sábado, 4 de julho de 2020

PARA QUEM VOCÊ TIRA

O Raul Gil é um apresentador de televisão que tem quase a idade da Terra. Talvez por isso, continua a apresentar um programa de “auditório” que só não é mais velho que ele próprio. Minha mulher ainda gosta de assistir, mas cada vez com menos frequência, pois muda de canal (obrigado, Senhor!).

Tudo no programa é rançoso, envelhecido. As expressões, os bordões (Xiiiiii!!!!!!), a caretice, as atrações, etc. Eu acho tudo muito deprimente. Um dos quadros do programa foi criado há 45 anos! Essa “atração” (herdada por ele) leva o título Para Quem você Tira o Chapéu”, expressão jurássica provavelmente criada antes do surgimento da televisão. Imagino que todo mundo já deve ter assistido essa merda. Aliás, por falar em merda, alguns programas televisivos são tão ruins que deveriam utilizar a palavra “repulsas” em lugar de “atrações”.

Mas o lance de hoje não é Raul Gil nem televisão, é chapéu. Este início só serviu para liberar um pouco do meu mau humor e seria uma introdução para os próchimos parágrafos, mas o resultado final ficou digno de um Frankenstein, tão diferentes entre si são as partes costuradas.

Eu era um jovem adulto quando vi pela última vez um comportamento que sempre achava bacana: eu e um senhor idoso de paletó, chapéu e aparência humilde caminhávamos pela mesma calçada, mas em sentidos opostos. Ao passar por mim, levantou ligeiramente o chapéu em uma discreta mesura e disse “Bom dia”. Nunca me esqueci da beleza contida daquele gesto antes tão comum!

Não precisamos mais usar chapéu, mas, a partir de agora, precisamos reaprender – e praticar – o significado de Civilidade. Em outras palavras, Educação, Respeito ao próximo, Cortesia, Gentileza, Polidez, Urbanidade.

Depois dessa, desconfio que faltou um pouco de polidez nos dois primeiros parágrafos!

11 comentários:

  1. Rapaz, embora há muito tempo não o assista - e talvez por isso mesmo -, eu gosto do Raul Gil! Aquela pronúncia e aquela canápia de italiano carcamano me lembram muito um tio meu.
    Já o meu filho, o Raul, o detesta. Pois já "sofreu" bullying no jardim da infância com as crianças cantando pra ele, o Raul perguntou, você não acertou...
    Pãããããta...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu gostava dele também, mas isso era na época em que ainda estava "vivo" e tinha um "Raulgil Idol", com fantásticos cantores - a quem era prometida a gravação de um disco (promessa raramente cumprida). Hoje é um horror. E criança é foda mesmo.

      Excluir
    2. Olha só! Quem diria que o bullying de 1930 seria o mesmo de 2020. Tudo graças ao Raul Gil. Xiiiiiiii!!!!!!!

      Excluir
    3. Ahahah!!! A propósito, como havia dito, comecei a reformatar a série "Só 3,5 bilhões de anos?" Que trabalhão do caralho! Mas, mesmo que o humor não mude, pelo menos haverá um padrão de "dezénhos". Deve sair lá pelo dia 17, por aí.

      Excluir
    4. 17 nunca é um bom número. Antecipa um dia.

      Excluir
    5. També pode ser dia 18. São mais de vinte episódios. Só nos últimos posts é que começa a ter continuidade.

      Excluir
  2. Ah, me esqueci : educação, respeito ao próximo,cortesia,gentileza, polidez etc... a que civilização extraterrestre você se referindo?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu estou sempre pensando no Facebook. E tanto, que tenho evitado entrar. O que me incomoda é o fato de uma rede "social" reunir gente vulgar, grosseira, truculenta, capaz de escrever as expressões mais obscenas sem pensar que há senhoras (muito) idosas que não estão acostumadas com esse linguajar de carroceiro, de bordel. Eu nunca falei palavrões nem com meus pais nem com meus sogros (embora essa linguagem seja totalmente liberada para meus filhos desde que eeram pequenos), justamente por terem sido criados e vivido em uma época em que se tirava o chapéu como cumprimento cordial ou respeitoso, época em que até os mais pobres andavam de terno (eu ainda não tinha nascido). Não se trata de saudosismo ou moralismo. Para mim é apenas elegância. Eu já disse que sou um camaleão comportamental. Se estiver no meio da "plebe rude", tento me comunicar da mesma forma. Se estiver conversando com a rainha da Inglaterra tentarei ser um lord ao me expressar. Considero isso respeito ao próximo, polidez. E as redes mostram o contrário. No blog eu posso me expressar do jeito que quiser, pois que o acessa faz isso porque quer. Em público ou nas redes sociais a coisa muda de figura. Capisce?

      Excluir
  3. "mesura" - me faz pensar na Inglaterra vitoriana.
    é como pegar uma máquina do tempo

    ResponderExcluir

FOLHA DE PAPEL

  De repente, sem aviso nenhum, nenhum indício, nenhum sinal, você se sente prensado, achatado, bidimensional como uma folha de papel. E aí....