O livro “Catástrofe”
que acabei de ler (que livro chato, meu Deus! 131 páginas só para indicar as
fontes consultadas) faz referência a Eliezer Yudkowsky, um pesquisador
americano que estuda inteligência artificial há mais de 20 anos e lidera o
Machine Intelligence Research Institute
(Instituto de Pesquisa de Inteligência de Maquinas). Uma de suas opiniões é
de que “podemos criar involuntariamente
uma IA hostil ou amoral que se volta contra nós – por exemplo, porque dizemos a
ela para deter as mudanças climáticas e ela conclui que aniquilar o Homo
Sapiens é a solução ideal”.
“Muitos pesquisadores imersos nessas questões, como eu, sabem
qual será o resultado provável da criação de uma IA super-humana e
superinteligente, nas circunstâncias atuais: todos na Terra irão morrer”.
Sinceramente, gostei dessa ideia, pois a
espécie humana não merece mesmo ter chegado aonde chegou. Os problemas que
surgiram causados pelas ações predatórias, descuidadas e imediatistas dos Sapiens me fazem crer na necessidade de
uma Inteligência Artificial para por ordem na casa, no que restou da casa. Mesmo que isso represente uma mudança radical na organização social e econômica
deste formigueiro de oito bilhões de pessoas.
Apesar disso fiquei um pouco preocupado com o
futuro de minhas netinhas. Li não sei onde que serão necessários uns cinquenta
anos para o surgimento de uma AI que se rivalize com a inteligência humana.
Para mim, está de boa, pois daqui a cinquenta anos eu estarei conversando apenas
com os átomos, 130 anos depois de ter nascido. Meus filhos também têm pouco com
que se preocupar, pois o mais novo estará com 86 anos. O problema são as netinhas,
mesmo que tenham se transformado em senhoras já idosas passado todo esse tempo.
Algum leitor mal humorado poderá se perguntar
por que eu sou tão egoísta assim, que só me preocupo comigo mesmo e com meus
familiares. Mas no fundo, no fundo, bem lá no fundo (uns 300 metros de
profundidade) eu realmente me preocupo com meus semelhantes – mesmo que não encontre
nenhuma semelhança entre eles e eu.
Por isso defendo a criação de várias AI
amistosas que dominem e cuidem bem do planeta e de seus habitantes, muito
melhores – por não passionais – que os idiotas que se alternam no poder. O
problema que vejo é que nenhum líder político quererá entregar a rapadura assim
de mão beijada. E aí chegamos ao ambiente distópico do “Grande Irmão” já descrito em vários livros e filmes de ficção.
Algum cretino sempre achará que tem a solução para tudo e tentará impor sua
vontade à população, como muitos já fizeram ou tentaram fazer antes dele.
Sinceramente, se pudesse escolher entre o
mundo descrito em 1984 e aquele do
filme Matrix eu ficaria com esse
último, porque alienação por alienação eu prefiro uma que me faça feliz.
Mas o que eu gostaria mesmo de ver em ação
seria uma AI anti-maldade, uma AI talvez de segundo escalão, voltada apenas
para a resolução de pequenos problemas e proteção da sociedade. Seria uma AI
com poderes para passar a régua nos socialmente condenáveis ou indesejados. Sua ferramenta
poderia ser um chip instalado ainda na maternidade, cuja função seria
identificar o portador e ser capaz de desligar seu cérebro ou coração. No
futuro, pisou no tomate, click!
Essa IA não quereria enriquecer nem desejaria o poder, não seria afetada por crenças
religiosas nem se curvaria a filigranas jurídicas. Sua ética seria apenas a
do bem estar da maioria. Seria uma AI severa mas paternal, uma IAP – Inteligência Artificial Protetora, ou PAI – Protective Artificial Intelligence.
Esse PAI
(custei para chegar neste trocadilho!) seria responsável por erradicar de forma
definitiva (diz o ditado que "não se gasta boa vela com mau defunto") alguns males e problemas que afligem a sociedade, tais
como: craqueiros ou cracudos (custo elevado de tratamento e baixa efetividade);
traficantes; milicianos; pedófilos; estupradores; corruptos e corruptores,
etc., etc.
Se você me perguntar a solução eu vou
preferir ficar calado, mas creio que uma democracia talvez jamais consiga
resolver problemas como esses. E eu que sou radicalmente contra governos
autoritários teria de aceitar que o mundo vivesse sob uma ditadura comandada
por Inteligência Artificial - fria, racional, sem emoção e implacável, mas
melhor que imbecis com excesso de burrice natural. E esta gororoba que acabei
de escrever descreve o que seria uma autêntica distopIA
(esta piada final ficou um horror!).
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