segunda-feira, 17 de julho de 2017

MACARRÃO INSTANTÂNEO

Havia muito tempo que eu não propunha uma “teoria lámen” (aquela que lembra macarrão instantâneo, pois fica pronta em três minutos e o resultado é sempre uma merda). Por isso, mesmo não sendo advogado, resolvi desentranhar uma ideia que estava agarrada na minha cabeça. Mas, antes, preciso contar como ela surgiu.

Durante o carnaval deste ano, graças à minha caracterização de Seu Madruga (pois é...) eu e minha mulher ficamos conhecendo um jovem casal simpaticíssimo, ambos engenheiros, ele e ela vestidos com dólmãs tipo Sergeant Pepper’s, dos Beatles. Conversa vai conversa vem, prometemos nos adicionar como “amigos” no Facebook, o que de fato aconteceu.

Desde então, mando links de música, curiosidades de engenharia e piadas idiotas para o casal. A moça é mais contida nas postagens, mas já deu para perceber que o rapaz tem uma visão mais de esquerda (ela também), pelos compartilhamentos e comentários que faz na rede social. Causou-me um pouco de surpresa essa visão ideológica vinda de um engenheiro civil, pois raros eram (ou são) os colegas de profissão que tinham uma preocupação mais social (o que eu e os colegas queríamos era ganhar dinheiro, enriquecer, montar uma construtora, por aí).

E foi daí que surgiu esta teoria lámenPara mim, as pessoas que se identificam com ideias de direita, com capitalismo, neoliberalismo e afins são pessoas mais pragmáticas, individualistas, mais focadas na busca e obtenção de seus objetivos pessoais. Nesse perfil seriam enquadrados os profissionais de quem se exige alta performance, muita dedicação e conhecimento técnico (ou profissional). Nessa linha estariam as profissões das áreas de exatas e biológicas, notadamente engenheiros, arquitetos, médicos e dentistas, além dos advogados, uma espécie sui generis.

Do outro lado, estariam os profissionais das áreas de ciências sociais e humanas e aqueles ligados às artes e à cultura. No molho de tomate deste caldeirão ideológico boiariam profissionais ligados à educação, cientistas sociais, literatos, psicólogos, atores, cantores e todo tipo de profissional cujas atividades implicam em maior contato e preocupação com interesses e necessidades coletivas, com a população menos favorecida, com o "povão", enfim. Resumidamente, esta é a “teoria lámen” que criei, ancorando a profissão de cada um à sua identificação com essa ou aquela ideologia, a profissão alimentando a visão ideológica, a visão ideológica influenciando a escolha da profissão.

Obviamente, mesmo que instintivamente eu sinta que há alguma lógica nisso, só tenho mesmo a minha própria vivência e experiência profissional para embasar esse raciocínio, que não é absoluto nem se aplica à totalidade dos profissionais de uma mesma categoria. Como tenho mania de fazer conta, resolvi estimar qual o perfil ideológico majoritário dos alunos da UFMG. Primeiro, obtive no site da universidade o número de vagas por curso. Depois, com base na minha teoria miojo, fui identificando cada curso como sendo de direita ou esquerda. 

Nessa hora o método desandou, pois, para simplificar, adotei o critério "binário" (100% esquerda ou 100% direita) para a totalidade das vagas de cada um dos cursos, mesmo sabendo que seria apenas um exercício sem valor, só para passar o tempo. Percebi também que havia cursos que ficariam melhor enquadrados ideologicamente se eu abandonasse a miojo (caso do curso de direito, por exemplo). Para finalizar somei os resultados e calculei o percentual. O resultado mostra que a "Akademia" é majoritariamente de esquerda. E daí?



12 comentários:

  1. Por isso, nunca gostei de miojo - minha mulher adora.
    Acho que me encaixo em duas das categorias tabeladas por você, a de ciências biológicas e a de licenciatura, ambas colocadas como 100% esquerda. Pããããta que o pariu!!! De esquerda, só tenho o uso da mão, para escrever e outras coisas. Só se eu for aquele famoso ponto fora da reta.
    Azarão.

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    1. Você certamente está fora da reta, mas eu apenas simplifiquei o raciocínio. O que eu imaginava ser a tendência majoritária levava a totalidade dos "pontos". Apenas uma curiosidade: seus comentários estão aparecendo nas estatísticas, mas não mais identificados pelo nome do blog. Eu falo isso porque os acessos são tão pucos que sempre via o marreta lá. Que houve?

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    2. Bom, esse comentário em específico apareceu como anônimo porque eu estava deslogado do Marreta, mas acho que em relação às estatísticas tem a ver com a classificação do meu blog na categoria conteúdo adulto.
      Quando um blog é classificado como adulto - andei me informando - o Google também o tira dos seus mecanismos de busca automática, ele não mais aparece em pesquisas aleatórias, só se você souber da existência dele e procurar especificamente por ele.
      Se fosse hoje, por exemplo, nem você nem a J teriam caído de paraquedas no Marreta, não teríamos travado contato. É uma merda, pois uma das coisas mais legais que acho na net é justamente isso, o aleatório.
      Tanto que o número de acessos ao Marreta caiu vertiginosamente depois da censura do Google e de sua retirada dos mecanismos de busca automática.

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    3. Eu, se fosse você, tentaria uma trapaça: postaria só coisas fofinhas, tiraria as imagens e então pediria uma auditoria ao Google. Se eles retirassem a classificação, eu daria um tempo e voltaria com tudo igualzinho. Obviamente, seria um estupro consentido, você teria de vender a alma ao diabo. O único problema é que você não acredita em nada disso.

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    4. Que coisa, não é. Pensando bem nem sei como O Elemento Jota tá lá cretino como sempre e vulgar, mas sem restrições. Pode saber que é aquilo de sempre, só incomoda de verdade o que realmente faz alguma diferença. Marreta em riste, Azarão. Marreta em riste e pau neles.

      "J"

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    5. Já me deram esse conselho, JB, fazer essa maracutaia. Mas, no caso do Marreta, seria impossível, pois o Google não leva em conta apenas imagens, mas também linguagem considerada chula, de baixo calão. Tirar todos os palavrões dos textos do Marreta? Não dá, né?
      Além disso, se tirar todos os elementos proibidos pelo google, ganhar de novo o status de liberado para todas as idades, voltar a postá-los e os implacáveis robots do google descobrirem, aí não tem perdão, aí o google não volta a pôr a tarja de censura, em caso de reincidência, ele elimina automaticamente o blog do ar. O sistema é implacável, inexorável e infalível, JB. Deixemos assim, portanto.

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    6. Faça novo blog em outro hospedeiro e migre suas coisas para lá. "J", acho que no caso do Azarão, o mais certo seria "pau em riste e Marreta neles".

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    7. Kkkkkk De certo isso aí não tem é nada, JB.
      "J"

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  2. Bem interessante a tabela, apesar de que dados os fatos nem sei bem mais o que é esquerda e o que é de direita. Atualmente vejo apenas a divisão entre o todo e o resto, o nosso e o deles. A sua tabela me fez lembrar de muitos conhecidos. Acho que eu nunca conheci um médico de esquerda, na faculdade até as placas de "vire à esquerda" sumiram. Não gosto de divisões conceituais, pra mim, e na minha profissão o sui generis é bem isso. É tudo igual eleição de representante sindical, no fim todo mundo diz que votou na chapa que venceu.
    "J"

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  3. PS: detesto miojo! Ô coisa horrenda.
    PS2: eu sou a minha própria minoria destra porque absolutamente todos a minha volta são canhotos.
    "J"

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    1. Não vou explicar só para não escrever muito, mas o fato é que eu sempre gostei de gente doida, mal encaixada no mundo. Normalmente são pessoas mais divertidas, inesperadas e inteligentes.

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