terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

“FÉ DEMAIS NÃO CHEIRA BEM”

Tenho ficado muito insatisfeito com a qualidade dos textos que escrevo e publico no Blogson. A sensação é de ter perdido vocabulário e embotado o raciocínio. Por isso, resolvi fazer uma experiência com a Inteligência Artificial.  Peguei o texto mais recente e pedi ao ChatGPT para reescrevê-lo. Sinceramente, achei o resultado tão superior que resolvi aproveitá-lo como texto principal do post. Mas, para não ficar totalmente envergonhado com minha crescente deficiência na transmissão de ideias e opiniões, resolvi publicar na sequência o texto que escrevi. Só me recusei a utilizar o título proposto pelo “chato do GPT”, pois não tenho tanta seriedade pretensiosa. O título proposto pela IA é "Reflexões sobre a Intersecção entre Religião e Legislação em um Mundo em Transformação". Então, vamos lá
 
 
Houve um tempo em que eu era um devoto católico, frequentando a missa regularmente e observando os rituais com devoção. Hoje, no entanto, minha fé foi gradualmente erodida pelas luzes da razão e da ciência. Consequentemente, testemunhar a religião assumindo papéis que ultrapassam seus limites me causa profundo desconforto, como o uso da expressão "Deus acima de tudo" em discursos recentes.
 
Respeito a crença no Deus judaico-cristão, mas é inaceitável quando essa fé é invocada para influenciar legislações que desconsideram outras crenças ou até mesmo a ausência delas.
 
Essa preocupação foi reavivada recentemente ao tomar conhecimento de uma decisão do tribunal do estado do Alabama. Eles interpretaram uma lei existente sobre homicídio culposo de menores, estendendo sua aplicação não apenas aos fetos no útero, mas também aos embriões armazenados em laboratórios.
 
Embora a maioria dos juízes tenha fundamentado sua decisão na lei, o presidente do tribunal, Tom Parker, justificou seu posicionamento repetidamente com referências às escrituras cristãs. Ele argumentou que os habitantes do Alabama adotaram uma "visão da santidade da vida com base teológica" em sua Constituição estadual.
 
Essa abordagem, que se baseia em fontes religiosas, é um exemplo alarmante de como a fé pode influenciar a legislação em um estado laico. Isso levanta questões sobre a separação entre religião e governo, e destaca a controvérsia em torno do papel da religião na formulação de leis nos Estados Unidos.
 
Particularmente, é incompreensível para mim que a fé pessoal dos legisladores seja privilegiada em um país que se declara secular. Na verdade, é frustrante ver a fé de alguns legisladores sendo imposta sobre questões legais, evidenciando um viés pessoal em detrimento do interesse público.
 
Para ilustrar essa preocupação, compartilho uma história antiga sobre um casal que enfrentou dilemas com o registro civil de seus filhos. A mãe, seguindo sua fé, batizou os gêmeos com nomes católicos, mas o pai, às vezes afetado por distúrbios mentais, registrou os filhos com nomes diferentes. O embate resultou na prevalência dos nomes registrados oficialmente.
 
Embora reconheça o valor consolador da fé em momentos difíceis, sou veementemente contrário à sua utilização como instrumento de censura e punição. Fico imaginando como essa questão teria sido tratada em estados como Alabama, onde a religião parece ter um peso desproporcional na esfera legislativa.
 
Em resumo, a intersecção entre religião e legislação exige uma reflexão cuidadosa e um compromisso com a proteção dos direitos e liberdades individuais, independentemente das convicções religiosas.
 
 
E agora, o texto originalmente publicado (preservação da memória, brother!)
 
O título deste post foi tirado de um filme de 1992 (por isso está entre aspas). E o texto é só um desabafo muito mal escrito, como tem sido a praxe dos últimos tempos (eu estou escrevendo tão mal!).
 
Eu já fui um católico praticante, de ir à missa todos os domingos e comungar, quase um carola. Hoje não sou mais, pois minha fé sofreu a erosão causada pela razão e pela ciência. Por isso, todas as vezes em que vejo a crença religiosa assumir papéis que não são dela eu fico extremamente incomodado. Caso da expressão "Deus acima de tudo" usada em discursos recentes.
 
Para mim está OK que você acredite no Deus judaico-cristão, mas acho um absurdo se pensar em legislar baseado em uma fé que desrespeita outras crenças, outras religiões ou até mesmo a ausência total de fé religiosa.
 
Estou dizendo isso por ter lido a seguinte notícia:
O tribunal do Alabama decidiu que uma lei existente — de homicídio culposo de um menor — abrange não só os fetos no útero, mas também os embriões mantidos num laboratório ou instalação de armazenamento.(...)
Embora a maioria dos juízes tenha baseado sua decisão na lei, o presidente do tribunal, Tom Parker, também tinha uma autoridade superior em mente — ele invocou repetidamente as escrituras sagradas cristãs para explicar sua decisão.
O povo do Alabama, escreveu ele em seu parecer favorável, havia adotado uma "visão da santidade da vida com base teológica" em sua Constituição estadual.
Explorando fontes religiosas de teólogos cristãos clássicos, como São Tomás de Aquino, e também um manifesto cristão conservador moderno, ele concluiu que "mesmo antes do nascimento, todos os seres humanos têm a imagem de Deus, e suas vidas não podem ser destruídas sem apagar sua glória".
(...) O debate sobre os direitos reprodutivos nos EUA tem sido impulsionado, em parte, pela oposição ao aborto a partir de grupos cristãos — mas esta decisão dividiu esse movimento e acendeu a discussão sobre o papel da religião na legislação americana.
 
Para mim é incompreensível que em país laico a legislação invoque ou privilegie a fé do legislador! Dito de forma mais elegante, foda-se a fé de quem legisla assim, pois no fundo, no fundo, está legislando em causa própria.
 
Para encerrar este post-desabafo vou contar um caso real acontecido há muito, muito tempo. Um casal viu com alegria o nascimento de duas crianças gêmeas, um menino e uma menina. A mãe, seguindo sua fé, batizou os filhos na Igreja Católica com os nomes de José Geraldo e Maria das Graças. Até aí tudo bem, concordam?
 
O problema surgiu quando os familiares descobriram que o pai – sujeito a episódios esporádicos de demência branda ou surtos esquizofrênicos – tinha ido ao cartório para registrar o nascimento dos filhos, momento em que deu a eles os nomes de Dalmo e Dalma. Obviamente os nomes que prevaleceram foram os que constam nas respectivas Certidões de Nascimento.
 
Eu continuo enxergando o papel positivo que a fé tem para consolar, confortar ou fortalecer as pessoas vitimadas por doenças graves ou tragédias pessoais, mas sou radicalmente contra  a face censória e punitiva dessa mesma fé.  Fico me perguntando o que aconteceria se esse caso das crianças gêmeas tivesse acontecido no estado do Alabama. O batismo prevaleceria sobre o registro civil? Cartas para a redação!


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