Outro dia, remexendo em uma caixa cheia de papeis antigos, minha mulher encontrou uma folha de caderno com algumas anotações rascunhadas. Nela, um poema escrito quando devia ter uns vinte anos. Sem nenhum entusiasmo, entregou-me a folha e disse para rasgar e jogar fora depois que lesse – se eu quisesse ler. Não rasguei nem joguei fora, sentei-me em frente ao velho desktop e copiei os versos tratados com tanto desinteresse, já pensando em publicá-los no Blogson, pois gostei demais de sua aparente simplicidade (além disso, creio que o “ele” era eu). Como não havia um título, escolhi o que me pareceu mais coerente. E ela continuou com a iidentidade preservada.
Sim, amar exige cuidados
Sim, amar é um dilema
Será que vale a pena?
Sim, se ele não é seu amigo
Sim, amar é perigoso
Se ele é enganoso
Ele acha isso besteira
Fingimento é um castigo
Você não sabe se isso é aquilo
Você é tão maneira
Se ele não está com nada
Você tem que estar centrada
Quem sou eu para discordar do autor da obra, mas eu acho que esse "ele" não era você, era um outro, pelo qual a jovem donzela em questão possa tê-lo preterido. O poema me pareceu um conselho "mui amigo" e totalmente desinteressado seu para que ela largue do outro, dele.
ResponderExcluir"Você é tão maneira
Se ele não está com nada
Você tem que estar centrada"
Parece-me aquele velho clichê : você é boa demais para ele, você merece coisa melhor.
Claro, eu posso, e geralmente estou, estar enganado.
talvez você tenha razão, talvez não. Lá no início do namoro eu não era um modelo de comprometimento e até de fidelidade. Mas isso foi em 1970, por aí.
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