Já falei sobre isso mas vou falar de novo.
Imagino que desde o momento em que os primeiros humanos olharam para o céu
estrelado (que devia ser lindo naquela época!) e se perguntaram o que significavam
aqueles zilhões de pontos luminosos pendurados na noite escura, ou sentiram
medo de fenômenos naturais (um raio destruindo uma árvore, terremotos, trovões,
relâmpagos, ciclones e o escambau), ou tristeza e dor pela perda de familiares
abatidos por doenças que não entendiam, provavelmente concluíram que se as
respostas não estavam entre eles certamente estariam em entidades ocultas ou
invisíveis a seus olhos amedrontados, talvez morando em lugares desconhecidos,
misteriosos, secretos ou inatingíveis.
Esta introdução é uma síntese de tudo o que li ou pensei sobre isso. Obviamente, se havia um poder tão destruidor assim provavelmente deveria haver o seu inverso, um poder regenerador, protetor, curativo. Para se beneficiar desse lado positivo - ou se precaver contra o lado negativo - nada como uma puxadinha de saco, uma barganha, uma troca, uma submissão total aos detentores dessa força. E a consequência imediata foram os amuletos, as oferendas, os sacrifícios e as pinturas em cavernas, logo seguidas por imagens, esculturas, altares e templos.
Um dos meus filhos é ateu convicto e às vezes conversamos sobre isso. Ao contrário dele, normalmente eu defendo o papel benéfico das crenças religiosas ao longo da história humana (não precisa me lembrar do papel danoso da religião em muitas ocasiões, ok?). E uma dessas “utilidades” é servir de refúgio, conforto e esperança quando tudo mais está ruindo à nossa volta.
No início da década de 1970, graças a um convênio da UFMG com alguns psicólogos e terapeutas, fiz dois anos de terapia individual (divã) e de grupo na linha freudiana (psicanálise), onde gastava meu salário mensal de estagiário para pagar as quatro sessões mensais (“baratinho”...). Um dia o psiquiatra (fodástico!) comentou sobre o papel terapêutico da oração e da confissão ao longo da história humana e antes do surgimento das teorias e práticas psicanalíticas. Achei fabulosa essa ideia de uma "proto-terapia" baseada na fé.
Hoje, matutando sobre isso, me ocorreu que além da confissão auricular católica ainda em uso e dos "milagres" que acontecem a rodo nas igrejas evangélicas, os manuais, livros e palestras de auto-ajuda são outra forma econômica de “terapia”.
Esta introdução é uma síntese de tudo o que li ou pensei sobre isso. Obviamente, se havia um poder tão destruidor assim provavelmente deveria haver o seu inverso, um poder regenerador, protetor, curativo. Para se beneficiar desse lado positivo - ou se precaver contra o lado negativo - nada como uma puxadinha de saco, uma barganha, uma troca, uma submissão total aos detentores dessa força. E a consequência imediata foram os amuletos, as oferendas, os sacrifícios e as pinturas em cavernas, logo seguidas por imagens, esculturas, altares e templos.
Um dos meus filhos é ateu convicto e às vezes conversamos sobre isso. Ao contrário dele, normalmente eu defendo o papel benéfico das crenças religiosas ao longo da história humana (não precisa me lembrar do papel danoso da religião em muitas ocasiões, ok?). E uma dessas “utilidades” é servir de refúgio, conforto e esperança quando tudo mais está ruindo à nossa volta.
No início da década de 1970, graças a um convênio da UFMG com alguns psicólogos e terapeutas, fiz dois anos de terapia individual (divã) e de grupo na linha freudiana (psicanálise), onde gastava meu salário mensal de estagiário para pagar as quatro sessões mensais (“baratinho”...). Um dia o psiquiatra (fodástico!) comentou sobre o papel terapêutico da oração e da confissão ao longo da história humana e antes do surgimento das teorias e práticas psicanalíticas. Achei fabulosa essa ideia de uma "proto-terapia" baseada na fé.
Hoje, matutando sobre isso, me ocorreu que além da confissão auricular católica ainda em uso e dos "milagres" que acontecem a rodo nas igrejas evangélicas, os manuais, livros e palestras de auto-ajuda são outra forma econômica de “terapia”.
Fazendo uma analogia com o mundo da moda, poderia dizer que os diversos
tipos de psicoterapia criados por Freud, Jung, Lacan e companhia são uma
espécie de "haute couture"
para a compreensão e cura de problemas emocionais e existenciais. E custam caro pra burro. Já os livros, compêndios, palestras e
receitas de auto-ajuda do tipo "Eu
estou OK, você está OK", “Como fazer amigos e influenciar pessoas”,
“Como evitar preocupações e começar a viver”, “Quem mexeu no meu queijo?”
seriam no máximo o "pret-a-porter"
para a mesma finalidade. Ou, até mesmo, "modelitos" vendidos na 25 de março ou no Saara. Funcionam? Bem, pelo menos para quem os
escreveu a resposta é “Sim”.
Mesmo que eu cumpra ordens e obedeça as leis, tenho alguma dificuldade em seguir normas, fruto talvez de uma espécie de descrença ou rebeldia congênita. O máximo que consigo é achar bacanas as receitas para alcançar esse ou aquele objetivo. É por isso que eu digo que a melhor auto ajuda que conheço é aquela a que se tem direito quando se contrata um seguro de "auto móvel". Carro enguiçou? Ligue para a seguradora e peça um reboque. Bateria arriou? Acione a seguradora e peça ajuda. Essa funciona!
Mesmo que eu cumpra ordens e obedeça as leis, tenho alguma dificuldade em seguir normas, fruto talvez de uma espécie de descrença ou rebeldia congênita. O máximo que consigo é achar bacanas as receitas para alcançar esse ou aquele objetivo. É por isso que eu digo que a melhor auto ajuda que conheço é aquela a que se tem direito quando se contrata um seguro de "auto móvel". Carro enguiçou? Ligue para a seguradora e peça um reboque. Bateria arriou? Acione a seguradora e peça ajuda. Essa funciona!
já li muita auto ajuda
ResponderExcluire me ajudou bastante quando eu precisava começar a pensar sobre certas categorias
por exemplo: uma vez li um livro sobre como conquistar mulheres e os conselhos dos caras me ajudaram a obter relacionamentos rápidos
realmente é uma leitura bem rasa, mas q pode ajudar
lembro que um dos vários conselhos dos caras era sobre higiene - o que é bem óbvio mas vejo muito cara ogro sem a mínima noção
mas nunca vou creditar "milagres", riqueza e felicidade a livros de auto ajuda
aí é demais
Disse tudo! Como já deve ter lido aqui, eu li um baú inteiro da revista Seleções do Reader's Digest no início da adolescência. Como era tímido, inseguro e zero traquejo, ficava tentando achar algum artigo que ensinasse como beijar. Coisa de super idiota, concorda? Comecei a ler o "Como fazer amigos e influenciar...", mas essas leituras embora possam ajudar de forma puntual (como cumprimentar as pessoas, etc.), te deixam bitolado e artificial. Além do mais, se você tem muma neurose incapacitante o melhor a fazer é buscar ajuda especializada (eu fiz isso).
Excluir"Um dos meus filhos é ateu convicto " a maioria dos ateus é ateu até o dia em que se sente dor demais (psicológica ou física), hehe
ResponderExcluirEu já fiquei muito puto quando descobri que um sujeito que tocava orgão na igreja e que participava do movimento de jovens da paróquia tinha se tornado ateu. Mas a inteligência dele é tão brilhante que hoje quem está beirando o ateismo sou eu. Eu mudaria, mas duvido que ele mude, pois suas convicções são muito serenas (meus filhos são infinitamente melhores que eu). E, para fechar, este post foi escrito só para zoar mesmo. Abraços.
ExcluirEsse é o sonho de todo crente : que o ateu se foda de tal maneira que seja "obrigado" a recorrer ao mesmo tipo de fraqueza que ele (crente), ou seja, o tal do deus. Um sonho vão, garanto. Patético, até.
ExcluirE o que o psicopicareta disse a respeito do poder "terapêutico" da oração não tem nada de surpreendente : a Bíblia foi o primeiro livro impresso de autoajuda.
Livros de autoajuda podem ajudar? Sem dúvida que podem! Ajudar a rechear a conta bancária de quem os escreve e a esvaziar a do manés que os compram.
Para mim, a coisa sempre foi clara : se um sujeito precisa ler um livro de autoajuda (escrito por outro), tá na cara que ele não é capaz de se autoajudar.
"Esse é o sonho de todo crente " não é o meu sonho.
Excluirvai acontecer com todo mundo na maioria dos casos: um cancer, ou uma morte na família ou a desilusão com a vida ou depressão etc
no passado, os cientistas simplesmente defendiam que micróbios não existem. com a criação do microscópio nossa visão foi alargada
somos micróbios perto do quase infinito do universo. creio que é muita arrogância declarar que Deus não existe.
a maioria de nós mal entende conceitos de Física, mas muitos estão preparados para garantir a inexistência divina
" se um sujeito precisa ler um livro de autoajuda (escrito por outro), tá na cara que ele não é capaz de se autoajudar." - no meu caso foi diferente: livros de autoajuda me ajudaram, mas nunca vou creditar "milagres", riqueza e felicidade a livros de auto ajuda