sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

TANTO RISO, QUANTA ALEGRIA!

O Carnaval é meio que parecido com porres homéricos (aliás, tem tudo a ver), pois, depois que passa, ninguém aguenta nem lembrar. Mas isso é apenas o final de um ciclo - e o início de outro. O estranho é que o antigo tríduo momesco só termine na prática com o "desfile das campeãs", sempre realizado no sábado de Aleluia (hoje em dia, existem os que preferem substituir "aleluia" por "uhu!"). Não sei por que, mas essa calmaria existente entre a terça-feira gorda e o sábado sempre me lembrou o que se poderia chamar educadamente de "coitus interruptus".

Por isso, por estarmos neste intervalo entre a zorra total (não estou me referindo àquele programa sem graça) e o recrudescimento da "alegria" do desfile das campeãs, permito-me fazer algumas divagações sobre as escolas de samba tipo ostentação do Rio e de São Paulo. Vamos lá: 

- Uma ou duas semanas antes do Carnaval, os programas de auditório da Globo tratam quase que exclusivamente dos desfiles de escola de samba (cariocas). É como se não existissem outras formas de "folia" no Brasil. Ou como se existissem apenas as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. E tome samba-enredo, puxador, passistas e núcleos de bateria na telinha todo dia, suficientes para fazer o Ismael Silva até girar na sepultura.

- Durante um desfile de escola de samba, tirando os passistas, quase ninguém samba - e nem estou falando dos destaques dos carros alegóricos. Duvida? Saca só: 
a) a ala das baianas, quando não está se arrastando sob o peso daquelas roupas, só sabe girar, em uma tentativa inconsciente de provocar uma labirintite; 
b) mestre-sala e porta-bandeira só dançam uma espécie de balé ou dança tribal; 
c) existe ainda um pessoal que anda na avenida para lá e para cá com cara de leão de chácara e que nunca samba ou canta. Só falta carregar um chicote;
d) os puxadores de samba e os componentes da bateria também não sambam. Aliás, nunca é demais notar que os sambas-enredo deveriam ser classificados como "marcha-enredo", pois aquele ritmo meio militar é mais adequado para que as pessoas marchem na avenida;
d) sobram os integrantes das diversas alas, mas nem esses sambam de verdade, pois passam a maior parte do tempo "marchando" ou arrastando-se pela avenida. Essa situação só se altera quando passam perto de uma câmera de TV; aí, dão aquela sambadinha básica, só no sapatinho, só para mostrar que conhecem, mesmo que os passos tenham sido aprendidos em academia ou coisa parecida (e aproveitam para fazer coraçãozinho com as mãos), mas falta-lhes o fôlego necessário para continuar assim. Se sambassem mesmo durante todo o desfile, nem precisariam fazer dieta, cirurgia bariátrica ou aulas de spin em academias. Ninguém aguentaria! (nem eu).

- Aliás, se eu fosse um graudão da associação das escolas de samba, me empenharia em fazer um DVD só com os carros alegóricos e com as comissões de frente (estou falando no sentido literal, tá bom?), pois são as únicas coisas em que a criatividade rola solta. Como bônus ou extra, apresentaria uma fantasia de cada ala das escolas e estaria bom demais.

- Imagino que 80% das próteses de silicone colocadas no Brasil desfilam nas escolas de samba do Rio e São Paulo. Se não em total de unidades, pelo menos em volume (ml).

Eu ia falar mais alguma coisa sobre os quesitos e as notas das escolas, mas encheu o saco. Chega, deixa o ciclo se fechar.


4 comentários:

  1. Porra JB, eu só consegui imaginar uma ala das siliconadas: quesito ml, nota dezzz!
    "J"

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    1. Não iria funcionar! Se viessem em bando, o desfile atrasaria só para poderem ser filmadas e fotografadas de forma isolada.

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  2. Não sei se você sabia disso ou se foram seus apurados instintos e poderes de observação que notaram essa particularidade dos desfiles de escolas de samba se assemelharem a paradas militares. Qualquer semelhança nunca é mera coincidência, meu amigo. Esse formato de desfile, organizado em alas, com sincronia perfeita, com tempo estabelecido e sempre versando e exaltando as belezas naturais e os talentos tupiniquins, foi definido, ou, melhor, encomendado por Getúlio Vargas. Se quiser ler mais sobre o assunto, acesse o livro O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil:
    https://agendadasbugigangas.files.wordpress.com/2011/05/leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil.pdf

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    1. Eu já li esse livro mas nem me lembrava disso. O que eu me lembrei foi de um comentarista da Globo em algum desfile passado, quando disse que determinado samba-enredo estava mais para marcha que para samba. Além disso, o comentário sobre as alas é real. O que os componentes mais fazem mesmo é pular ou marchar. Imagino que o motivo disso é que vem muita gente estranha ao samba, só querem desfilar para depois dizer que estiveram lá.

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