Este post foi originalmente publicado em 2017 e não tinha nenhuma intenção de movê-lo para os dias atuais. Acontece que fiquei sabendo ontem que quem inspirou esta postagem morreu em decorrência de complicações relacionadas a uma cirurgia no estômago ou coisa assim. Por isso, como homenagem póstuma a esse cantor/compositor resolvi mover o post para hoje. E sugiro que ouçam sua música.
Creio que foi em 1976 que aconteceu o caso que vou
contar agora. Tínhamos pouco tempo de casados quando um amigo trouxe à nossa
casa dois sujeitos meio estranhos, com cara de cantores de música brega, de
zona ou coisa parecida. Não eram. Eram músicos geniais e talentosíssimos. Um
deles, meio gordo, pegou meu violão e começou a tocar “Trem Azul”, do
Lô Borges, enquanto o outro cantava. Fiquei impressionado pelos acordes
sofisticados que fazia. Na hora da parte instrumental, reproduziu nota por nota
aquele solo famoso do Toninho Horta, me deixando de boca aberta e quase em
estado de choque. Depois disso, o cantor pegou o violão e mandou super bem. O
cantor chamava-se Abner e o violeiro tinha o apelido de Lissinho (de Alisson). Nunca mais os
vi, mas foi uma experiência magnífica que eu nunca esqueci e que gosto sempre
de lembrar.
Anos depois, eu estava “garimpando” aquelas bancas de
saldo de vinis que existiam nas lojas de discos no centro de BH, quando dei de
cara com um LP feito "a cinco mãos" por Fernando Bocca (um cantor e
compositor de BH, já falecido), o grupo Pendulum e mais três intérpretes
desconhecidos. Tomei o maior susto quando vi que um dos “desconhecidos” era o
Abner, aquele que tinha cantado “Trem Azul” ao meu lado, na nossa casa! Claro
que comprei o disco, mas confesso não me lembrar das músicas.
Pois bem, um belo dia (era noite, para ser sincero), Chico Moura, um amigo que é engenheiro, compositor, tecladista e agitador cultural promoveu um festival de música
na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, que teve até canja do Lô Borges (o
Chico conhece meio mundo!). Qual não foi minha surpresa ao descobrir que um
sujeito chamado Biné Zimmer já
tinha se apresentado e que ele era o mesmo Abner do "Trem"! Fiquei
tão feliz que cheguei perto dele e comecei a tentar contar o caso da música do
Lô, mas ele já estava para lá de trêbado. Mesmo assim me deu o número de seu
celular, mas a coisa morreu por aí.
Depois de ter criado um perfil no Facebook vivo
recebendo sugestões dessa rede para “solicitar amizade” de gente que nunca vi
mais gorda (ou magra). Geralmente recuso todas as sugestões, mas um dia dei de
cara com o Biné, que é amigo do Chico Moura. Não pensei muito e solicitei sua
amizade, mesmo sabendo que somos ilustríssimos desconhecidos um para o outro. E
ele aceitou.
Eu sei que foi muita falta do que fazer ter solicitado
sua amizade no facebook, e isso só me ocorreu por ele e seu amigo Lissinho
terem sido protagonistas de um momento musical mágico em minha casa no
longínquo ano de 1976. E o fato de ele ter aceito me deixa muito feliz, mesmo
que nós não nos conheçamos de verdade (provavelmente continuaremos sempre assim).
Para um músico frustrado como eu, cujo sonho de juventude era tocar guitarra em
banda de rock (solista, por favor), é bacana ter como "amigo" um
músico talentoso e com CDs gravados, mesmo que a amizade seja apenas virtual,
uma "amizade de Facebook".
Para celebrar essa amizade virtual, resolvi divulgar uma música sua, muito bonita. O vídeo tem imagens incríveis de Santa Tereza e da moçada do Clube da Esquina. Além disso, resolvi mostrar as imagens da capa e contracapa do LP onde ele provavelmente deu os primeiros passos como músico profissional.
Mais um segredo Jotabênico revelado : um ás do violão.
ResponderExcluirEu dizia e ainda digo que tocava melhor que a maioria das pessoas, o que não é vantagem nenhuma, pois geralmente quem diz que toca na verdade não toca porra nenhuma. Eu me divertia muito com o violão, comprava partituras, revistinhas e tentava "tirar" músicas de ouvido, mas broxei quando tentei tocar as músicas do Milton Nascimento, pra lá de sofisticadas, Aí virei pai e fui deixando, deixando, até descobrir que o braço do meu violão tinha empenado, de tanto tempo sem uso.
ExcluirQuem me dera! Eu já disse em alguns posts que eu não toco, o que eu faço é espancar o violão. Mas meu sonho era ser mesmo um Eric Clapton ou um Lulu Santos (a elevada modéstia é uma de minhas qualidades). Na juventude, tive doze aulas e só. Cheguei a tocar umas bossa-novinhas simplificadas, mas travei ao tentar tocar músicas do Milton Nascimento e Clube da Esquina, com acordes sofisticadíssimos. Para mim o som tem de ser igual senão não vale. Por isso é que fiquei em estado de choque ao ver um sujeito sentado em uma cadeira ao meu lado, tocando magnificamente a música "Trem Azul". Aí os filhos foram nascendo fui encostando "a viola", só pegando de vez em quando. Normalmente em festas de família, quando me pedem para tocar sertanejo e jovem guarda. Já viu, né? Mas música é meu sonho de consumo.
ResponderExcluirObrigado pelo carinho amigo, foi muito bom mesmo. Pode ligar quando quiser.
ResponderExcluirRapaz, a foto do Fernando Bocca lembra muito aquela clássica do Jim Morrison. Terá sido coincidência?
ResponderExcluirhttps://cdn1023.clicrbs.com.br/wp-content/uploads/sites/2/2021/10/jim-morrison-3-1024x640.jpg
Ele era mesmo daquele jeito. Eu não o conhecia pessoalmente, mas a única coincidência que 'imagino é que os dois fumavam maconha.
Excluir