quarta-feira, 19 de julho de 2017

ALTERNATE REALITY - 02

(Título original do post: "À DERIVA")

"No começo foi paixão. O amor chegou depois, trazendo consigo a esperança de muitas alegrias. Com o tempo, esse amor, mal correspondido, foi se transformando em decepção, em raiva e tristeza. Como acontece em muitos relacionamentos, houve uma ruptura, uma separação - que durou pouco! Mas, assim como às vezes acontece na retomada de antigos relacionamentos, o clima mudou, a espontaneidade deu lugar a uma atitude desconfiada e uma sensação de estranhamento foi tomando corpo.

Nesse ponto, depois de algumas noites mal dormidas e cheias de tristeza decidiu-se afinal que agora era para valer. Como um dia cantou Gonzaguinha, chegou-se à conclusão de que não dá mais pra segurar”.

O texto acima foi originalmente escrito para ESTE post, mas por um "fraquejamento" da intenção inicial, foi reciclado no post "ALÍVIO". Mas é isto que está acontecendo agora, neste exato momento, a sensação de que "não dá mais pra segurar". Mesmo que pareça mais uma história de casais que se separam quando a realidade inviabiliza ou mata os sonhos de cada um, o início falava apenas da minha relação com o Blogson, meu alter ego digital.

Propositalmente, pela minha mania de querer dar duplo sentido às palavras, escrevi esta introdução como se estivesse descrevendo o divórcio ou separação de algum casal. Mas os sentimentos descritos são reais, pois este é o penúltimo post a ser publicado no Blogson, agora sem volta. Ao contrário do post “CODA”, escrito para ser lido em um dia indefinido a acontecer, este é definitivo, mesmo que eu me arrependa depois (eu sei que vou me arrepender, mas preciso "queimar os navios"). 

Posso citar alguns motivos para este final acontecer:

- Blog permanentemente voltado apenas para o próprio umbigo (ou do blogueiro);

- Falta crescente de inspiração, de imaginação;

- Ausência de humor. Isso não significa que já houve humor real no blog, mas que até mesmo esse “humor” sem graça acabou ou está no final;

- Má qualidade do material escrito, sujeito a todo tipo de vícios de linguagem não propositais, mas por ignorância mesmo;

- Irrelevância dos temas escolhidos;

- Baixa consistência e futilidade das opiniões, considerações e digressões (muitas) que se encontram nos textos;

- Desinteresse e displicência cada vez maior na correção dos textos, ao ponto de tornar cada post uma "obra em aberto", sendo modificada mais de uma vez depois de divulgada;

- Repetição viciada de palavras, clichês e expressões, tornando ainda mais pobre o que já era ruim;

- Tudo na vida precisa ter começo, meio e fim, tal como na música de mesmo nome. Ou, como diz sua letra: “a vida tem sons que pra gente ouvir, precisa aprender a começar de novo”.

Essa soma de defeitos congênitos ou adquiridos certamente influenciou o número irrisório de leitores que o blog tem ou já teve. Sinceramente, até eu mesmo fiquei assustado recentemente, ao acessar o Blogson através de um smartphone. Só mesmo um louco para ficar lendo aquela gororoba sem graça e sem nada a dizer, que não encanta e que, se surpreende, surpreende negativamente.

Por isso, ficarei “eternamente” agradecido aos únicos dois leitores reais do Blogson. Dando nomes aos boys (na verdade, "an oldman & a girl), agradeço comovido ao Ricardo, titular do vociferante e injustamente censurado "A Marreta do Azarão" e à figuraça boquirrota e gente fina "J", dona do "O Elemento Jota" e às voltas com suas (des) ilusões amorosas, sempre vertidas em excelentes poemas e textos. São esses (creio) os dois únicos e renitentes leitores do blog. Isso prova que tequila e cerveja barata (mas boa) deixam o fígado curtido e imune até à radiação atômica.

Mas um músico, por pior que seja, quer ser ouvido e apreciado, mesmo que cante tão feio como o cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno & Marrone. Da mesma forma, um ator quer ser visto e aplaudido, ainda que seja um canastrão irrecuperável tipo Fiuk ou Ricardo Macchi. Nem precisa dizer que o mesmo acontece com os pintores ou escritores, pois ninguém esbagaça o cérebro imaginando que não será apreciado ou lido. Como os blogueiros pertencem à categoria dos escritores, eles também sonham ou desejam que suas viagens mentais sejam conhecidas e curtidas. Quando têm boa qualidade e coerência de estilo e até de ideologia, conseguem aos poucos ou rapidamente um público fiel. Mas, se a goma que escrevem é entremeada de puro lixo, acabam espantando a "freguesia".

Hoje, creio que nem meus filhos, irmã, sobrinhos e amigos acessam mais o blog, sinal de que têm coisa melhor (ou menos pior) para fazer. Mas não estou me queixando disso, podem acreditar, pois a falta de atratividade do blog é real. Por isso, dando razão aos "desertores", estou também desertando do Blogson, que a partir de agora adquire o status de "ruína na selva".

Que mais eu queria dizer? Ah, sim, pretendo também tentar me afastar da internet. Se conseguir, tudo bem. Se, de repente, bater aquela vontade de registrar alguma idiotice ou pensamento vulgar, não será no Blogson que isso acontecerá. Talvez volte a escrever e-mails, talvez utilize o Whatsapp. Talvez crie um novo blog, acessado apenas por mim, para servir de arquivo ou "blogoteca".

E agora, para finalizar de forma definitiva, deixo de brinde um falso poema que comecei a rascunhar mentalmente há uns quarenta anos ou mais, mas, por nunca tê-lo acabado, nunca me animei a assumir sua autoria nem a mostrá-lo de forma explícita para ninguém, nem mesmo para minha mulher, sua musa inspiradora. Como estou falando do fim do Blogson, creio que poderá ser lido como se tivesse sido criado para celebrar seu início.

Eu sentia uma felicidade morna
Daquelas que se sente ao vestir
Um agasalho em dias muito frios

Sem que eu percebesse, você acendeu
E me mostrou o calor das chamas
E o brilho intenso das labaredas

E se "todas as dores ficam menores com pão", todas as despedidas ficam mais fáceis com música. Para terminar com música, a interpretação do ex-Som Imaginário Tavito.


Um comentário:

  1. Ahhhh JB, "tomar no c..." cê me deixou comovida. Ja disse muitas vezes, mas não custa repetir no caso de gente assim meio cabeça dura (como todos os presentes), a melhor coisa em ter um blog no mundo virtual foi por ironia e definitivamente, as pessoas. Eu que agradeço, de verdade, a amizade e a paciência. Ahh! E você ia se surpreender viu, na vida real eu sou quase uma lady. Os palavrões são para os Vips. Atente, eu disse quase.
    "J"

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