domingo, 12 de setembro de 2021

COCADA

 
Como todos sabem, eu sou chegado em uma frase bem engendrada (“todos”, no caso, seriam três ou quatro amigxs virtuais que ainda têm saco de ler o que escrevo. E “saco” é usado apenas em sentido figurado – ou figurativo, vá saber!). Justamente por isso já povoei este blog meia boca com frases célebres e outras nem tanto assim, pois essa é uma forma barata de enrolar o leitor do Blogson. Por exemplo, quem nunca ouviu falar da frase “Até tu, Brutus?” Pode até pensar que é uma frase dita com irritada afetação por algum gay a seu bofe, mas que já ouviu, isso já!
 
Pois bem, há frases tão marcantes que são definidoras de uma época, pessoa, caráter, ou o que quer que se imagine – até mesmo a permanência em um emprego. Uma das frases de que mais gosto é "Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são", colocadas pelo Mário de Andrade na boca de seu personagem Macunaíma.
 
Há aquelas grandiloquentes, do tipo “Do alto dessas pirâmides quarenta séculos vos contemplam”, ditas por Napoleão Bonaparte. Algumas são revestidas da mais sombria dramaticidade: “Não tenho nada a oferecer a não ser sangue, trabalho, lágrimas e suor”, dita em 1940 por Sir Winston Churchill ao tomar posse como primeiro ministro (ele era muito foda!).
 
Há aquelas que servem para sinalizar que tipo de caráter tem quem as disse (“Foram quatro homens. A quinta eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher”). Outras, de aparência inocente, podem até definir o futuro de alguém, como esta, de autor desconhecido: “Só vou por a cabecinha”.
 
Mas estou enrolando um pouco só para contar um caso hilário que uma conhecida uma vez presenciou. Enquanto ainda estava na faculdade, essa amiga trabalhou em uma clínica focada na realização de checkups de executivos de grandes empresas.
 
A equipe dessa clínica era formada por cardiologistas, clínicos e profissionais de outras especialidades médicas. O único urologista era um médico extremamente tímido, calado e discreto. Os relatórios que passava para minha amiga datilografar eram entregues com as anotações viradas para baixo, para não expor a qualquer um os dados dos exames de toque realizados.
 
Um dia, provavelmente perto do fim de ano, antes de ir a uma festa de confraternização dos funcionários da clínica, esse sujeito foi primeiro a encontro de conterrâneos (ele era do interior) ou ex-colegas e encheu a cara, como é normal acontecer. Ao chegar à clínica já estava chapadaço. Talvez, para sacanear, o cardiologista ficou a festa toda pedindo para que ele dissesse o porquê de seu apelido:
- “Diz ai pro Fulano por que seu apelido é 'Ronaldo' Cocada!” E o bêbado respondia na lata:
- Como cu e dou porrada!”
 
Depois da celebração e da ressaca curada o “Cocada” pediu demissão - por telefone! – e nunca mais ninguém o viu. E se você quiser saber o que eu penso disso, a única coisa que posso dizer é que ele jamais pôde ser acusado pelos colegas de divulgar propaganda enganosa.

 

 

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