Apesar de todas as evidências de sermos
governados por alguém que talvez não saiba nem mesmo administrar sua casa,
ainda existem aqueles que apoiam ou gostam de nosso presidente. Parece ser uma
lei natural o comportamento adotado por algumas pessoas ao tentar proteger,
justificar ou minimizar os desmandos, desatinos e incompetência daqueles com
quem se identificam.
Esse tipo de coisa me faz lembrar uma
reportagem que vi na televisão, quando um repórter entrevistava uma senhora
velhinha cujo filho tinha sido preso depois de ter cometido algum crime
envolvendo mortes ou coisa assim. O que mais me impressionou foi perceber que
para aquela mãe, um assassino cruel era pouco mais que um “filho muito bom” para ela. O comportamento
criminoso do filho era amortecido em sua mente anestesiada pelo fato de ele ser
um “bom menino”.
Acredito ser essa anestesia cerebral a
explicação para pessoas inteligentes e de bom senso saírem em defesa de um
governante trapalhão, para dizer o mínimo. Qual a técnica utilizada para isso?
Relativizar seus erros jogando parte de sua culpa na “mídia mainstream” que o
critica. E que talvez critique por interesses escusos ou ocultos.
Tive um chefe que era particularmente severo
na cobrança de resultados das tarefas que estabelecia para os subordinados.
Quando alguém atrasava a conclusão ou entregava um serviço meia boca com uma
série de justificativas e explicações ele sempre dizia que “desculpas, explicações e justificativas são perfeitamente aceitáveis,
mas não pagam as faturas no fim do mês”.
Assim parecem fazer com o Bolsonaro aqueles
que o apoiam: tentar desculpar, explicar ou justificar seus atos, decisões e declarações
desastradas. Mas apenas tentam explicar o inexplicável, justificar o
injustificável e desculpar o indesculpável, "não pagam as faturas". Não acho que o Bolsonaro seja o
presidente mais azarado da história. Para pensar uma coisa dessas eu precisaria
gostar muito dele. Talvez seja o mais azarado do Brasil ou, certamente, o mais
despreparado.de todos os que já usaram a faixa presidencial.
Em termos mundiais ele é um líder parecido
com aquele soldado que marcha sozinho em uma direção oposta à do batalhão e
reclama por que todo mundo está marchando errado. Ou seja, é impossível que só
ele estivesse certo ao negar a gravidade da pandemia, ao se recusar a usar
máscara, a criticar e duvidar da eficácia das vacinas (que deram um alívio e
esperança ao mundo todo). Ele demonstra ser um sujeito cabeça dura e avesso ao
cumprimento de normas que não criou, um cavalão que usa antolhos.
Em minha opinião, se ele tivesse tido logo no
início a percepção da desgraça provocada pelo vírus chinês que aconteceria no mundo todo, ele teria sido poupado
e apoiado pela “mídia mainstream”. E falo isso
por mim, que votei nele. Eu torci muito para que ele fizesse um bom governo,
mas à medida que via sua inacreditável recusa ou incapacidade de entender a
tragédia exibida diariamente à sua frente, à medida que me estarrecia com ações
desnorteadas, levianas ou condenáveis de seus ministros e secretários trapalhões,
fui perdendo a esperança de que ele fosse o que acreditei que poderia ser. A
culpa maior de sua péssima avaliação é dele, só dele. Mas ainda há quem o
aprove, apesar de tudo.
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