sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

RETROSPECTIVA DE FIM DE ANO

 
Todo mundo gosta de ver uma retrospectiva quando o ano chega a seu final, não é mesmo? As emissoras de TV sempre fazem isso, mas parece que têm também a intenção de sacanear os espectadores, pois sempre exibem esses programas quando já está todo mundo enchendo a cara, comendo igual a um ogro, conversando alto ou fazendo performances ridículas ao som de Sidney Magal. Ou seja, todo mundo está pouco se lixando para um resumo do que aconteceu no ano que está chegando ao fim.
 
Justamente por isso, para que todos os 12,3 amigos do blog possam curtir a seu tempo os acontecimentos extra-ordinários de 2021 (talvez fosse melhor tirar o extra e manter apenas o ordinário), passarei a lembrar alguns fatos pictorescos acontecidos. E não tem essa de lembrar perdas, pois o negócio é tocar a bola pra frente (lembrando que eu usei a palavra bola no singular. No singular!). Não são muitos os ganhos, mas bastante significativos. Bora lá.
 
Lembrar-me-ei (sério, a língua portuguesa às vezes é muito esquisita!) de que em 2021 eu ultrapassei a barreira dos 14 lustros, ficando mais lustroso que carro usado à venda em concessionária. Para quem não sabe (eu não sabia!), lustro é um período de cinco anos.
 
Outro acontecimento de destaque, atingido só em dezembro, foi o registro de 103 kg na balança digital aqui de casa, vestindo apenas camiseta e cueca. Fabuloso!
 
Do ponto de vista econômico-financeiro meu progresso foi grande, pois fiz uma limpa em minhas finanças. Minha conta bancária ficou muito limpa mesmo, fazendo-me lembrar da floresta amazônica tão bem desmatada  na recente gestão do ministro da boiada. A propósito, é bom deixar claro que indigestão nada tem a ver com gestão da Funai.
 
E a saúde? Rapaz, nem te conto! Acredita que graças à pandemia e isolamento social eu ganhei uma perda de massa muscular impressionante? Imagino que mais um pouco e poderei estrear uma ponta de bengala que pertenceu a meu avô paterno. Acho que ficarei elegantíssimo ao manquitolar por aí apoiado em uma bengala com ponta de prata.
 
Ainda na área do SUS, posso dizer que minha susdez progrediu a olhos vistos mesmo que o sentido "evoluído" não seja a visão.  E para concluir a retrospectiva, lembro emocionado o momento em que (pela quarta vez!) o Blogson morreu e ressuscitou. Desconfio até que ele continuará assombrando a blogosfera mesmo depois que eu for chamado. Alguém talvez se pergunte que chamado é esse, chamado por quem? A resposta é esta: - Sei lá, pô, já disse que não estou escutando porra nenhuma!

Para terminar com chave de bronze (é, porque eu sou quase da Idade do Bronze), desejo aos meus doze amigos virtuais e a todos os malucos que tropeçam neste ninho de mafagafos, ou melhor, de má fé e gafes um Feliz ano novo para todos, com menos Covid, mais imunização e mais bom senso (o blog fica dispensado deste último desejo). Fui.

 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

REQUIESCAT IN PACE

 
Lya Luft morreu hoje, aos 83 anos de idade. Fiquei super triste ao receber essa notícia, pois era (sou) fã de suas crônicas elegantes e super bem escritas. Uma dessas crônicas foi durante muito tempo o post com maior número de visualizações no blog. Transcrevo a seguir um texto que escrevi em 2016 para apresentar essa crônica, como minha sincera homenagem a uma grande, imensa escritora. Requiescat in pace, Lya Luft.
 
 
Sou fã da Lya Luft. Para quem não sabe, Lya Luft é escritora e tem 77 anos. Uma escritora já senhora, pode-se dizer. Mas, acima de tudo, uma senhora escritora, autora de mais de vinte livros (que nunca li, para ser sincero) e tradutora de mais de cem livros. Além disso, é cronista da revista VEJA, onde descobri seus textos elegantes, sóbrios e reflexivos.
 
Pois bem, minha reverência hoje é para ela e para sua crônica mais recente publicada em VEJA. Seus textos (as crônicas, pelo menos) nunca trazem palavras chulas ou vulgares, pois ela parece não precisar se apoiar nesse tipo de recurso. Como disse, seus textos sempre são elegantes e sóbrios – e de leitura agradabilíssima. Uma lady.
 
Por isso, achei curioso ela dizer que tem “escolhido muito cuidadosamente” suas palavras “nas tantas dezenas, já centenas, de artigos” publicados em VEJA. Mais adiante, comenta que “aos poucos as palavras começam a fugir dos arreios que a prudência lhes tem imposto, e reclamam, e se agitam, e se queixam, exigindo que as deixe brotar naturalmente”. E fiquei pensando quais palavras estariam “fugindo dos arreios”. Seria a palavra “trouxa”, usada no texto como gíria?
 
Talvez seja isso, pois seus textos são sempre tão limpos, claros e não apelativos que não consigo imaginar suas palavras “fugindo dos arreios”. Talvez por isso eu tenha desejado compartilhar essa crônica tão bem escrita, pois meus textos são sempre mancos, estropiados, mal arreados e com andadura claudicante.
 
Que mais eu posso falar? Só dizer, à moda dos fãs quando veem seus ídolos: “Lya Luft, eu te amo! Lya Luft, eu te amo!”

AS CARTAS NÃO MENTEM

À medida que o fim do ano vai se aproximando eu vou ficando cada vez mais inquieto. E o motivo é a quase certeza da presença de astrólogos, numerólogos, videntes, cartomantes, tarólogos, sensitivos e todo tipo de gente capaz de prever o futuro em certos programas da TV aberta – tipo Sonia Abrão, Ratinho, Rodrigo Faro e congêneres.
 
O nível de respeito que esses profissionais provocam em mim é difícil de ser mensurado. Sinônimo de nenhum. E o motivo é simples: não houve nenhum filhadaputa capaz de prever a pandemia e seu impacto na vida das pessoas!
 
Talvez a explicação para isso seja um problema de escala, de proximidade. Fazer previsões de natureza global ou até mesmo continental deve ser muito difícil. Para começar, os futurólogos precisam ter um conhecimento que vá além de detalhes da vida dos famosos. Se um mínimo de conhecimento sobre economia, saúde pública, meio ambiente, política internacional já é tarefa difícil até para presidente da república, que dirá para um especialista no manejo de cartas ou conchas!
 
Mas o linguajar meio hermético, meio dúbio, os silêncios e suspiros não são para qualquer um. Ou melhor, são para qualquer um sim, mas só se esse um quiser ser enganado, confundido e convencido. Dizer que no próximo ano "um cantor sertanejo morrerá" é mole, por dois motivos: o que mais tem hoje em dia é cantor sertanejo, é quase um agronegócio. Sem contar que existem alguns que "já estão devendo cemitério", como dizia meu sogro.

Eu acredito que o “script” seguido por essa moçada que se vende como porta-voz do futuro deveria ser atualizado ou alterado radicalmente, pois já está muito surrado. Por exemplo, fico imaginando como seria bacana um astrólogo (não, o Olavo já está velho) meio garanhão, dizendo algo assim para uma consulente gostosa:
- Platão está agora na segunda casa de Andrômeda. Essa confluência indica que a sua felicidade no próximo ano só acontecerá a partir do momento em que der para mim.
Ou, se durante um jogo de búzios, a especialista fizer para um investidor em imóveis essa grave e preocupante afirmação:
Os búzios estão dizendo que é melhor não confiar em Búzios!
Ou esta outra:
- Os astros dizem que sua situação imunológica não está boa. Por isso, é melhor que você seja vacinado o mais rápido possível.

Mas o pessoal gosta mesmo é de dizer que alguém muito famoso morrerá, coisas assim. Política também é um terreno fértil para previsões. É o caso, por exemplo, de uma sensitiva chamada Márcia, que fez a primeira previsão para o próximo ano de que tomei conhecimento. Segundo ela, Lula será eleito presidente em 2022. E disse isso com tanta segurança que me deixou impressionado. Uau, até parece que viu as pesquisas mais recentes da Datafolha e de outros institutos!

 

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

TÁ BOA, SANTA?

 
O BBC News é um site muito legal (que eu recomendo para quem não conhece), pois traz artigos e reportagens que abordam curiosidades e informações divertidas, ótimas para aliviar (desopilar) um fígado destroçado pelas babaquices diárias que a tchurma de Brasília costuma produzir, divulgar ou falar. Pensando bem, não é “de Brasília”, mas “em Brasília”, pois espero que esse pesadelo acabe em 2022.
 
Deixando a profundidade de lado (como dizia a Belchior) e voltando à BBC, acabei de ler um artigo que mostra o quanto os políticos, intelectuais e outras personalidades brasileiras podem ser ridículos e primitivos. Se quiserem, podem trocar primitivos por toscos, risíveis, idiotas, deprimentes ou o que acharem melhor.
 
O artigo ou reportagem trata de uma tentativa bizarra de nacionalizar o Natal. Melhor dizendo, de substituir o Santa Claus, o Papai Noel por uma fantasia brasileira. O pior dessa maluquice é o fato de que tentaram utilizar um personagem inexistente no folclore nacional ou na memória afetiva do povo brasileiro. Personagem que já é uma piada, mesmo que não permita a alguém fazer um comentário idiota do tipo "Tá boa, Santa?"
 
Particularmente acho o nacionalismo e vários outros “ismos” uma grande merda, uma tornozeleira mental, boa apenas para acorrentar no mesmo curral quem se identifica com isso. Mas não estou tentando convencer ninguém, pois meu negócio é apenas registrar no blog que alguns iluminados da década de 1930 tentaram substituir o Papai Noel por um produto nacional de péssimo gosto e horrivelmente projetado. Como assim? Mesmo que pareça uma piada de standup ou da “Praça é Nossa”, o “bom velhinho” nacional seria o “Vovô Índio”!
 
Não ria, pois é verdade. Eu já tinha ouvido falar nessa babaquice, mas imaginava que fosse só mais um fruto da cabeça insana dos integralistas. Mas estava enganado. Segundo a reportagem de Edson Veiga, “Há 90 anos, Vovô Índio era a tentativa brasileira de destronar Papai Noel”. A seguir, alguns trechos que extraí da reportagem (muito boa, diga-se. O link para sua leitura completa está disponível no final).
 
'“Vovô Índio e as crianças” foi chamada de capa do jornal O Globo em 24 de dezembro de 1932, com o registro de que a figura havia sido a responsável pela entrega de presentes em uma escola municipal carioca.
O mesmo jornal, em 28 de novembro, havia publicado um verdadeiro manifesto em defesa do Vovô Índio — sob o título "Vamos fazer um Natal brasileiro?" — e, em 20 de dezembro, uma declaração de guerra ao bom velhinho — "Pela deposição de Papai Noel" era o nome do texto.
 
Com contornos de lenda e sem constar de jornais da época, mas apenas de histórias publicadas décadas mais tarde sobre o assunto, o mais famoso desses episódios pode ter ocorrido há exatos 90 anos, no Natal de 1931, quando o presidente (Getúlio Vargas) teria sido anfitrião de um evento natalino para apresentar o Vovô Índio para a criançada em um estádio do Rio.
Segundo esses relatos, a plateia não aprovou a ideia de receber presentes de um homem vestido de tanga e com cocar na cabeça — a preferência recaía sob o internacional Papai Noel.
 
Se as tentativas de fazer o Vovô Índio emplacar no imaginário nacional datam dos anos 1930, não se sabe exatamente a origem do mito.
O que se sabe é que sua versão mais bem-acabada terminou divulgada por obra de simpatizantes do integralismo, movimento nacionalista que ficou conhecido como uma espécie de fascismo brasileiro.
"Houve um grande esforço da intelectualidade nacionalista brasileira, principalmente uma intelectualidade de direita dos anos 1930, no sentido de criar essa fábula do Vovô Índio como contraponto ao Papai Noel", diz o historiador Leandro Pereira Gonçalves, professor na Universidade Federal de Juiz de Fora e autor de, entre outros, O Fascismo em Camisas Verdes: do Integralismo ao Neointegralismo.
Ele contextualiza, contudo, que se a simbologia nacional era muito importante ao movimento integralista, ele não foi criado pelos integralistas — foi, sim, utilizado por seus militantes.
"Para os integralistas, o Papai Noel era uma influência ianque. O Vovô Índio representava o caboclo, o cara que estava no mato como o brasileiro, essencialmente brasileiro", comenta Doria.
"É o resultado da busca que todo fascismo tem pela visão idealizada do que é o seu povo."
"Ele, assim, se consolidou na AIB e foi adotado por Getúlio [Vargas] porque fazia sentido de acordo com essa visão", acrescenta.
 
Gonçalves lembra que, afinal, "o movimento integralista é cristão, tem sob lema 'Deus, Pátria e Família'".
"O debate da simbologia natalina realmente presente no integralismo brasileiro não é necessariamente o Vovô Índio, mas a valorização do nascimento de Jesus", argumenta o historiador.
Ao mesmo tempo, os integralistas sempre ironizavam a figura do Papai Noel, considerando-a incompatível com o Natal de verão brasileiro.
"O Vovô Índio ficou reservado ao aspecto de uma intelectualidade, da utopia do militante nacionalista em busca de uma alternativa ao capitalismo", comenta o historiador.
 
Pois é, o que dizer dessa idiotice sem ofender a memória daqueles que a criaram ou defenderam? Uma coisa é certa: um “bom velhinho” a distribuir presentes vestindo apenas tanga (cueca também, provavelmente) e cocar só corrobora meu sentimento atual. Para mim, esse negócio de dar presente no Natal é programa de índio.

 

https://www.bbc.com/portuguese/geral-59754485

 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

PESCANDO LAMBARI

 Estava de bobeira vendo o documentário Get Back quando me deu vontade de saber na opção "Agora" das "Estatísticas" do blog o que algum leitor poderia ter acessado. E descobri que alguém acessou o post com as frases geniais do Barão de Itararé. Lendo os comentários e as respostas que dei, descobri uma frase simpatiquinha de minha autoria. Resolvi jogá-la no facebook. Como não tinha nada de novo para postar, resolvi pescá-la para publicar aqui no velho Blogson. Mas é só uma pesca de lambari - e lambari miudinho. Olhaí.




domingo, 26 de dezembro de 2021

CURIOSIDADES E COINCIDÊNCIAS

 
Este assunto já está meio rançoso, mas nosso presidente insiste em sua busca por mais rejeição - além daquela que já possui com sobra. Talvez por isso continue a desqualificar e duvidar das vacinas. Agindo assim influencia e satisfaz os imbecis, os ignorantes, as toupeiras e todo tipo de vivente anestesiado que cisma de usar viseiras. Pensando bem, os ungulados do gênero Equus devem ser deixados fora disso, pois nada têm a ver com mitos, mesmo que esses mitos sejam do tipo Cavalão. E só usam antolhos contra a vontade.
 
Talvez você seja do movimento anti-vacina, quem sabe até um secretário da "cultura" (é fria!), talvez duvide que vacinas eficazes pudessem ser desenvolvidas em tão pouco tempo, talvez acredite que Deus te protegerá contra o vírus, pode ser até que você acredite que as vacinas contra a Covid te transformarão em jacaré, provoquem autismo, aids ou que implantem um chip submicroscópico em sua pele. Mas há "coincidências" que nem o presidente explica - ou quer explicar.

Estou dizendo isso apenas para apresentar uma “curiosidade”. Tão visível e tão óbvia que é impossível imaginar que ninguém tenha ainda mostrado gráficos assim para "ele". E o que esses gráficos mostram de tão especial? Isto: a possibilidade de comparar duas curvas correspondentes ao mesmo período de tempo – janeiro a novembro de 2021. A primeira mostra o acumulado mensal das pessoas que tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid. A segunda exibe a curva correspondente às mortes provocadas por essa doença. Acho que não preciso dizer mais nada, concordam?



quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

MATERIAL DIDÁTICO

Como todos sabem, Jotabê é um incansável defensor da educação de qualidade e, mais que ninguém, sabe que uma imagem vale mais que mil palavras (mesmo que isso seja um clichê até puído, de tão gasto e usado). Por isso, resolveu criar um material didático a ser utilizado nas aulas de geografia e graciosamente fornecido aos pimpolhos do ensino fundamental (sugestão de preço superfaturado: R$500,00/unidade).

Porque, como todos sabemos, a Terra é plana, uma informação nem sempre fácil de transmitir, diante de tantas propagandas enganosas que turvam os pensamentos surgidos em cabecinhas inocentes.

Por exemplo, quer propaganda mais perturbadora que a que dizia "O mundo gira e a Luzitana roda"? Obviamente a situação correta é o inverso disso, ou seja, o mundo roda e a lusitana gira  - ou vira ("roda, roda e vira, solta a roda e vem"). E como uma palavra vale mais que mil imagens,  a palavra é globo terrestre. Olha o lindinho aí.

 



ADENDO PÓS PUBLICAÇÃO, PARA ATENDER A UM AMIGO:

Olha o sistema solar aí, Scant!




quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

QUESQU'IL Y A AVEC TON DINDON?

 
Li uma reportagem curiosa no site da BBC News sobre como o peru se transformou no prato principal do Natal. Mas a curiosidade que mencionei é que tanto se fala do peru de natal quanto dos hábitos alimentares do bispo de Salisbury, no Reino Unido. E nem dá para fazer aquela pergunta clássica das aulinhas de francês - Quesqu'il y a avec ton dindon?, porque, segundo a reportagem, só décadas depois o peru foi introduzido no meio da nobreza européia (isso ficou meio esquisito!).

A reportagem conta que em “25 de dezembro de 1406, o bispo de Salisbury, no Reino Unido, sentou-se à mesa para sua ceia de Natal). (...)
 
A refeição era modesta, pelos padrões costumeiros do bispo - apenas 97 pessoas foram convidadas. O cardápio era abundantemente carnívoro e parecia mais um zoológico. Havia metade de uma vaca, três carneiros, 24 coelhos, um porco, metade de um javali silvestre, sete leitões, dois cisnes, duas galinhas d'água, quatro patos-reais, 20 narcejas (aves pernaltas com longos bicos que balem como cabras), 10 capões (frangos capados) e três marrecos.
 
Naquele ano o dia de Natal ocorreu em um sábado - um dia de adoração, no qual tecnicamente as pessoas deveriam comer apenas peixe. Por isso, o bispo também encomendou alguns animais aquáticos.

Ao todo, foram servidos aos convidados 50 arenques-brancos (em conserva, como filés enrolados), 50 arenques-vermelhos (arenques tão salgados que assumem coloração vermelho-cobre), três longas enguias-do-mar, 200 ostras e 100 caracóis.
 
Naquela época, não havia garfos, e as pessoas não usavam pratos individuais nas refeições. Os garfos ainda não haviam chegado à Inglaterra e os pratos somente seriam inventados no século 17.
 
Com apenas facas e colheres à disposição, Mitford e seus convidados comiam os alimentos fatiados ou moídos, para que pudessem ser servidos sobre grossas fatias redondas de pão” (...). Talvez tenha sido daí que surgiu a expressão "Está metendo a colher onde não foi chamado".
 
Outra informação curiosa e, para mim, a mais surpreendente, foi a melhora da alimentação provocada pela Peste Negra.  Segundo a reportagem, “embora os nobres tenham sempre passado bem, um aspecto da vida - que inclui o Natal - havia acabado de melhorar para todos no final do século 14. Foi um efeito colateral inesperado de uma tragédia global: a Grande Peste.
 
Antes da Peste, a maioria das pessoas sobrevivia principalmente à base de alimentos preparados com cereais, como pães e uma espécie de mingau feito de trigo picado fervido com leite ou caldo de animais. (...) quando a Grande Peste se espalhou pela Europa, a Ásia e o norte da África, em meados do século 14, ela varreu algo entre 30% e 40% da população do planeta - e os sobreviventes perceberam que havia muito mais alimentos disponíveis.
 
A pandemia matou as pessoas, e não os animais. Por isso, o equilíbrio mudou muito a partir dali".
 
Independente da maior ou menor disponibilidade de alimentos para a ralé, não se pode negar que o bispo era muito bom de festas (e devia também ser bom de grana. Sabe como é, uma doação aqui, outra doação ali, etc.). “O bispo Mitford celebrava todos os 12 dias do Natal e recebia 137 pessoas para celebrar a “12ª Noite” – a noite de Reis, uma festa maior que a do dia de Natal”. Mitford! Ou, melhor, muito foda (trocadilho totalmente dispensável!).
 
O que dá para concluir é que ser bispo sempre foi uma boa, pouco importando se em 1406 ou nos dias atuais. Não é mesmo, Edir? 

sábado, 18 de dezembro de 2021

¿QUE POLA ES ESA?

Hoje eu li uma notícia de tal (i)relevância que não resisti ao desejo de comentá-la. E faço isso meio cabreiro, pois sei estar invadindo os domínios do implacável titular do blog A Marreta do Azarão. Mas tentarei agir como a hiena na disputa com um leão para descolar (talvez arrancar fosse o termo mais apropriado) um pedaço do gnu que o rei dos animais guarda com zelo e extrema ferocidade. Eu sou uma espécie de hiena do bem, não exatamente a que ri o tempo todo, mas aquela da excursão ao zoológico. Não sabe qual? Acho que preciso contar (questão de contexto, entende?).
 
Diz a lenda que um grupo de crianças com idade entre nove e dez anos fez uma excursão ao zoológico. A professora, toda entusiasmada (esse entusiasmo parece ser a parte lendária da história) foi mostrando os animais e destacando suas características principais:
“Este aqui é o elefante africano, bla bla bla; este é o leão bla bla bla” (o motivo desse bla bla bla é por não estar com saco para acessar a Wikipédia). Aí chegaram na jaula/no fosso/na área da hiena e a professora lascou:
- “Esta é a hiena, um animal que emite um som parecido com o riso de gente enjoadinha, come carne de animais mortos e faz sexo uma vez por ano”. Foi quando um menininho impertinente, daqueles que tornam a vida dos educadores e educadoras uma tortura quase igual às da Santa Inquisição retrucou:
- “Um animal que come carniça e trepa uma vez por ano ri de quê?”
 
Mas eu entendo o drama do macho da hiena. Segundo aprendi, além de serem maiores que o parceiro, “as fêmeas têm um clitóris totalmente erétil, tão comprido como o pênis de um macho”. Falando sério, se eu fosse um “hieno”, ficaria extremamente desconfortável com essa situação. Sei lá, vai que a fêmea sofresse alguma mutação e resolvesse inverter os papéis. É ruim!
 
Pois é, não que eu me identifique com as hienas (talvez só um pouquinho), mas a coisa está tão feia que, outro dia, ao dizer para a patroa que acordei excitadão, ela engasgou-se com o café com leite, começou a rir quase descontroladamente e disse que eu sou tão engraçado que deveria fazer uma stand up. Eu não fico chateado com comentários desse tipo porque sei que ela não sabe nada de inglês. Se soubesse, em vez de stand up deveria dizer seat down, mais apropriado.
 
Como disse, a situação está tão estranha que se eu tivesse instagram informaria meus sucessos assim que acontecessem (claro, se acontecessem, pois acontecem cada vez menos). Bons tempos em que eu conseguia manter um menor espaço de tempo entre as saliências. Para ser sincero, eu nunca fui exatamente um atleta sexual. Até na juventude, se eu quisesse ter música no Fantástico eu precisaria assinar uma procuração para alguém. Tá rindo de quê? A hiena aqui sou eu!
 
Mas falei, falei e até agora não disse a que vim. Tenho vigiado para ver se o Marreta se manifestava sobre isso. Como passou batido, falo eu. O assunto é cerveja. “Como assim, Jotabê?”, dirão os leitores estupefatos. “Você só entende de leite com toddy!"
 
Pois é. Como disse no início, li uma notícia no site BBC News Brasil sobre uma disputa quase judicial entre a Coca Cola e os indígenas Nasa da Colômbia. E o motivo é a marca de uma cerveja à base de folhas de coca que eles produzem, "100% artesanal". Imagino que a dona da Coke está pouco cagando para a qualidade ou ingredientes utilizados para fazer a breja. O problema é o nome que os Nasa escolheram – Coca Pola.
 
Para ser sincero, até eu que não bebo a loura gelada (quando realmente gelada é conhecida por alguns como “cu de foca”) reclamaria da propaganda enganosa do nome mal escolhido. Pensem bem, os caras têm uma ideia luminosa de fazer cerveja a partir das folhas de coca e resolvem dar a essa bebida energética o nome de Coca Pola? ¿Que pola es esa? Ou melhor, que porra é essa? Cerveja com nome de refrigerante?
 
E o mais legal é que além da cervesa os Nasa criaram outras bebidas com a folha de coca: Coca Sek, uma bebida energética (nem precisava dizer!), o conhaque Wallinde, a Coca Libre (mistura de Sek e Wallinde) e o licor Coca Ron.
 
Desde já declaro meu irrestrito apoio (ninguém pediu!) a que continuem a usar a palavra Coca em seus produtos. E sem nenhum interesse pecuniário ofereço duas frases de alto efeito mercadológico para incrementar as vendas:
- Dizem que o barato sai caro, mas nossas bebidas provam que o barato sai bem barato. Ou esta:
- Bebidas dos Nasa: tudo o que você precisa para entrar em órbita.
 
Mas precisam mudar o nome da cerveja. Senão, algum engraçadinho sempre se lembrará daquela piada do japonês que está dentro de uma piscina/lagoa/rio/mar/banheira de motel e sente alguma coisa agarrar em seu corpo. Ele passa a mão, olha e exclama:
 
- “Que pola é essa?” E ele mesmo responde:
- “É pola mesmo!”




quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

ALGUÉM PARAMAR

 
Eu tinha 24 anos quando me casei. Quando nosso primeiro filho nasceu eu estava com 26 anos. Talvez por ter sido pai tão novo eu sempre me comuniquei de forma descontraída com os filhos, uma situação bem diferente da vivida por meu pai. Quando eu nasci ele já estava com quase 39 anos. Essa diferença de idade, aliada a um maior formalismo e rigidez de sua educação - provavelmente condizente com os costumes da época - jamais permitiu que eu e ele conversássemos com a liberdade com que nossos filhos e eu conversamos.
 
Para efeito de comparação, eu devia ter uns dezoito anos quando, pela primeira vez, ouvi meu pai soltar um "puta merda", situação que me deixou extremamente constrangido, bem diferente da vivida com meus filhos, que falaram palavrões desde sempre. A vantagem dessa liberdade que dei a eles foi tirar do palavreado chulo toda e qualquer conotação sexual.
 
Talvez os mais pudicos, moralistas e carolas condenem essa educação, mas os meninos nunca desrespeitaram ou constrangeram ninguém com essa linguagem livre, pois sempre souberam que pessoas mais velhas que eu poderiam não gostar de “tomar um tijolaço no ouvido”.Como diria meu amigo Bolsonaro, eles foram bem educados.
 
Essa forma descontraída de conviver com os filhos permitiu que eles sempre me mantivessem atualizado com as novas gírias, comportamentos, bandas, músicas, eventos culturais, livros, quadrinistas e outras manifestações do que eu chamo de cultura pop. Por exemplo, se não tivessem me contado, eu nunca saberia que a associação de duas inocentes palavras (bola gato) traduzidas para o inglês sugeriria uma prática sexual muito festejada e comum. Pois é...

Outro exemplo dessa atualização de expressões e costumes é “flash mob” (aprendida recentemente), para definir um encontro de várias pessoas em um espaço público, para fazer uma performance coletiva e inesperada (este texto está muito sério e careta!).
 
E este é o tema do post de hoje. Encontrei na internet vários vídeos de flash mob em outros países (provavelmente da Europa), alguns de dança, outros de música erudita orquestral, etc. Mas um particularmente me tocou mais, pois mostra um flash mob em um restaurante de alguma faculdade no Brasil. A música é linda (Somebody to Love, do Queen) e o resultado é muito, muito legal. Espero que gostem.



terça-feira, 14 de dezembro de 2021

COM A AVÓ ATRÁS DO TOCO

 
Hoje acordei meio emburrado, com a cachorra, com a macaca, mal humorado, enfezado, com a avó atrás do toco. Não adianta me perguntarem o que minha avó fez ou faria atrás do toco nem que toco é esse. Só sei que minha mãe usava essa expressão, provavelmente surgida em um tempo onde se cozinhava à lenha. Talvez por isso, por ter acordado assim, meio puto da vida, na maior lenha, resolvi encher o saco de alguém, dar umas dicas, jogar algumas palavras ao vento. Quais palavras? Pô, já está difícil começar esta gororoba e você(s) já quer(em) saber de que se trata?
 
Resolvi (à falta de coisa melhor para fazer) jogar uma luz no tema “Eu gosto de escrever”. Para começar, vou contar um caso de que já falei aqui no blog. Meu pai tinha ótimos “causos” de sua infância e juventude, mas na idade em que estou aparecem os tiques e as manias (creio que sem querer querendo, acabei escrevendo um verso da música Bijuterias, de João Bosco e Aldir Blanc!). Rebobinando a fita (bons tempos do cassete e das fitas VHS!), o que quis dizer é que na idade em que estou essas lembranças saborosas já estão muito, muito esmaecidas. Mesmo assim, vamos ao caso.
 
No início do século XX a família de meu pai ainda morava em São José dos Oratórios, então um distrito de Ponte Nova. Não consigo imaginar o que isso significava, apenas suponho que deveria ser um povoado com ruas empoeiradas e sem calçamento, ocupadas apenas por carroças, algumas bicicletas, charretes e gente andando a pé ou a cavalo. Muito bem. Meu avô era dono de um armazém “de secos e molhados” e, segundo ironizava meu pai, era a terceira pessoa em importância no distrito, atrás apenas do padre e do delegado. Provavelmente graças a essa importância e ao tamanho “minimalista” do lugar, meus avós deviam conhecer e se relacionar com muitas pessoas.
 
Um desses amigos era um sujeito simplório que gostava de exibir “cultura” e utilizar palavras “difíceis” para impressionar aqueles caipiras sem instrução. Por isso, sempre entrando pela casa da minha família sem bater à porta, às vezes chamava por minha avó exclamando “Ô Vitaras! Quedis ela?” Entendeu? Traduzindo: “Ô Vita! Que é dela?” (ou “Onde ela está?”). Pois é... Acontece que minha avó se chamava Vitalina – ou Vita, para conhecidos e parentes. Menos para o amigo “erúdito” que insistia em chamá-la de "Vítaras”. Provavelmente devia achar que o uso de palavras proparoxítonas, “difíceis” e de sonoridade sofisticada que inventava ou deformava davam a ele o status de homem culto e íntimo das belas letras. E esse é o ponto de partida (e quase de chegada) deste texto.

Mesmo que muitas vezes o faça de maneira discreta e silenciosa, na moita, eu sigo e acesso vários blogs, leio seus posts e os comentários de outros leitores. Em alguns casos os comentários são mais divertidos ou interessantes que o próprio post que os motivou. E o que às vezes percebo é que alguns blogueiros ignoram ou desprezam a existência ou uso dos corretores de ortografia. Esta é a primeira dica que dou: jamais deixem de usar um corretor de ortografia antes de publicar aquele texto que te emocionou ou deixou feliz. Só isso já evitaria a maioria dos erros (não são muitos) que identifico de vez em quando nos blogs que acesso (no Blogson também). Minha mulher tem um parente que escreve bem, tem boas ideias e as publica no Facebook, mas vira e mexe pisa no tomate, tropeça na concordância, usa "mau" no lugar de "mal", etc. Apesar disso, seus dois mil amigos adoram babar no seu ovo.

A outra dica, talvez a mais importante, é esta: evitem utilizar vocabulário com que têm pouca ou nenhuma intimidade. A escrita tem alguma semelhança com o costume de ficar só de cuecas dentro de casa: você não deve andar assim se não tiver total intimidade com os outros moradores (foda é quando a campainha toca). Como isso aqui não é um desfile de trajes íntimos voltemos à raia principal.

Se quiserem usar alguma palavra mais sofisticada, menos usual, recorram ao dicionário, à internet, para ver exemplos de frases contruídas com esse vocabulário. Textos recheados de palavras e expressões cultas, “difíceis”, desconhecidas ou pouco utilizadas não são sinônimos de boa literatura, de leitura agradável. Se assim fosse, o arrazoado que se lê nos processos e sentenças judiciais faria seus ininteligíveis autores candidatos permanentes ao Nobel de Literatura.
 
Talvez o escritor que eu mais admire seja o Rubem Braga. E o motivo é a sofisticada e aparente simplicidade de suas deliciosas crônicas. Nada ali é artificialmente encaixado. Todas as palavras utilizadas, das mais simples às mais refinadas ou “cultas” parecem ter sido criadas exclusivamente para seu uso, tão fluida e elegante é sua escrita.
 
E acho que esse é o segredo a se buscar sempre. A língua portuguesa possui quatrocentas mil palavras, mas você só precisa de cinco a dez mil para conversar fluentemente. Para que inventar neologismos desnecessariamente? De vez em quando eu invento alguns, mas só para fazer piada e sempre entre aspas. Afinal, Joões Guimarães Rosas e James Joyces são poucos, são raros. Por isso, escrevam, escrevam para entreter, para encantar, não para impressionar. E leiam, leiam muito, que é a mais agradável forma de aperfeiçoar o português. Acho que é isso. 

Quem diria, heim, Jotabê? Posando de professor, logo você! Só que não, mané, você é apenas mais um aluno - e dos piores,  pois escreveu tanto e tão mal que a paciência dos leitores deve ter ido embora, sumido "atrás do toco". Será? Ô Vítaras! Quedis ela?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

PONDO OS PINGOS NOS IS


Acabei de ler esta notícia no site “O Antagonista”: a revista Time escolheu nesta segunda-feira (13/12/2021) o bilionário Elon Musk como personalidade do ano.
 
O bilionário, que se tornou o homem mais rico do mundo em 2021, foi eleito pelos editores da revista nesta segunda-feira.
 
“Este é o homem que aspira salvar nosso planeta e nos dar um novo para habitar: palhaço, gênio, visionário, industrial, showman; um híbrido maluco de Thomas Edison”, afirmou a revista.
 


Na semana passada, os bolsonaristas festejaram o fato de que Jair Bolsonaro havia sido escolhido a personalidade do ano – mas podem tirar o Cavalão da chuva, pois o presidente, na verdade, venceu apenas uma votação online da qual qualquer pessoa poderia participar.

 

 

domingo, 12 de dezembro de 2021

UM FILHO MUITO BOM!

 
Apesar de todas as evidências de sermos governados por alguém que talvez não saiba nem mesmo administrar sua casa, ainda existem aqueles que apoiam ou gostam de nosso presidente. Parece ser uma lei natural o comportamento adotado por algumas pessoas ao tentar proteger, justificar ou minimizar os desmandos, desatinos e incompetência daqueles com quem se identificam.
 
Esse tipo de coisa me faz lembrar uma reportagem que vi na televisão, quando um repórter entrevistava uma senhora velhinha cujo filho tinha sido preso depois de ter cometido algum crime envolvendo mortes ou coisa assim. O que mais me impressionou foi perceber que para aquela mãe, um assassino cruel era pouco mais que um “filho muito bom” para ela. O comportamento criminoso do filho era amortecido em sua mente anestesiada pelo fato de ele ser um “bom menino”.
 
Acredito ser essa anestesia cerebral a explicação para pessoas inteligentes e de bom senso saírem em defesa de um governante trapalhão, para dizer o mínimo. Qual a técnica utilizada para isso? Relativizar seus erros jogando parte de sua culpa na mídia mainstream” que o critica. E que talvez critique por interesses escusos ou ocultos.
 
Tive um chefe que era particularmente severo na cobrança de resultados das tarefas que estabelecia para os subordinados. Quando alguém atrasava a conclusão ou entregava um serviço meia boca com uma série de justificativas e explicações ele sempre dizia que “desculpas, explicações e justificativas são perfeitamente aceitáveis, mas não pagam as faturas no fim do mês”.
 
Assim parecem fazer com o Bolsonaro aqueles que o apoiam: tentar desculpar, explicar ou justificar seus atos, decisões e declarações desastradas. Mas apenas tentam explicar o inexplicável, justificar o injustificável e desculpar o indesculpável, "não pagam as faturas". Não acho que o Bolsonaro seja o presidente mais azarado da história. Para pensar uma coisa dessas eu precisaria gostar muito dele. Talvez seja o mais azarado do Brasil ou, certamente, o mais despreparado.de todos os que já usaram a faixa presidencial.
 
Em termos mundiais ele é um líder parecido com aquele soldado que marcha sozinho em uma direção oposta à do batalhão e reclama por que todo mundo está marchando errado. Ou seja, é impossível que só ele estivesse certo ao negar a gravidade da pandemia, ao se recusar a usar máscara, a criticar e duvidar da eficácia das vacinas (que deram um alívio e esperança ao mundo todo). Ele demonstra ser um sujeito cabeça dura e avesso ao cumprimento de normas que não criou, um cavalão que usa antolhos.
 
Em minha opinião, se ele tivesse tido logo no início a percepção da desgraça provocada pelo vírus chinês que aconteceria no mundo todo, ele teria sido poupado e apoiado pela mídia mainstream”. E falo isso por mim, que votei nele. Eu torci muito para que ele fizesse um bom governo, mas à medida que via sua inacreditável recusa ou incapacidade de entender a tragédia exibida diariamente à sua frente, à medida que me estarrecia com ações desnorteadas, levianas ou condenáveis de seus ministros e secretários trapalhões, fui perdendo a esperança de que ele fosse o que acreditei que poderia ser. A culpa maior de sua péssima avaliação é dele, só dele. Mas ainda há quem o aprove, apesar de tudo.

sábado, 11 de dezembro de 2021

ISSO PRA MIM É SHAMALAHANA!

Creio que minha capacidade de assimilar e tomar conhecimento das notícias e novidades está cada vez mais parecida com minha performance em caminhadas, ou seja, devagar, quase parando. E digo isso pois só vários dias depois da manifestação de profunda fé que fiquei sabendo da “poliglotada” de Dona Michelle (que foi, não gostou de "poliglotada"? Prefere glossolalia? Talvez xenoglossia? Sirva-se à vontade, pois Jotabê também inventa palavras de línguas inexistentes).

Foi ouvindo no rádio do carro o programa “O É da Coisa”, do jornalista Reinaldo Azevedo, que tomei conhecimento do speech da primeira dama. Achei engraçadíssimo o comentário de que os cultos eletrônicos sempre apresentam alguém bradando ou balbuciando shamalahana ou coisa parecida - desde que haja microfones e câmeras a postos. Segundo ele, seria o Espírito Santo manifestando-se com dia e hora marcados!

Voltando à poliglotada de Madame Bolsonaro (provocada pela aprovação para ministro do STF do terrivelmente evangélico André Mendonça), confesso que só fiquei sabendo desse fenômeno depois que virou motivo de memes, chacotas, piadinhas e preconceitos (afinal, alguém tem que se divertir neste país!). Não tenho opinião formada sobre essa manifestação (mentira, tenho sim, acho isso tudo uma grande bobagem, alucinação ou pura má fé). Mas no livro dos Atos dos Apóstolos pode ser lido este trecho:
 
Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.  De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração:
– Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia,  a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!
 
Assim está bom para vocês? Só para lembrar: nos “Atos dos Apóstolos” os discípulos falam nas línguas usadas por árabes, cretenses e judeus “de várias nações”. Em outras palavras, ninguém ali falou na língua dos anjos nem do planeta Marte. E esse negócio de shalalalala é trecho da música “Baby, it’s you”, uma das primeiras músicas que os  Beatles gravaram.
 
Mas, digamos que ela tenha mesmo recebido esse dom do Espírito Sonso. Que pecado há nisso? Afinal, segundo as boas línguas, um espírito de porco teria depositado 89 pilas em sua conta bancária. Espírito por espírito, nada a reclamar, tá de boa.

Bem que eu queria postar no blog o lero-lero do Reinaldo, pois gostei tanto do que ouvi que tentei buscar na internet a versão escrita desses comentários precisos e irônicos para publicar aqui no Blogson, mas só encontrei o link do programa. Embora esse jornalista seja um mala sem alça, seus comentários são sempre muito inteligentes. Por isso, sugiro ou recomendo que os leitores desta bagaça gastem um tempinho ouvindo suas precisas e irônicas ponderações. O link é este:
https://www.youtube.com/watch?v=Nxihui3qHZE&t=60s
 
Descobri também um artigo do jornalista e filósofo Hélio Schwartsman publicado na Folha de São Paulo, que trata da performance da primeira dama. Como não sou assinante, deu um trabalhinho copiar o trecho transcrito a seguir:
 
“Há histórias de missionários que partiram para terras longínquas imaginando que conseguiriam miraculosamente se expressar no idioma ali falado. Mas, como mostra Robert Mapes Anderson, eles acabavam voltando, abatidos e desiludidos. Foi ganhando corpo então, entre os crentes, a ideia de que a sequência de balbucios era a própria língua dos anjos”. (Robert Mapes Anderson é autor do livro Vision of the Disinherited: The Making of American Pentecostalism).
 
Caso este post terminasse aqui, embora muito atrasado, ainda estaria perfeito. Mas se os malucos e desocupados que acessam este blog continuam com o fígado em boas condições, vamos continuar só mais um pouquinho (para estragar de vez o apetite). Nos tempos atuais, ficar dependendo de um espírito para balbuciar e enrolar a língua como se estivesse bêbada é um tremendo vacilo. Pensem bem, se, em vez de falar, a madame quisesse ler alguma coisa em línguas desconhecidas, bastaria jogar o texto no Google Translator, escolher em qual língua não quereria ser entendida e pimba! Tradução instantânea.
 
Para mim, o Google Translator é a versão escrita e moderna do espírito santo, pois todo mundo pode se expressar em trocentas línguas diferentes, com ou sem inspiração (mais ou menos como estou agora). Justamente por isso, resolvi (mais uma vez) testar a inspiração divina do Google Translator. Para tanto, rascunhei um texto meia boca e o traduzi para língua desconhecidas, a saber: samoano e javanês. Mas o efeito estético obtido não me agradou. Por isso, parti para outra maluquice. Eis aí o esboço de texto que rascunhei:
 
Não duvido que existam pessoas de boa fé que acreditam ser um balbucio a verbalização de uma língua que só Deus entende, mas eu sinto cheiro de picaretagem nessa história. Ah, sinto sim!

A segunda idiotice que me ocorreu foi pegar esse texto-teste, meia boca, mambembe e sair substituindo as letras isoladas por grupos de duas, três ou quatro letras escolhidas. Para tornar a leitura mais fluida, optei por excluir todos os "erres" e misturar as vogais com sh, h, l, m e n. Rapaz, ao ver o resultado final me senti falando com os anjos! Depois, passado esse "furor criativo”, fiquei com vergonha de publicar o resultado. Eu sei, está visível que eu perdi totalmente a noção de ridículo, mas foi divertido tentar ler um trechinho daquela maluquice.

Mas não quero terminar esta gororoba deixando a impressão de ser mais idiota do que realmente sou (para ser sincero, a diferença é imperceptível). Por isso, deixo um aviso de inutilidade pública: se quiserem ler um conto jotabélico sobre alguém que começa a falar em línguas desconhecidas, fica o convite para que acessem o link
Até Dona Bolsonaro adoraria ler (talvez ficasse com um pouco de inveja!).


Música incidental (Blogson também é cultura), gravada em 1963, no primeiro álbum dos Beatles



 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

LE DÉLUGE

Acabei de ler na internet que nosso mui amado J. Bolsonaro afirmou em entrevista à Gazeta do Povo que as pesquisas eleitorais no Brasil são fraudadas. De acordo com o Messias, o país pode acabar se ele não for reeleito. "Dependendo de quem vier no meu lugar, pode ser o fim do Brasil".
 
Antes dele, creio que só o pai do guilhotinado Luis XVI teve tamanha presunção. Segundo a tradição, o Rei Luis XV teria dito esta frase: “Après moi, le déluge” (depois de mim, o dilúvio). Mas só ele acertou o palpite.
 
Fico pensando em que o capitão estava querendo dizer. Depois de ele ter desmatado a economia, a saúde, a cultura, a vida de mais de 600 mil pessoas e a imagem do país no exterior, o que mais ele espera? Que salguem a terra?
 

BODAS DE PRATA

A história da música está cheia de duplas de compositores. Geralmente um é o autor da melodia e o outro dos versos, da letra. Por convenção, quem aparece primeiro nos créditos da musica é o compositor. Ainda bem que ninguém liga para esse detalhe. Mas existem letristas tão inspirados, tão absurdamente geniais que seu nome deveria aparecer em primeiro lugar. Esse é o caso do Chico Buarque (das antigas) e seus pareceiros. Também é o caso da dupla João Bosco e Aldir Blanc.
 
Ninguém questiona que o João Bosco é um violonista fabuloso e um compositor de primeira linha, mas é sacanagem imaginar seu sucesso se não tivesse feito parceria com o carioca Aldir Blanc. Não sou crítico musical, mas acredito piamente que a carreira do mineiro só decolou graças aos versos magníficos escritos pelo parceiro (e esse é mais um motivo para eu lamentar sua morte por Covid, pois o Aldir era genialmente inspirado).
 
Imagino que 99,9% das pessoas que acessam esta bagaça ainda usasse fraldas ou nem tivesse nascido quando João Bosco lançou seu segundo disco. "Caça à Raposa" foi lançado em abril de 1975 e devo tê-lo comprado logo após ter-me casado (eu tinha 24 anos). Há músicas incríveis, sambas rasgados, bolerões e todas com letras impecáveis. Transcrevi em um post recente a letra espetacular da canção "Gol Anulado".
 
Lembrei-me depois da música mais marcante do disco (perdoem-se se meu vocabulário está muito convencional e limitado, pois decidi não utilizar palavras com que tenho pouca ou nenhuma intimidade. Por isso, mesmo que eu não esteja conseguindo convencer ninguém a ouvir essa música, sugiro que a ouçam lendo a letra que está transcrita a seguir). Seu nome é "Bodas de Prata” e encaixa-se à perfeição na seção "Todo castigo pra corno é pouco” do excelente blog A Marreta do Azarão. Leiam a música e ouçam a letra, ou melhor, som na caixa!
 
Você fica deitada de olhos arregalados
Ou andando no escuro de Peignoir
Não adiantou nada
Cortar os cabelos e jogar no mar
 
Não adiantou nada o banho de ervas
Não adiantou nada o nome da outra
No pano vermelho pro anjo das trevas
 
Ele vai voltar tarde
Cheirando à cerveja
Se atirar de sapatos na cama vazia
 
E dormir na hora murmurando: Dora
Mas você é Maria
Você fica deitada com medo do escuro
 
Ouvindo bater no ouvido
O coração descompassado
É o tempo, Maria, te comendo feito traça
Num vestido de noivado



 


terça-feira, 7 de dezembro de 2021

COMENTANDO A NOTÍCIA DO DIA

 
Li esta manchete no portal G1: “Estudo aponta Viagra como medicamento candidato para prevenção e tratamento contra o Alzheimer”
 
Fiquei entusiasmadão ao ler esta notícia, pois não acho nada boa a ideia de um dia ter de entabular uma conversa com o alemão. Quanto ao resto, o recato manda que eu permaneça em silêncio. Mas uma coisa precisa ser dita: fica demonstrado que o citrato de sildenafila (olhei na internet, pô!) faz bem para a cabeça. Qualquer cabeça.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

FALANDO DE ARTE

 
Hoje eu resolvi falar de Arte - porque, afinal, Blogson Crusoe também é cultura. Além disso, Jotabê entende de arte como o diabo! Acho que essa ordem das palavras na frase é a melhor e mais correta, pois não sei se o diabo gostaria de proclamar que entende de arte como Jotabê. Para ser sincero, nem sei se o demo entende mesmo de arte. Fico pensando que ele deve entender muito é dessas coisas que precisam de altas temperaturas e que fazem uma silhueta mais atraente e bem definida ir para o espaço, tipo pizzas, pães, churrascos de picanha, leitão a pururuca e assemelhados.
 
Porque chega um tempo em que fica cada vez mais difícil manter a linha. Linha que em alguns casos fica mais parecida com as cordas usadas na atracação de navios, mais grossa que fumo de rolo. E é muito triste acordar de madrugada, dirigir-se à cozinha e, em nome da estética corporal não poder comer aquele pedaço de pão da semana passada, duro feito pedra que você escondeu atrás do microondas. Qual é o problema? Falo por mim, pois meu estômago não é nem um pouco elitista. Obviamente que eu como com os olhos (só com os olhos) aqueles pratos  lindos e sofisticados que são vistos em programas tipo The Taste Brasil, Que Marravilha!, Bake Off, Top Chef, Master Chef e assemelhados. 
 
Mas se fosse encarar presencialmente aquelas porções mínimas, minimalistas, homeopáticas, ao vivo e a cores, a primeira coisa que faria em seguida seria tentar encontrar um trailer de sanduiches, um food truck, e pedir aquele podrão, aquele sanduba gigante que provoca deslocamento do maxilar se você tentar dar uma mordida que pegue de pão a pão. Porque, como não disse ainda, meu estômago só é elitista em relação à quantidade de rango que ele comporta (e ele comporta cada vez mais!). Por isso, não sinto falta de sabores requintados, de colheres (é colheres mesmo, de louça) com notas de alcaçuz braseado ou coisa semelhante. Meu negócio é quantidade. E se for de comida ogra, melhor ainda.
 
Mas estava falando de arte (depois de velho fiquei muito arteiro) e me perdi nos prazeres da carne, das tortas, sorvetes, bombons e sacolés. É claro que esses pensamentos não existiam na minha juventude. Eu era muito, muito magro (IMC 18 ou 19, por aí), mas praticava natação e isso, apesar da total  mediocridade nas raias, me deixou musculoso e com barriga de tanquinho.
 
Usava o cabelo grande e crespo, pois desdenhava do uso de pente (isso, claro, depois de ter desistido de usar touca de meia à noite). Na linha do "lavou, tá novo", saia do banho, só enxugava a ainda abundante cabeleira, imitava os movimentos de cabeça das dançarinas que acompanham a Joelma ou das atuais bandas de axé e deixava secar. Apesar do nariz sessual, ficava com carinha de anjo barroco (ainda que narigudo) ou, melhor, como o Davi de Michelangelo. Assim eu me via, pois além da musculatura definida e dos cabelos encaracolados, percebia haver alguma semelhança, alguma parecença entre ele e eu no tocante a determinados  detalhes anatômicos da estátua - alguns só percebidos quando eu saia do chuveiro.
 
Falando sério, como é possível alguém esculpir um bloco de mármore com aquela precisão toda? As veias das mãos, meu Deus! Nem se eu tentasse reproduzi-las com as massinhas coloridas que minhas netinhas utilizam só para misturar as cores eu conseguiria. 


Para mim, aquela estátua é um retrato, um instantâneo maravilhoso da juventude, feito em pedra.. Imagino que se ele tivesse pensado em fazer um Davi mais velho, precisaria de menos mármore para os cabelos e bem mais para a barriga, papada, braços e pernas. Bem, o resto continuaria exatamente como na juventude. E nem adianta tentar contestar essas proporções, pois ele entendia do métier (ainda bem que passei corretor de ortografia a tempo).

Foi preciso esperar até o século XXI para algum artista da área de computação gráfica oferecer uma possível imagem do Davi já mais velhinho. Comparando as duas imagens fiquei pensando que o Michelangelo, além de Buonarroti, devia ser também buona gente. Era muito foda, pois se errasse a mão (a dele, não a da estátua) o mal estaria feito, pois nunca inventaram photoshop para pedra. Pensando bem, ele era mais que foda, era fodíssimo com um cinzel, buril ou mesmo pincel. Falou que tinha cabo, ele segurava com destreza. Buoníssima gente!






sábado, 4 de dezembro de 2021

UM GOVERNO DE ALDRABÕES - RUY CASTRO

 
Meu filho enviou-me um artigo escrito pelo jornalista Ruy Castro, publicado na Folha em 15/10/2021. Achei o texto divertido, tristemente divertido. E esse é o motivo de publicá-lo no Blogson - divertir os leitores do blog da solidão ampliada. Depois de lê-lo fiquei com vontade de meter todo mundo no chilindró e passar a aldraba. Mas isso é só um jogo de palavras. Vê aí.

É raro, mas quando acontece é para celebrar – ganhar um irmão numa palavra. É o que se dá quando descobrimos alguém que usou um termo que um dia aprendemos, adotamos e, como em nosso meio ninguém mais o fazia, passamos a achar de nossa propriedade. Até que a lemos em outrem. Pois é como me sinto agora em relação a Gregorio Duvivier: irmão em aldrabão.
 
Em sua coluna desta quarta (1°/12), ele se referiu às 100 mil palavras que os portugueses nos trouxeram da Corte, mas reservaram algumas para uso próprio no seu lado do Atlântico. Uma dessas, aldrabão –que, em oito letras, três das quais o a, e um humilde til, define em Portugal o farsante, mentiroso, trapaceiro, impostor, descarado, aquele que comete fraudes, patranhas, aldrabices.
 
Com deleite e estupor, descobri aldrabão em Lisboa, onde morei de 1973 a 1975. Foi ao assistir a um festival de clássicos da comédia americana, estrelados por comediantes famosos entre nós por outros nomes. Lá, os Irmãos Marx eram Os Grandes Aldrabões; os Três Patetas, os Três Estarolas; o Gordo e o Magro, o Bucha e o Estica; e Jerry Lewis, o Estoira-Vergas. Bem, para isso servem os dicionários. Um estarola é um deslumbrado, leviano, apatetado. Um estoira-vergas (verga é uma barra, uma vara, algo difícil de... vergar) é um estúpido, encrenqueiro, estouvado.
 
Aqui esses nomes teriam de denominar outras figuras. Aldrabões, por exemplo, são o que não falta no governo Bolsonaro. Se nos limitarmos a três, e só entre os ministros no cargo, eles seriam, a discutir, Onix Lorenzoni, Ciro Nogueira e Joaquim Álvaro Pereira Leite. Os Três Estarolas seriam, de barbada, os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos. O Estoira-Vergas, disparado, Paulo Guedes. E, em todas as categorias, cabe o próprio Bolsonaro.
 
Bucha e estica significam, literalmente, gordo e magro. Há gordos e magros no governo, e isso não é crime. Mas o Gordo e o Magro não eram canalhas.
 

COMEÇA HOJE!

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