segunda-feira, 31 de julho de 2017

QUOTE INVESTIGATOR

“Se você não é socialista antes dos vinte e cinco anos, não tem coração; Se você é socialista depois dos vinte e cinco anos, você não tem cabeça”.

Eu sempre achei genial esta frase atribuída a Winston Churchill, até descobrir (hoje!) que não foi dita por ele. Ou melhor, que pode não ter sido ele o primeiro a dizê-la. E que pode ter sido dita de várias formas diferentes. Se alguém quiser um pouco de diversão e cultura inútil, siga este link:


INGENTE NECESSIDADE

Creio que a característica principal dos textos do Blogson é o fato de eu ter necessidade quase patológica de explicar, de me explicar. Lembrando a piada, se ouvir de alguém a pergunta “Como vai?”, eu explico. Se vacilar, já nas primeiras linhas do que escrevo já dou um spoiler do que pretendo dizer (aprendi esta palavra recentemente).

Pronto!, sem perceber, já expliquei o uso da palavra “spoiler”, que nem sei se usei corretamente. E este é o tema de hoje. O mau uso que faço das palavras e regras da língua portuguesa. Talvez seja uma deficiência antiga, existente desde sempre, só agora percebida com mais nitidez. E esta é a percepção: estou escrevendo mal, cada vez pior. Sabia que tinha algumas deficiências nunca sanadas, mas agora isso ficou muito claro para mim.

Sempre me sinto acuado (com o cu na parede), intimidado quando leio palavras e expressões sofisticadas, cultas, "difíceis", utilizadas por alguns conhecidos (ainda bem que são poucos!). Me pego pensando onde o sacana aprendeu aquilo, como pode ter vocabulário tão rico, que livros leu e o que estudou para ter uma linguagem tão refinada. Refletindo sobre isso (em frente ao espelho), cheguei à conclusão que sou mesmo um caipira, um bronco, um ignorante, e que isso não é piada. 

Sempre fiquei encabulado com o domínio que algumas pessoas têm de palavras sofisticadas e de significado ignorado para mim. Quando isso acontece, voo (ou vou) ao dicionário para tentar entender o que foi dito. Alguns exemplos: "ingente necessidade material", "tautológico", "serôdio". Como pode alguém pode usar palavras tão..., tão cultas assim?

Pior, tenho notado que estou cada vez mais com dificuldade de escrever de forma correta, pois o que antes eu via como “uso de linguagem coloquial”, hoje enxergo como prova de ignorância – que parece estar crescendo, ampliando (ou o correto seria dizer “se ampliando”?). Sinceramente, estou cada vez mais confuso com a formulação correta de expressões que uso mais frequentemente (ou “de uso mais amiúde”. Estaria certo isso?).

Parece que estou brincando (ou “pareço estar brincando”?), mas tenho tido dúvidas constrangedoras sobre  (a respeito) a grafia de palavras e construções do tipo "deixei-me ficar" (ou seria "me deixei ficar"?). O pior de tudo isso é que não se trata de piada, é sofrimento real. Tão real, que sempre escrevo em Word, clicando em seguida na opção "Revisão" do aplicativo. Na maioria das vezes em que aparece aquele sublinhado verde, acato obedientemente a sugestão. Mas, quando discordo da revisão, até crio nova frase, só para não correr o risco de passar (ou me passar?) por idiota.

Resumindo, o "arroz com feijão" que eu imaginava ser "biscoito fino" está cada dia pior, mais sem tempero. Como ensinou (transcreveu) Mário de Andrade, "quando urubu está de azar, o de baixo caga no de cima". Por isso, este texto tão explicadinho não poderia terminar sem que eu mencionasse a atual falta de assunto e de inspiração. Pedindo licença a meu amigo virtual Marreta, a "paumolescência" criativa está tão forte que não há viagra cerebral que dê jeito (alguns maledicentes podem completar dizendo que não é só no cérebro que isto está acontecendo, mas responderei a essa provocação como os advogados: há controvérsias, entende?).

Bom, se você quer saber como termina este drama waldiquesoriano (que foi? Cada um tem o drama shakespeariano que merece!), só lendo a segunda parte, que ainda não está pronta.


terça-feira, 25 de julho de 2017

sexta-feira, 21 de julho de 2017

BRUXARIA

Eu não acredito em bruxarias nem em bruxas (yo no creo en brujas..., etc., etc.), ainda que existam por aí os combos "feia e má", "feia e insuportável" e "feia e feia"). Mesmo assim, estou tentado a rever minhas crenças, justamente por morar na mesma rua onde existe uma escola pública.

Alguma coisa muito errada deve ter acontecido com aqueles jovens! Ouvindo o que dizem, a forma como falam, cheguei à conclusão de que foram vítimas de uma maldicção.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

MARGARIDA - GUTEMBERG GUARABYRA

Este é o milésimo post oficial do Blogson. O número poderia ser maior mas excluí alguns, pois eram republicações de posts antigos. Mesmo assim são 1.000 (!) posts. Mineiramente diria que é coisa demais da conta. Estou até pensando em mudar o tema do Blogson para “O Blog do Milênio”!

Mas não quero falar muito, pois a intenção real, antes de me dar conta do “milésimo”, era apenas postar uma música de que sempre gostei muito, independente do que li contra e a favor na internet. Descobri que existe até uma gravação com o Roupa Nova, o que, para mim, não diz nem acrescenta muita coisa.

É uma música de festival e ganhou o primeiro lugar “na etapa nacional do II Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, em 1967, suplantando favoritas que iriam entrar para história da MPB como: “Carolina” de Chico Buarque, que obteve o terceiro lugar, e o clássico “Travessia”, de Milton Nascimento, segunda colocada”.

Em 1967 eu tinha dezessete aninhos e estava pouco me cagando para o que diziam a favor ou contra qualquer uma das músicas de festivais brasileiros, pois minha praia era o som dos Beatles. Mesmo assim, apesar disso, essa música chamou minha atenção por ter uma letra com temática meio medieval e referência a uma música de roda ou infantil, tudo isso encaixado em uma melodia que mudava o tempo todo de ritmo, andamento ou sei lá que nome se dá a isso, o que achei bacanérrimo.

Bom, a música é “Margarida” e o autor é Gutemberg Guarabyra (da dupla Sá e Guarabyra). Se alguém quiser saber mais coisas, achei um blog bem simpático, de onde tirei o trecho entre aspas. Para poupar tempo, seguem os links de tudo o que eu mencionei acima.





quarta-feira, 19 de julho de 2017

SAIU NO FEICIBUQUE - 035 (MILLÔR)

É por esse tipo de humor que o Millôr é meu ídolo.

THE END (ALTERNATE REALITY - 03)








ALTERNATE REALITY - 04 (FINAL)

Mas (ótimo jeito de começar um texto!) a ideia de criar um novo blog, alimentado com o que de melhor (?) e mais atemporal foi publicado no Blogson, continua de pé (nesta altura do campeonato, alguma coisa tem que permanecer “de pé”!). Só não tive saco ainda de começar, pois implicará em muita revisão e reformatação dos textos e melhora das imagens dos desenhos.

Será um blog “gourmet” - ou “pasteurizado” ou “higienizado” ou qualquer nome que se queira dar a isso. Pode ser até “censurado” ou “aviadado”, “fresco” ou “próprio para menores” (isso não!). Mas(?) o velho Blogson continuará singrando os mares da web, tão descoordenado que não há GPS que consiga identificá-lo.

P.S. Pensei em ilustrar este post com a imagem do Mr. Henkey, do South Park, mas desisti, pois este texto é mais um bilhete, um recado, uma sugestão para o Marreta.

ALTERNATE REALITY - 02

(Título original do post: "À DERIVA")

"No começo foi paixão. O amor chegou depois, trazendo consigo a esperança de muitas alegrias. Com o tempo, esse amor, mal correspondido, foi se transformando em decepção, em raiva e tristeza. Como acontece em muitos relacionamentos, houve uma ruptura, uma separação - que durou pouco! Mas, assim como às vezes acontece na retomada de antigos relacionamentos, o clima mudou, a espontaneidade deu lugar a uma atitude desconfiada e uma sensação de estranhamento foi tomando corpo.

Nesse ponto, depois de algumas noites mal dormidas e cheias de tristeza decidiu-se afinal que agora era para valer. Como um dia cantou Gonzaguinha, chegou-se à conclusão de que não dá mais pra segurar”.

O texto acima foi originalmente escrito para ESTE post, mas por um "fraquejamento" da intenção inicial, foi reciclado no post "ALÍVIO". Mas é isto que está acontecendo agora, neste exato momento, a sensação de que "não dá mais pra segurar". Mesmo que pareça mais uma história de casais que se separam quando a realidade inviabiliza ou mata os sonhos de cada um, o início falava apenas da minha relação com o Blogson, meu alter ego digital.

Propositalmente, pela minha mania de querer dar duplo sentido às palavras, escrevi esta introdução como se estivesse descrevendo o divórcio ou separação de algum casal. Mas os sentimentos descritos são reais, pois este é o penúltimo post a ser publicado no Blogson, agora sem volta. Ao contrário do post “CODA”, escrito para ser lido em um dia indefinido a acontecer, este é definitivo, mesmo que eu me arrependa depois (eu sei que vou me arrepender, mas preciso "queimar os navios"). 

Posso citar alguns motivos para este final acontecer:

- Blog permanentemente voltado apenas para o próprio umbigo (ou do blogueiro);

- Falta crescente de inspiração, de imaginação;

- Ausência de humor. Isso não significa que já houve humor real no blog, mas que até mesmo esse “humor” sem graça acabou ou está no final;

- Má qualidade do material escrito, sujeito a todo tipo de vícios de linguagem não propositais, mas por ignorância mesmo;

- Irrelevância dos temas escolhidos;

- Baixa consistência e futilidade das opiniões, considerações e digressões (muitas) que se encontram nos textos;

- Desinteresse e displicência cada vez maior na correção dos textos, ao ponto de tornar cada post uma "obra em aberto", sendo modificada mais de uma vez depois de divulgada;

- Repetição viciada de palavras, clichês e expressões, tornando ainda mais pobre o que já era ruim;

- Tudo na vida precisa ter começo, meio e fim, tal como na música de mesmo nome. Ou, como diz sua letra: “a vida tem sons que pra gente ouvir, precisa aprender a começar de novo”.

Essa soma de defeitos congênitos ou adquiridos certamente influenciou o número irrisório de leitores que o blog tem ou já teve. Sinceramente, até eu mesmo fiquei assustado recentemente, ao acessar o Blogson através de um smartphone. Só mesmo um louco para ficar lendo aquela gororoba sem graça e sem nada a dizer, que não encanta e que, se surpreende, surpreende negativamente.

Por isso, ficarei “eternamente” agradecido aos únicos dois leitores reais do Blogson. Dando nomes aos boys (na verdade, "an oldman & a girl), agradeço comovido ao Ricardo, titular do vociferante e injustamente censurado "A Marreta do Azarão" e à figuraça boquirrota e gente fina "J", dona do "O Elemento Jota" e às voltas com suas (des) ilusões amorosas, sempre vertidas em excelentes poemas e textos. São esses (creio) os dois únicos e renitentes leitores do blog. Isso prova que tequila e cerveja barata (mas boa) deixam o fígado curtido e imune até à radiação atômica.

Mas um músico, por pior que seja, quer ser ouvido e apreciado, mesmo que cante tão feio como o cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno & Marrone. Da mesma forma, um ator quer ser visto e aplaudido, ainda que seja um canastrão irrecuperável tipo Fiuk ou Ricardo Macchi. Nem precisa dizer que o mesmo acontece com os pintores ou escritores, pois ninguém esbagaça o cérebro imaginando que não será apreciado ou lido. Como os blogueiros pertencem à categoria dos escritores, eles também sonham ou desejam que suas viagens mentais sejam conhecidas e curtidas. Quando têm boa qualidade e coerência de estilo e até de ideologia, conseguem aos poucos ou rapidamente um público fiel. Mas, se a goma que escrevem é entremeada de puro lixo, acabam espantando a "freguesia".

Hoje, creio que nem meus filhos, irmã, sobrinhos e amigos acessam mais o blog, sinal de que têm coisa melhor (ou menos pior) para fazer. Mas não estou me queixando disso, podem acreditar, pois a falta de atratividade do blog é real. Por isso, dando razão aos "desertores", estou também desertando do Blogson, que a partir de agora adquire o status de "ruína na selva".

Que mais eu queria dizer? Ah, sim, pretendo também tentar me afastar da internet. Se conseguir, tudo bem. Se, de repente, bater aquela vontade de registrar alguma idiotice ou pensamento vulgar, não será no Blogson que isso acontecerá. Talvez volte a escrever e-mails, talvez utilize o Whatsapp. Talvez crie um novo blog, acessado apenas por mim, para servir de arquivo ou "blogoteca".

E agora, para finalizar de forma definitiva, deixo de brinde um falso poema que comecei a rascunhar mentalmente há uns quarenta anos ou mais, mas, por nunca tê-lo acabado, nunca me animei a assumir sua autoria nem a mostrá-lo de forma explícita para ninguém, nem mesmo para minha mulher, sua musa inspiradora. Como estou falando do fim do Blogson, creio que poderá ser lido como se tivesse sido criado para celebrar seu início.

Eu sentia uma felicidade morna
Daquelas que se sente ao vestir
Um agasalho em dias muito frios

Sem que eu percebesse, você acendeu
E me mostrou o calor das chamas
E o brilho intenso das labaredas

E se "todas as dores ficam menores com pão", todas as despedidas ficam mais fáceis com música. Para terminar com música, a interpretação do ex-Som Imaginário Tavito.


ALTERNATE REALITY - 01 (EXPLICADINHA, EXPLICADINHA)

O Blogson estava prestes a ser degolado, a ser definitivamente morto (sem direito a nova ressurreição), quando foi salvo por dois leitores. Talvez fosse melhor dizer “pelos dois leitores” do blog. Mais precisamente ainda, pelos titulares dos blogs "O Elemento Jota" e "A Marreta do Azarão". Eu estava passando por uma fase meio depressiva quando resolvi - pela segunda vez - acabar com a solidão ampliada.

A única vantagem de estar com alguma depressão é que nesses momentos a autocrítica fica feroz, implacável, pois se consegue ver com clareza a “desqualidade” de tudo o que foi produzido até então. E o que eu vi foi uma imensa mediocridade.

Por isso, preparei-me para dar a estocada definitiva. Num primeiro momento escrevi um texto final de agradecimento e despedida, tal como havia feito no post “Coda”. Depois, para dar mais dramaticidade e retirar do propósito de transformar o Blogson em mais uma ruína abandonada qualquer semelhança com a hilária novela “A morte e a morte de Quincas Berro d’Água”, resolvi criar mais um post gráfico, esse sim, o último (que vendo agora, em lugar de dar dramaticidade, tornou a coisa extremamente ridícula). Mas antes, precisava terminar e divulgar dois ou três posts que ainda estava preparando. Foi aí que aconteceu a mudança.

O post “Nada a declarar” mereceu quatro comentários dos dois leitores, o que é uma enormidade para o Blogson. Graças a esses comentários meu estado de espírito mudou, a depressão foi esconder-se em algum canto até aparecer outra chance de dar seu bote e eu resolvi não acabar com o Blogson. Preciso acrescentar que não tenho amigos (que não sejam parentes) com quem conversar, não curto bares e botecos. Por isso a importância dos comentários para mim. A música "Aviso aos navegantes" define bem essa sensação.

Voltando à matutada morte do velho Blogson, não significa que ele nunca acabará, o que é totalmente óbvio. Morrerá de morte morrida, natural, por mil razões distintas (doença, "maisvelhice", morte do blogueiro, saco cheio, etc.). Não mais morte matada, executada (ou suicidada). Um dia, em qualquer dia, por qualquer motivo, ele acabará e não haverá mais volta. Mas desencanei desse desejo de controlar tudo, até mesmo o fim de um blog.

Quando acontecer, não haverá mais aviso, não haverá drama, não haverá pieguice nem frases ou atitudes ridículas, não haverá “crônica da morte anunciada”. Será como a morte de pessoas, de animais, de gente, um evento expresso em sistema binário (ligou, desligou). Mas eu detesto jogar coisas fora, não sou do tipo que se “desapega” de tudo. Por isso, brincando com a realidade alternativa da morte não ocorrida, resolvi publicar o que seriam os dois últimos posts do Blogson precedidos por esta explicação. Repetindo, “seriam”.

Deixa a vida me levar, vida leva eu...

segunda-feira, 17 de julho de 2017

MACARRÃO INSTANTÂNEO

Havia muito tempo que eu não propunha uma “teoria lámen” (aquela que lembra macarrão instantâneo, pois fica pronta em três minutos e o resultado é sempre uma merda). Por isso, mesmo não sendo advogado, resolvi desentranhar uma ideia que estava agarrada na minha cabeça. Mas, antes, preciso contar como ela surgiu.

Durante o carnaval deste ano, graças à minha caracterização de Seu Madruga (pois é...) eu e minha mulher ficamos conhecendo um jovem casal simpaticíssimo, ambos engenheiros, ele e ela vestidos com dólmãs tipo Sergeant Pepper’s, dos Beatles. Conversa vai conversa vem, prometemos nos adicionar como “amigos” no Facebook, o que de fato aconteceu.

Desde então, mando links de música, curiosidades de engenharia e piadas idiotas para o casal. A moça é mais contida nas postagens, mas já deu para perceber que o rapaz tem uma visão mais de esquerda (ela também), pelos compartilhamentos e comentários que faz na rede social. Causou-me um pouco de surpresa essa visão ideológica vinda de um engenheiro civil, pois raros eram (ou são) os colegas de profissão que tinham uma preocupação mais social (o que eu e os colegas queríamos era ganhar dinheiro, enriquecer, montar uma construtora, por aí).

E foi daí que surgiu esta teoria lámenPara mim, as pessoas que se identificam com ideias de direita, com capitalismo, neoliberalismo e afins são pessoas mais pragmáticas, individualistas, mais focadas na busca e obtenção de seus objetivos pessoais. Nesse perfil seriam enquadrados os profissionais de quem se exige alta performance, muita dedicação e conhecimento técnico (ou profissional). Nessa linha estariam as profissões das áreas de exatas e biológicas, notadamente engenheiros, arquitetos, médicos e dentistas, além dos advogados, uma espécie sui generis.

Do outro lado, estariam os profissionais das áreas de ciências sociais e humanas e aqueles ligados às artes e à cultura. No molho de tomate deste caldeirão ideológico boiariam profissionais ligados à educação, cientistas sociais, literatos, psicólogos, atores, cantores e todo tipo de profissional cujas atividades implicam em maior contato e preocupação com interesses e necessidades coletivas, com a população menos favorecida, com o "povão", enfim. Resumidamente, esta é a “teoria lámen” que criei, ancorando a profissão de cada um à sua identificação com essa ou aquela ideologia, a profissão alimentando a visão ideológica, a visão ideológica influenciando a escolha da profissão.

Obviamente, mesmo que instintivamente eu sinta que há alguma lógica nisso, só tenho mesmo a minha própria vivência e experiência profissional para embasar esse raciocínio, que não é absoluto nem se aplica à totalidade dos profissionais de uma mesma categoria. Como tenho mania de fazer conta, resolvi estimar qual o perfil ideológico majoritário dos alunos da UFMG. Primeiro, obtive no site da universidade o número de vagas por curso. Depois, com base na minha teoria miojo, fui identificando cada curso como sendo de direita ou esquerda. 

Nessa hora o método desandou, pois, para simplificar, adotei o critério "binário" (100% esquerda ou 100% direita) para a totalidade das vagas de cada um dos cursos, mesmo sabendo que seria apenas um exercício sem valor, só para passar o tempo. Percebi também que havia cursos que ficariam melhor enquadrados ideologicamente se eu abandonasse a miojo (caso do curso de direito, por exemplo). Para finalizar somei os resultados e calculei o percentual. O resultado mostra que a "Akademia" é majoritariamente de esquerda. E daí?



domingo, 16 de julho de 2017

ATACAMA

- E aí, saiu ontem?

- Nada, cara, fiquei em casa mesmo.

- Em pleno sábado?

- Pra você ver! Fiquei aqui jogando, pensando umas coisas...

- Pensando? Odin seja louvado! Ainda há esperança para a humanidade!

- Deixa de ser chato, pô!

- E qual pensamento iluminado o gênio teve?

- Eu estou na maior maré de azar, não estou pegando ninguém!

- Ué, a boneca inflável furou?

- Caralho, você é um pé no saco! A maré está tão braba que já estou chamando minha caminha King Size de Atacama.

- Não entendi...

- É porque está o maior deserto!

- Caraca! A solução é comprar uma nova ou tapar o furo da velha!

- Você é tosco demais!

sábado, 15 de julho de 2017

HOJE AINDA É DIA DE ROCK - SÁ, RODRIX E GUARABYRA


No dia 13 de julho comemora-se o Dia "Mundial" do Rock, apesar dessa data só ser celebrada no Brasil. Mais uma jabuticaba, portanto. Sem problemas, mas eu sempre penso que quando se estabelece uma data para comemorar alguma coisa é porque o motivo da homenagem passou, venceu, acabou. Mas espero estar errado (eu estou sempre errado).

Em todo caso, vamos combinar que no ano que vem a gente tenta não se lembrar dessa data, OK? Caso alguém faça muita questão disso, podem-se fazer festinhas regadas a guaraná em todos os asilos e lares de idosos do país. O motivo? Olhaí.


NADA A DECLARAR - RAIMUNDOS

Meu filho mais novo me apresentou (ou "aplicou") esta imprevisível associação das bandas Ultraje a Rigor e Raimundos, onde os sucessos de uma foram interpretados pela outra. Esta letra é perfeita "para celebrar minha falta de assunto". Preciso dizer mais alguma coisa? Não.


quarta-feira, 12 de julho de 2017

LA PUERTA - INTERPRET. LUIS MIGUEL

Quando ouvi a gravação feita pela Elis Regina da música “Dois pra lá, dois pra cá”, fiquei absolutamente fascinado pelo verso “Dejaste abandonada la ilusión que había en mi corazón por ti”. Sabia que não fazia parte da letra original do Aldir Blanc e que tratava-se de uma música incidental utilizada no magnífico arranjo feito pelo Cesar Camargo Mariano.

Nunca consegui identificar que música era aquela, o que só aconteceu - constrange-me dizer - ao ouvi-la interpretada por um calouro do programa do Raul Gil (putz!). Hoje, uma melancholia mais acentuada que o normal fez essa melodia começar a “tocar” na minha cabeça, trazendo com ela uma saudade difusa, não identificada, talvez uma saudade de mim mesmo. Entrei no Youtube e achei o link que apresento a seguir. Música linda, boleraço dos bons, ótimo para dançar de rosto colado (ah, se eu soubesse dançar!).


COMENTANDO AS RECENTES - 044 (SENTA AQUI)

Eu sempre tive a impressão de que o Congresso Nacional seria uma espécie de “Casa d’Irene” (aquela, onde “si canta, si ride, c'e gente che viene, c'e gente che va”). Essa impressão foi reforçada pelas manobras indecentes ocorridas ali nos últimos tempos.

Ontem, depois de ler a notícia de que uma senadora do PT ocupou a cadeira do presidente do Senado e se recusou a sair de lá, só para impedir a votação da reforma trabalhista, cheguei à conclusão de que o Congresso é, na verdade, a “Casa da Mãe Joana. Que não deixa de significar que é mesmo uma zona (talvez o Trump dissesse “Mother Joan's house”).

segunda-feira, 10 de julho de 2017

ANÁLISE LITERÁRIA

Quando cursava o segundo grau, tive algumas aulas sobre análise literária. Se não me engano, essas aulas focaram o poema “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens. E foram tantos os sentidos ocultos, tantas as elucubrações feitas pela professora, que fiquei com a sensação de que essa “análise” era uma coisa meio fantasiosa, algo como a tentativa de “encontrar cabelo em ovo”.

Lembrei-me disso ao buscar na internet subsídios para comentar a letra da música “Vai Passar”, do Chico Buarque. Já adianto que a intenção não é fazer a análise literária desse fabuloso samba. O que me interessava era ler comentários sobre sua origem e sua associação com o fim do regime militar, mas encontrei tantas “análises” diferentes, tantos significados e associações ocultas, que encheriam de orgulho e surpresa o próprio autor. Talvez até pensasse algo como “Ué, eu nem imaginava ser tão foda assim!

Pois bem, deixei as várias fábulações para lá e resolvi me concentrar apenas nos versos que invadiram minha mente outro dia. Sem muita frescura e sem nenhuma análise literária maluca, são estes os versos que têm feito cócegas no meu cérebro:

“Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações”.

Coitado do Chico, nunca imaginou que seria tão presciente assim! Nunca imaginou que os versos escritos para celebrar o fim da ditadura militar serviriam tão bem para definir a "página infeliz da nossa história" que foram os anos Lula e Dilma. 

Mesmo que o Chico Buarque seja petista, mesmo que apoie (ou não) a ditadura cubana, mesmo que seja de esquerda (e eu estou pouco me lixando para isso, pois é direito dele ser ou acreditar no que quiser), não deixa de ser divertido usar esses mesmos versos para comentar os mensalões e os petrolõesAcho que ele devia estudar análise literária.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

TEMORES - FERNANDO CARAMURU

Fernando Caramuru é um sujeito simpaticíssimo que conheci quando ele ainda era o diretor de um colégio que ficava bem em frente à nossa casa e onde minha mulher dava aulas de português. Já naquela época, no início da década de 1970, os alunos eram aquele aborrecimento que só os que moram nas proximidades de um colégio conhecem (creio que hoje está pior). Por isso, em virtude das aporrinhações da meninada (ovos, bombas, correria, gritaria, etc.), eu dizia que ele era "meu melhor inimigo" ou "meu inimigo predileto", não me lembro mais. E ríamos dessa idiotice.

Já disse umas mil vezes que minha mulher é uma das pessoas mais inteligentes que conheço, dona de uma inteligência muito superior à minha - que (como diria o Gilmar Mendes), "modéstia às favas", é bem "boazinha". Pois bem, minha mulher tinha e tem a maior admiração por esse cara. Lógico que eu só poderia sentir respeito por ele. Fazendo uma auto-citação, eu só sinto respeito pela Inteligência.  Mas havia ainda mais algumas coisas com o Caramuru: ele é um grande, um excelente educador, uma pessoa de quem, instintivamente, você quer ter por amigo. Incrivelmente simpático, muuuito culto, dono de uma linguagem refinadíssima e... poeta! E dos bons!!!

Hoje o colégio não mais existe, mas tenho a sorte e a alegria de tê-lo como amigo de Facebook (só isso já faria ter valido a pena de criar um perfil nessa rede), o que me permite ler alguns poemas que posta de vez em quando. E este é um deles.

Curiosamente, como talvez se lembrem meus 2, 3 leitores, já tive vontade de escrever um texto sobre meus medos, sobre o impacto e os efeitos que o Medo causou em minha vida. Apesar de já ter até um título escolhido ("Sob o domínio do medo"), desisti. O que foi positivo, pois eu não teria a competência de criar um texto à altura deste magnífico poema do meu amigo de Facebook e meu inimigo predileto Fernando Caramuru. Olha que maravilha! 



quarta-feira, 5 de julho de 2017

sábado, 1 de julho de 2017

"INOCENTE, PURO E BESTA"

Meu irmão é quase três anos mais velho que eu. Até ele se casar (casou-se um ano antes de mim), fomos sucessivamente companheiros de quarto, parceiros de brincadeiras, amigos, confidentes, companheiros de programas de índio e, no final, apenas amigos e companheiros de quarto. Nos 23 anos de convívio diário, ele foi simultânea ou sucessivamente meu mentor, tutor, ídolo, líder, incentivador e, em certos aspectos, até rival.

Sendo mais velho, mais proativo e recusando-se a viver uma vida de merda que a nossa indigência financeira asseguraria tranquilamente, sempre me chamava e estimulava a fazer coisas que ele considerava interessantes, benéficas ou necessárias. Como, por exemplo, sair do do bairro onde morávamos e frequentar outros lugares. Convenceu-me também a aprender a nadar, a ficar sócio contribuinte de um clube que tinha uma piscina infecta, a fazer curso de inglês, a fazer terapia e a não fazer faculdade de teologia (“você pensa em viver de quê? Quer virar padre?”).

Como ele estudava engenharia química, escolhi também fazer esse curso. Quando resolveu trocar para engenharia civil (perdendo um ano de estudo nessa brincadeira), mudei-me de “mala e cuia” para o mesmo curso. Hoje, não nos falamos mais - e nunca mais nos falaremos -, mas continuo sentindo o mesmo carinho e amor fraterno que sempre tive por ele, continuo a incluí-lo em minhas orações. Mas o assunto não é terapia, o assunto é sleeping bag, ou memórias relacionadas a isso.

A partir dos anos cinquenta (no século XX, lógico) os alunos da Faculdade de Medicina da Federal começaram a fazer um show anual com o título óbvio de “Show Medicina”. Como nunca fui a nenhum deles, sempre acreditei que esses espetáculos amadores teriam surgido no final da década de 1960. Na provinciana BH eram apresentações badaladas e concorridas, divulgadas nos jornais, talvez com sketches humorísticos ou paródias musicais focadas na profissão de médico. Certamente eram desfiles de egos inflados, de vaidades exacerbadas e de canastrice indiscutível. Mas isso não importa.

O que importa mesmo é saber que em 1970 algum lunático do Diretório Acadêmico (muito provavelmente) ou da diretoria da escola (pouco provável) entendeu ser interessante ou necessário que os alunos de engenharia também fizessem um show (talvez para “marcar território”), um espetáculo que atestasse a importância da profissão, ou outra razão qualquer - um “Show Engenharia”.

Só fiquei sabendo que meu irmão estava envolvido nesse projeto no final do mês de junho, quando comunicou que iria participar do Festival de Inverno em Ouro Preto. Aliás, ele e mais alguns alunos, que fariam cursos de teatro, cinema ou qualquer outra coisa que pudesse ser aplicada ao futuro show. E lá se foi ele.

Quando faltava uma semana para o festival acabar, meu irmão ligou perguntando se eu não queria ir para Ouro Preto e aproveitar esses últimos dias. Diante da minha surpresa e recusa inicial, comentou que já tinha tudo esquematizado: eu dormiria na república de um sujeito que tinha conhecido e almoçaria no bandejão da UFOP usando os vales-alimentação de participantes que já estavam deixando a cidade. Se topasse o convite, era só descolar um sleeping bag emprestado, juntar alguma roupa e comprar a passagem.

Fazia apenas três meses que eu e minha mulher estávamos novamente namorando (depois de ficar separados durante um ano muito dolorido para mim). Eu estava no máximo da paixão por ela, mas resolvi mesmo assim aceitar o convite. Peguei um saco de dormir emprestado e me mandei para lá. Não me lembro mais de alguns detalhes, de como encontrei meu irmão (ou ele a mim). Creio que cheguei perto da hora do almoço e fiquei na porta do refeitório à sua espera, provavelmente já com fome. Mas tudo ocorreu como ele imaginara e aí foi só ficar na agradável vagabundagem que a cidade e o festival proporcionavam e estimulavam.

Como ele estava fazendo seu curso durante todo o dia, eu ficava perambulando pela praça central tentando descobrir algum evento de que pudesse participar sem ser aluno. Vi filmes de arte, uma aula-concerto com o maestro Sérgio Magnani e assisti ao ator global Paulo Goulart interpretando o monólogo "", sobre um sujeito que fica preso no banheiro da empresa. Conversei também com todo tipo de maluco-beleza (ou não) que ficava ali pela praça.

Sobre a aula-concerto, lembro-me que foi dada em uma das igrejas da cidade e tratava da evolução da música. Ao teclado do órgão da igreja, o maestro foi mostrando a crescente complexidade dos acordes, enquanto falava de dissonâncias, de música dodecafônica, atonal e sei lá mais o que. Como sempre gostei de música, aquilo foi uma festa para mim. E de graça!

Só nos horários das refeições é que me encontrava com meu irmão, já enturmado com seu grupo. Ele era tão careta quanto eu e, até onde sei, nunca experimentou nenhuma droga, exceção feita às meninas que namorou. Embora fosse um sujeito bem aparentado e de olhos azuis (ao contrário de mim, mal acabado e magricela), só pegava tranqueira, meninas sistematicamente feias ou barangas. Mas essas, apesar de não recomendáveis, eram lícitas.

Pois bem, à noite, eu tinha de me virar por conta própria para encontrar alguma diversão. Eu não queria e nem pensava em trair minha namorada. Por isso, quando não havia nada para assistir, restava-me ir aos bares convencionais e boates de república para passar o tempo. Como não tinha dinheiro nenhum, ficava só olhando e conversando com gente estranha e/ou alternativa, divertindo-me em ouvir e falar aqueles papos-cabeça da moçada solitária como eu mesmo.

Quando me cansava daquilo tudo, já tarde da noite, ia solitariamente caminhando para a tal república onde estava dormindo. Passava por ruas absolutamente desertas, com seus muros de pedra centenários cobertos de musgo, de onde às vezes se via água minando por entre as juntas, lindamente iluminadas por lampiões envoltos em um halo provocado pela neblina da madrugada. Pegava a chave escondida em algum lugar perto da porta, entrava, abria o saco de dormir em algum canto do chão, enfiava-me dentro dele e dormia, às vezes ouvindo vozes e risos femininos vindos de algum quarto onde a diversão ainda acontecia.

Se alguém quiser saber, fiquei uma semana sem tomar banho, pois não tinha levado toalha e nem sei se trocava de roupa. O "casaco de general" que usava, tenho certeza de só tirá-lo para dormir. Isso responde a uma pergunta do Marreta, se eu fui hippie. Não fui, não no significado exato da palavra. No máximo, hippie por uma semana.

Em um dessas noites aconteceu um fato constrangedoramente ridículo, que serve para encerrar este post. Estava de bobeira do lado de fora de um bar muito cheio, quando uma jovem de óculos, obscenamente gorda e tremendamente feia aproximou-se e começou a conversar. Deve ter contado que estava fazendo algum curso e banalidades do gênero. Enquanto conversávamos, chegou um sujeito muito afetado (fresco mesmo), falou com ela qualquer coisa e saiu. Fiquei sabendo que era seu irmão, também ele participante do festival. Lá pelas tantas, depois de jogar mil indiretas e de ficar dando mole, foi direta ao assunto.

Com uma cara de "eu preciso tanto!": perguntou-me se eu queria ser seu cáften.  O quê? Eu? Cáften? Eu conhecia "cafetão", "gigolô", mas cáften era novidade para mim, um sujeito "inocente, puro e besta", como definiria o Raul Seixas. Devo ter agradecido meio constrangido o convite feito mais de uma vez e a gorda se mandou, provavelmente pensando que eu era tão viado quanto seu irmão.

Voltei de Ouro Preto antes de meu irmão, que ficou lá até o encerramento oficial. Quando ele chegou, em sua bagagem havia um cinto de couro semi-artesanal que teria ganho de um ainda desconhecido Ney Matogrosso. Não sei dizer se isso é verdade, pois meu irmão (assim como nosso pai) sempre foi mau fisionomista. Além do mais, os Secos e Molhados só explodiram em 1973, três anos depois daquele festival. Teria meu irmão conseguido se lembrar disso? Pode ser. Talvez tenha até ganho um anel junto com o cinto, mas isso eu nunca saberei. Nem quero.

Mas eu nunca imaginaria que, passados alguns meses, eu também estaria envolvido no primeiro e único, no mambembe, bizarro e de triste lembrança Show Engenharia. Mas essa história eu não conto nem a pau.







MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4