sexta-feira, 17 de junho de 2016

REISER - JEAN-MARC REISER

Minha reverência (extremamente respeitosa) de hoje é para o desenhista de humor Reiser. Melhor dizendo, Jean-Marc Reiser. Eu o descobri através da revista O Grilo, publicada no Brasil no início da década de 1970. Seu traço era tosco, grosseiro, inacabado, mas com um humor fantástico.

Graças à internet, fiquei sabendo que foi um dos fundadores da Hara-Kiri, revista de humor que depois de ser suspensa por fazer piada com a morte de Charles de Gaulle, mudou o nome para Charlie Hebdo (pelo que se vê, o pessoal pegava pesado desde sempre). Reiser era francês e morreu de câncer em 1983, com 42 anos, muitos anos antes de seus colegas de redação serem barbaramente assassinados por psicopatas fundamentalistas.

Descobri também que tinha um desenho muito mais hardcore e sacana do que eu poderia imaginar. Talvez pelo fato de os desenhos aqui divulgados serem mais bem comportados, pois estávamos em plena vigência da censura prévia aos meios de comunicação. Mesmo que o Grilo fosse uma publicação quase que só para iniciados, imagino que o pessoal da revista não quis correr riscos.

Independente de serem mais "certinhos", os desenhos do Reiser publicados no Brasil eram geniais. Mas  em uma exposição de suas obras no Centro Pompidou em 2004, havia um cartaz logo na entrada, com o seguinte aviso: "Cuidado! Algumas das imagens expostas podem ferir os sentimentos de vários visitantes."

Segundo a versão francesa da Wikipédia, o cartunista pediu que as mulheres fossem ao seu enterro usando cinta-liga e sem calcinha. O Google não conseguiu traduzir uma palavra (enjambassentque teria dito, mas, pelo que intuí, as mulheres assim vestidas (ou despidas) deveriam “montar a cavalo” no seu túmulo ou passar por cima. 

Caso alguém se interesse, a frase original é le dessinateur aurait demandé à ce que les femmes viennent à son enterrement en porte-jarretelles et sans culotte et qu'elles enjambassent sa tombe.

Esse pedido sacana me fez lembrar do comentário de uma conhecida em um velório, quando disse que desejava ser cremada, só "para queimar pela última vez".

A historinha hilariante de dois ratos sacanas e um sujeito apalermado que escolhi para homenageá-lo está, infelizmente, pouco nítida, pois o pessoal do Grilo tinha a mania de usar na mesma página cores em diferentes tonalidades (coisa de bicho-grilo), fazendo com que os desenhos ficassem esmaecidos em alguns pontos. Tentei mudar para preto e branco mas ficou pior. Mesmo assim vale a pena, pelo non sense da situação. Espero que gostem.

                   









Um comentário:

  1. Bem legal JB, não conhecia. Fiquei até interessada em saber mais, qualquer hora dessas vou procurar mais a respeito.
    "J"

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4