O RISO DA HIENA

 
O Blogson Crusoe foi criado em 2014, no dia em que eu tinha acabado de completar 64 anos. Pela minha preferência por textos irônicos e “bem-humorados” muitas vezes eu abordei em posts debochados e descontraídos as vicissitudes da vida provocadas pelo meu envelhecimento. E até recebi elogios por isso. Mas vida anda e hoje, na bica de completar 74 anos, os efeitos da velhice são mais diversificados e mais intensos. Mesmo assim, quero continuar rindo de mim mesmo.
 
Recentemente, ao me levantar da cama, senti uma dor absurda no olho direito, tão intensa que fui obrigado por meus filhos a ir a um pronto atendimento oftalmológico. Havia até suspeita de glaucoma. Mas fui examinado, a pressão intraocular estava normal e então orientado a usar um colírio antibiótico e fazer compressas quentes para combater uma blefarite, etc. A novidade que o exame realizado indicou foi estar com catarata. Mais uma surpresinha desagradável contida nesse quinderovo chamado velhice!
 
Em 2014 eu publiquei um texto com este título: “Melhor idade? Sei...” (https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2014/10/melhor-idade-sei.html). Como imagino que ninguém se interessa em fazer pesquisas arqueológicas no blog, transcreverei um pequeno trecho do post mencionado:
 
“(...) tudo o que deveria aumentar ou manter-se, diminui. Por outro lado, o que deveria diminuir ou manter-se, aumenta. A pressão arterial, a glicose, a perda de memória e a barriga aumentam. Diminui a resistência, o sono, a audição, a visão, a disposição e o tônus muscular.
E por falar em tônus, aliado a tudo isso, há ainda o efeito da força gravitacional (salve, Newton!) sobre o corpo. Com a perda de tônus muscular, tudo cai – as pálpebras caem, as bochechas, os seios, as bundas, as pelancas, as papadas e até os cabelos. Isso, sem falar na ereção(...)”
 
Pois é, em 2014 eu ainda era feliz e não sabia! Justamente por isso resolvi dar de presente (de grego) a quem acessa esta bagaça um coaching de envelhecimento. Para isso, além da experiência pessoal, fiz consultas rápidas na internet. Esse treinamento que estou oferecendo “de grátis” (aqui não tem monetização!) está mais direcionado (por razões óbvias) ao público masculino. Segura aí! (estou me referindo às dicas, informações e depoimentos pessoais, OK?).
 
Artrose nos joelhos
Dor filhadamãe que transforma a ação de subir ou descer escadas num ato de heroísmo. A condição é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, se tornando mais frequente a partir dos 65 anos.
 
Presbiopia (vista cansada)
Geralmente, começa a se manifestar a partir dos 40 anos de idade. Comecei a ter dificuldade de consultar o catálogo telefônico (quando ainda existia). A partir daí o braço foi ficando cada vez mais curto e cheguei até a pensar em um extensor ortopédico para auxiliar na leitura de letrinhas agora invisíveis.
 
Perda de Memória
O declínio da memória começa a ser perceptível a partir dos 50 anos, intensificando-se após os 60. Do jeito que minha memória está atualmente, já me vejo olhando para algum filho ou conhecido e dizendo alla Tiririca: “Quem é você?”
 
Hiperplasia da próstata
A hiperplasia prostática benigna (HPB), também conhecida como aumento prostático benigno, é um problema urinário comum que afeta os homens, especialmente aqueles com mais de 50 anos. Ela dificulta o ato de urinar, piorando a qualidade de vida de milhões de homens no mundo todo.
O aumento da próstata é detectado pelo exame de toque, o bicho papão dos machões das antigas. Até fiz uma piadinha sobre isso:
Depois dos quarenta anos, consultar periodicamente um urologista é prova de bom senso. Alguns machões, entretanto, ficam tão apavorados com os procedimentos, que evitam ao máximo essa consulta (alguns se dão mal). Mas, não tem jeito: quando decidem ir ao médico ou a isso são obrigados, já sabe, chegam apavorados, com cara de não-me-toques e saem constrangidos, "cheios de dedos".
Se alguém se interessar pela minha experiência pessoal pesquise o post “Chocalho prostático”
(https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2018/12/chocalho.html).
 
Hipertensão arterial
A hipertensão pode ocorrer em qualquer idade. Mas estima-se que 50% das pessoas com mais de 64 anos de idade têm hipertensão.
 
Catarata
Ocorre em pessoas idosas (é relacionada a idade), geralmente após os 60 anos. Eu tenho e comecei a notar que estou com a vista embaçada, com o olho “nuviado”.
 
Perda de audição
Assim como ocorre com a visão e com a pele, existe um processo de envelhecimento na audição. A partir dos 40/50 anos, inicia-se um processo de perda auditiva. Atualmente, a televisão do nosso quarto fica no volume quase máximo e a conversa com minha mulher é feita em voz bem alta, como se estivéssemos brigando, pois ela está mais surda que eu. Tenho até pensado em aprender Libras.
 
Câncer
Certos tipos de câncer são mais comuns em pessoas de idade mais avançada (a partir dos 50 anos). Infelizmente, não há nenhuma graça em dizer que isso é real.
 
Perda de ereção
Deixei este pepino (sem trocadilho!) para o final, dado o impacto deste assunto nos machos das antigas. A partir dos 40 anos, começa a haver uma redução mais significativa no nível de testosterona no organismo. Com isso, é normal o homem ter menos ereções e, consequentemente, uma diminuição na frequência e no volume de sangue que o pênis recebe ao longo do dia. De acordo com um estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine, essa queda de potência pode ser bastante drástica a partir dos 50 anos.
Conforme a idade avança, há perda da elasticidade natural da pele do órgão e as artérias que o irrigam se tornam mais elásticas (elas vão precisar de mais sangue para se encher). Essa combinação somada à queda de testosterona resulta em ereções menos potentes. Daí vem a impressão de que o pênis diminui alguns centímetros quando está duro. Porém, na verdade, ele tem o mesmo tamanho, só não consegue mais "se esticar" tanto.
Traduzindo essas informações técnicas para os 2,3 leitores do Blogson, posso dizer que a ereção da “coisa” (quando existe!) fica como aquelas bandeiras de prédios públicos em dias de luto oficial: a meio pau... E ahahah porra nenhuma!
 
Depressão
Pois é, caro leitor, estimada leitora, vocês ainda esperam que eu fale de depressão na velhice? Só posso dizer o seguinte: eu tento rir e falar besteiras o tempo todo, mas meu riso é riso de hiena, entendem? Fui.