Continuando com a promoção "pague um, leve dois" eis o link de um dos posts que mais gostei de escrever, um poema que nada tem a ver com o texto do Pondé apresentado a seguir:
Está na moda dizer que o “outro” é lindo. Mentira. Quando o “outro” não cria problema,
não há nenhum valor ético supremo em tolerá-lo. E, quando cria, quase sempre
ninguém o tolera.
Veja,
por exemplo, os eventos para diálogo inter-religioso. A discussão não pode
durar mais do que meia hora, e logo deverão servir os drinks e os croquettes,
porque mais do que meia hora implicaria começar a falar a sério sobre as
diferenças entre as religiões (as religiões não querem todas a mesma coisa,
isso é conversa “de mulherzinha”). Imagine cristãos e judeus conversando sobre
suas religiões. Cristãos assumem que Jesus foi o Messias que os judeus
esperavam (e também que Ele é Deus), e, portanto, os judeus teriam perdido o
bonde da história ao não reconhecer Jesus como Messias. Por sua vez, os judeus pensam
que os cristãos pegaram o bonde errado ao assumir que Jesus foi o Messias.
Logo, conflito. Melhor tomar drinks e
comer croquettes.
Muçulmanos
são lindos, índios são lindos, a África é linda, canibais são lindos, imigrantes
ilegais são lindos, enfim, todos os “outros” são lindos. Uma das áreas mais
amadas pela praga do politicamente correto é a chamada “ética do outro”, ou
seja, uma obrigação de acharmos que o “outro” é sempre legal. “Outro” aqui
significa quase sempre outras culturas ou algo oposto a Igreja, Deus,
heterossexual, capitalismo ou arrumar o quarto e lavar o banheiro todo dia.
Evidente
que conviver com o diferente é essencial numa sociedade como a nossa, assolada pelos
movimentos geográficos humanos, mas daí a dizer que todo outro é lindo é falso
e, como sempre acontece com o politicamente correto, desvaloriza o próprio
drama da convivência com o outro.
Salta
aos olhos que muita gente se faz de bonzinho em cima do discurso politicamente correto
tipo “save the whales”.
Parece-me difícil sobreviver se quisermos salvar tudo o que vive sobre o
planeta. E o que mais espanta é que justamente a tal da natureza é a primeira a
ser cruel, e eles parecem que não veem. Basta ver o canal Discovery para
perceber que não existe a natureza politicamente correta, ela é o oposto dessa
praga.
O
politicamente correto parece ser anticientífico. Mas, mais do que isso, ele faz
mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares de anos de seleção natural
de comportamentos nos quais homens e mulheres se reconhecem. A pressão pela
“crítica ao macho” contamina as relações porque, apesar de se falar muito hoje
em dia sobre homens serem mais sensíveis do que outrora, as mulheres (que não
suportam fracos) só aguentam a sensibilidade masculina até a página três.
Passou daí, elas se enchem.
As feias odeiam as bonitas (os feios e pobres também porque não conseguem pegá-las).
Não, não estou sendo cínico. A beleza não é um ponto isolado no espaço, mas um
gradiente e um conjunto de características físicas associadas a traços
“invisíveis” da alma. Beleza atrai inveja, e, nas mulheres, beleza é sempre
fundamental. Sendo assim, pode uma mulher usar sua beleza como forma de
sobrevivência ou ela deve buscar ser feia porque a maioria é e, assim, ela
estaria sendo politicamente correta?
A maior
inimiga da beleza da mulher é a outra mulher, a feia. A condenação do uso da beleza
feminina por parte das mulheres é uma ferramenta das que não têm, por azar (a
beleza ainda é um recurso contingente), acesso à beleza, seja porque são feias,
seja porque (no caso dos homens), em sendo feio (ou fraco), ele não pode
“pegar” a beleza da mulher nas mãos, beijá-la ou penetrá-la. Claro que há
sofrimento aqui, mas de nada adianta “resolver” o sofrimento negando um fato
óbvio: as feias têm raiva das bonitas.
O
alcance espiritual da beleza é fato estudado pelas religiões: o mal inveja a
beleza do bem. Mas, para além (ou aquém) da dimensão espiritual, não há nada
melhor no mundo do que uma mulher linda a fim de você. Por isso é melhor
levarmos a beleza mais a sério. Toda tentativa de proibir a exibição da beleza
feminina é um ato nascido da inveja. Se você for bonita, observe se no trabalho
não tem alguma feia que a detesta. O ódio das feias pelas bonitas nada mais é
do que a agonia que a abundância gera na precariedade. Como somos seres
precários (somos mortais, insignificantes cosmicamente e frágeis
biologicamente), a falta de beleza é a regra (quase) universal.
Sou professor e gosto de dar aula, coisa rara na área. Na maioria dos casos,
professores de universidade (ou não) são pessoas que, além de não gostar dos
alunos, têm uma inteligência mediana e foram, quando jovens, alunos medíocres,
que fizeram ciências humanas porque sempre foi fácil entrar na faculdade em
cursos de ciências humanas. Claro que quase todos pensavam em si mesmos como
Marx ou Freud ainda não revelados. Ao final, o que se revela com mais
frequência é alguém fracassado que ganha mal e odeia os alunos. Professores
normalmente não gostam de ler ou de estudar, mas dizem que esse pecado é apenas
dos alunos. Há um enorme sofrimento na maioria dos professores porque têm de
fingir o tempo todo que acreditam na importância do que fazem. A maioria
sucumbe.
Outro
tipo mentiroso e politicamente correto é o “artista”. As artes plásticas contemporâneas
ajudam muito para isso, na medida em que gente que não sabe desenhar pode ser
artista figurativo. Nada que eu consiga desenhar ou pintar pode ser levado a
sério como arte figurativa, porque eu não sei pintar ou desenhar nada. Um amigo
num caderno cultural importante ou uma tese de doutorado ilegível numa
universidade de nome sobre a obra de alguém pode fazer dele um grande artista.
Um dos projetos da minha vida é não viajar nunca mais, pelo menos, cada vez menos
e para menos longe. Exterior, nem pensar. Se acha estranho o que eu estou
dizendo, é porque você não viaja o suficiente ou porque sofre daquele tipo de
sintoma característico da “espiritualidade” da classe média, que é “querer
conhecer o mundo, os museus, os aeroportos e sentir frisson porque irá a Paris”. Se você bate foto dentro do avião,
é porque não há esperanças para você. Ficar feliz por sair de férias de avião é
brega. Um conselho: se você tem mais de 20 anos e acha avião chique, finja que
não acha. Sinto dizer, o mundo acabou. Fique em casa.
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