em pré-históricas e pouco confiáveis urnas que lembram mochilas ou malotes.
Outra falha da democracia é sua convivência com extremistas de todo tipo e matiz, gente sempre pronta a emular, a copiar o comportamento censório, policialesco que viceja nas ditaduras e regimes autoritários. Parece ser ofensa inadmissível para essa gente que a legislação em vigor no país seja respeitada, mesmo que isso resulte em condenações ou descondenações que o senso comum entende serem indevidas ou equivocadas.
Para algumas pessoas a política se resume a uma partida de final de campeonato entre dois times, sendo que um deles deveria ser proibido de ganhar, mesmo que para isso o regulamento precisasse ser rasgado, a bola furada e a as “quatro linhas” tivessem o produto que as demarca varrido ou espanado. E nem adiantaria argumentar ou tentar entregar alguma notificação ao técnico, pois o papel seria pulverizado depois de lido, como se jamais tivesse sido entregue. Democraciazinha filha da puta!
 
 
EXPLICANDO A ORIGEM DO POEMA “CAIPIRA DA CAPITAL”
Algumas pessoas me cumprimentaram pelo poema publicado recentemente, mas uma delas estranhou minha “confissão” e perguntou de onde eram meus pais. E esta é a explicação:
Minha mãe nasceu em Ijaci (Perto de Lavras. Já ouviu falar?), em 1922. A população estimada do então distrito estava em torno de 1.500 habitantes. Meu pai nasceu em 1911, no distrito de São José dos Oratórios (hoje o orgulhoso município de Oratórios). A população do antigo distrito de Ponte Nova quando meu pai nasceu estava em torno de 900 pessoas, pouco mais, pouco menos. Conheceram-se em Belo Horizonte, onde se casaram e onde eu nasci. Intimamente, mesmo tendo nascido em BH e independente da educação e cultura que fui adquirindo, sempre me considerei um caipira, um jeca tatu. Foi pensando nisso que escrevi aqueles “maravilhosos” versos.

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