(Título original
do post: "À DERIVA")
"No começo
foi paixão. O amor chegou depois, trazendo consigo a esperança de muitas
alegrias. Com o tempo, esse amor, mal correspondido, foi se transformando em
decepção, em raiva e tristeza. Como acontece em muitos relacionamentos, houve
uma ruptura, uma separação - que durou pouco! Mas, assim como às vezes acontece
na retomada de antigos relacionamentos, o clima mudou, a espontaneidade deu
lugar a uma atitude desconfiada e uma sensação de estranhamento foi tomando
corpo.
Nesse
ponto, depois de algumas noites mal dormidas e cheias de tristeza decidiu-se
afinal que agora era para valer. Como um dia cantou Gonzaguinha, chegou-se à
conclusão de que não dá mais pra segurar”.
O texto acima foi originalmente escrito para ESTE post, mas por um "fraquejamento" da intenção inicial, foi reciclado no post "ALÍVIO". Mas é isto que está acontecendo agora, neste exato momento, a sensação de que "não dá mais pra segurar". Mesmo que pareça mais uma história de casais que se separam quando a realidade inviabiliza ou mata os sonhos de cada um, o início falava apenas da minha relação com o Blogson, meu alter ego digital.
Propositalmente,
pela minha mania de querer dar duplo sentido às palavras, escrevi esta
introdução como se estivesse descrevendo o divórcio ou separação de algum
casal. Mas os sentimentos descritos são reais, pois este é o penúltimo post a
ser publicado no Blogson, agora sem volta. Ao contrário do post “CODA”,
escrito para ser lido em um dia indefinido a acontecer, este é definitivo,
mesmo que eu me arrependa depois (eu sei que vou me arrepender, mas preciso
"queimar os navios").
Posso citar alguns
motivos para este final acontecer:
- Blog
permanentemente voltado apenas para o próprio umbigo (ou do blogueiro);
- Falta
crescente de inspiração, de imaginação;
- Ausência
de humor. Isso não significa que já houve humor real no blog, mas que até mesmo
esse “humor” sem graça acabou ou está no final;
- Má
qualidade do material escrito, sujeito a todo tipo de vícios de linguagem não
propositais, mas por ignorância mesmo;
-
Irrelevância dos temas escolhidos;
- Baixa
consistência e futilidade das opiniões, considerações e digressões (muitas) que
se encontram nos textos;
-
Desinteresse e displicência cada vez maior na correção dos textos, ao ponto de
tornar cada post uma "obra em aberto", sendo modificada mais de uma
vez depois de divulgada;
- Repetição
viciada de palavras, clichês e expressões, tornando ainda mais pobre o que já
era ruim;
- Tudo na
vida precisa ter começo, meio e fim, tal como na música de mesmo nome. Ou,
como diz sua letra: “a vida tem sons que pra gente ouvir, precisa
aprender a começar de novo”.
Essa soma de
defeitos congênitos ou adquiridos certamente influenciou o número irrisório de
leitores que o blog tem ou já teve. Sinceramente, até eu mesmo fiquei assustado
recentemente, ao acessar o Blogson através de um smartphone. Só
mesmo um louco para ficar lendo aquela gororoba sem graça e sem nada a dizer,
que não encanta e que, se surpreende, surpreende negativamente.
Por isso, ficarei
“eternamente” agradecido aos únicos dois leitores reais do Blogson. Dando nomes
aos boys (na verdade, "an oldman & a girl),
agradeço comovido ao Ricardo, titular do vociferante e injustamente censurado
"A Marreta do Azarão" e à figuraça boquirrota e gente
fina "J", dona do "O Elemento Jota" e às
voltas com suas (des) ilusões amorosas, sempre vertidas em excelentes poemas e
textos. São esses (creio) os dois únicos e renitentes leitores do blog. Isso
prova que tequila e cerveja barata (mas boa) deixam o fígado curtido e imune
até à radiação atômica.
Mas um músico, por
pior que seja, quer ser ouvido e apreciado, mesmo que cante tão feio como o
cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno & Marrone. Da mesma
forma, um ator quer ser visto e aplaudido, ainda que seja um canastrão
irrecuperável tipo Fiuk ou Ricardo Macchi. Nem precisa dizer que o mesmo
acontece com os pintores ou escritores, pois ninguém esbagaça o cérebro
imaginando que não será apreciado ou lido. Como os blogueiros pertencem à
categoria dos escritores, eles também sonham ou desejam que suas viagens
mentais sejam conhecidas e curtidas. Quando têm boa qualidade e coerência de
estilo e até de ideologia, conseguem aos poucos ou rapidamente um público fiel.
Mas, se a goma que escrevem é entremeada de puro lixo, acabam espantando a
"freguesia".
Hoje, creio que
nem meus filhos, irmã, sobrinhos e amigos acessam mais o blog, sinal de que têm
coisa melhor (ou menos pior) para fazer. Mas não estou me queixando disso,
podem acreditar, pois a falta de atratividade do blog é real. Por isso, dando
razão aos "desertores", estou também desertando do Blogson, que a
partir de agora adquire o status de "ruína na selva".
Que mais eu queria
dizer? Ah, sim, pretendo também tentar me afastar da internet. Se conseguir,
tudo bem. Se, de repente, bater aquela vontade de registrar alguma idiotice ou
pensamento vulgar, não será no Blogson que isso acontecerá. Talvez volte a
escrever e-mails, talvez utilize o Whatsapp. Talvez crie um novo blog, acessado
apenas por mim, para servir de arquivo ou "blogoteca".
E agora, para
finalizar de forma definitiva, deixo de brinde um falso poema que comecei a
rascunhar mentalmente há uns quarenta anos ou mais, mas, por nunca tê-lo
acabado, nunca me animei a assumir sua autoria nem a mostrá-lo de forma
explícita para ninguém, nem mesmo para minha mulher, sua musa inspiradora. Como
estou falando do fim do Blogson, creio que poderá ser lido como se tivesse sido
criado para celebrar seu início.
Eu sentia
uma felicidade morna
Daquelas
que se sente ao vestir
Um agasalho
em dias muito frios
Sem que eu
percebesse, você acendeu
E me
mostrou o calor das chamas
E o brilho
intenso das labaredas
E se "todas
as dores ficam menores com pão", todas as despedidas ficam mais
fáceis com música. Para terminar com música, a interpretação do ex-Som
Imaginário Tavito.
Ahhhh JB, "tomar no c..." cê me deixou comovida. Ja disse muitas vezes, mas não custa repetir no caso de gente assim meio cabeça dura (como todos os presentes), a melhor coisa em ter um blog no mundo virtual foi por ironia e definitivamente, as pessoas. Eu que agradeço, de verdade, a amizade e a paciência. Ahh! E você ia se surpreender viu, na vida real eu sou quase uma lady. Os palavrões são para os Vips. Atente, eu disse quase.
ResponderExcluir"J"